Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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sábado, julho 23, 2005

O Mundo em Guerra

Custa a escrever mas o mundo está em guerra. Não é em guerra contra a fome, contra a pobreza ou contra a exclusão seja ela de qualquer tipo. É em guerra tout court. Exércitos, armas, mortes, prisioneiros de guerra. É a guerra no seu sentido literal e triste. Porém, se os Estados Unidos deram um novo alento com o uso de tecnologias de ponta aquando da Guerra do Golfo, com o objectivo de diminuir o número de baixas em combate, actualmente, assistimos a uma nova era: soldados invisíveis contra civis, usando o seu próprio corpo como arma de destruição em massa. O terrorismo islâmico é o inimigo que assombra os países livres e democráticos. Contra eles uma só resposta: luta sem tréguas em nome dos nossos ideais e dos nossos valores.
Todos nós ainda temos e teremos nas nossas mentes as imagens dantescas dos atentados de 11 de Setembro em Nova Iorque. Tanto sangue já foi derramado desde essa data. Mas a situação pouco evoluiu em nosso favor. Os atentados multiplicam-se. Agora, o terreno propício a esta batalha cobarde é a Europa. Madrid, Turquia e mais recentemente Londres. Nenhum país se pode considerar livre do perigo de um homem suicida “se arrebentar” numa estação de Metro. Nem mesmo Portugal. Afinal, para eles, somos todos infiéis.
Com o tempo, algumas vozes tentam justificar os actos horrendos destes auto-proclamados soldados de Alá. A pobreza fomenta o desespero e alimenta os actos terroristas. A hegemonia americana provoca o ódio dos países do médio oriente e não só. A globalização é a causa principal do distanciamento cada vez maior entre os países ricos e pobres. Chega-se ao ponto de sugerir uma espécie de negociação com os terroristas para, talvez, satisfazer algumas das suas revindicações. Condenam-se os atentados e acrescenta-se um “mas” para explicar indirectamente que “a pior culpa não é dos terroristas mas daqueles que eles afirmam combater”.
Com as investigações policiais, verifica-se que esses bombistas são pessoas da classe média, média baixa – outros riquíssimos como Bin Laden –, alguns deles perfeitamente integrados na sociedade. Por isso, a tese do menino pobre cai por terra. Pobre é aquele que vai de Metro para o emprego para ganhar o pão e acaba soterrado, despedaçado e depois enterrado no total anonimato, constando apenas das estatísticas sobre vítimas de atentados. Prefere-se dar mais relevo às fotos dos terroristas a entrarem na estação com a mochila para os transformarem em heróis póstumos.
Em Portugal, o Bloco de Esquerda opõe-se veementemente à missão dos militares portugueses no Afeganistão e exige o seu regresso imediato. Para este partido, a missão é essencialmente de cariz militar e não humanitária. Os bloquistas não percebem que, nesta nova guerra não convencional, ninguém está a salvo, nem as ONG por mais boas que sejam as suas intenções. Doravante, qualquer missão humanitária nestes países tem de ser escoltada por forças altamente especializadas na detecção de bombas e de combate ao terrorismo. A missão dos militares portugueses é nobre e justa porque sem eles nenhum avião de cargas contendo medicamentos, alimentos poderia aterrar com todas as condições de segurança.
Todos nós temos os nossos defeitos. O ocidente, no qual nos englobamos, fez muito mal à humanidade ao longo da história. Não é novidade, basta ler os livros de História. Mas entre a sociedade livre que construímos e a sociedade que estes bárbaros querem impor não há escolha possível.

terça-feira, julho 05, 2005

A verdadeira oposição ao governo

Um governo com maioria no Parlamento Nacional obriga a oposição a redobrar o seu poder de controlo e de fiscalização das actividades governamentais. Um governo de maioria, com o tempo, tem tendências a ficar mais arrogante e menos aberto à discussão política, que é sempre profícua num regime democrático como o de Portugal.
Apesar do actual governo ter pouco tempo de vida, a contestação partidária e, sobretudo, social apresenta índices preocupantes. O governo já mostrou algum sinal de nervosismo com algumas trapalhadas que só eram conhecidas do governo de Santana Lopes. Citam-se alguns exemplos como a falta de conhecimento da Ministra da Educação em termos da extensão geográfica da república e o orçamento rectificativo rectificado. A oposição tinha argumentos suficientes para estabelecer um combate duro. No entanto, o maior partido da oposição – o PSD – anda atarefadíssimo com os seus quadros rebeldes para as eleições autárquicas. Os outros partidos fazem aquilo que chamo de “oposição do óbvio”: dizem sempre não, estão sempre contra, porque todas as medidas que o governo toma é contra os trabalhadores. Uma oposição assim, pouco criativa, não interessa ao país.
O que vale é a Comunicação Social, nomeadamente a imprensa escrita. O lapso do défice, que afinal é mais baixo algumas décimas, a publicação num jornal de uma investigação que mostra um buraco na lei que vai permitir a meio milhão de português de passar férias por um mês ao abrigo das eleições autárquicas são sinais recentes e positivos que algumas pessoas não dormem ou não se conformam com o país que temos e, contra esta passividade, actuam.
Tornou-se demasiado fácil e cómodo para os políticos chegarem aos debates parlamentares, lerem os jornais matutinos e servirem-se deles para atacar o governo. Uma grande parte das interpelações ao Governo é baseada nas manchetes de jornais. É uma situação lamentável. Os deputados têm acesso a todo o tipo de documento, têm secretários a fazer o trabalho mais difícil, têm assessores dos respectivos partidos, sem falar nos conhecimentos que possuem, mas são sempre os últimos a saber dos escândalos políticos.
Talvez os jornalistas devessem exigir uma comissão por cada artigo ou reportagem que é citado pelos deputados. Quando se pensa na descredibilização dos políticos, se eles tivessem sido os próprios protagonistas destas descobertas, de certeza que as sondagens lhes seriam mais favoráveis. Porém, vemo-los à rasca por causa das reformas chorudas que estão em via de perder. Que ninguém leve a mal, são políticos à la portugaise.