Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

A minha foto
Nome:
Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

sexta-feira, setembro 29, 2006

De quem é a culpa?


New York, Setembro de 2006

Joshua tree 2006


Deserto de Las Vegas, Agosto de 2006

quinta-feira, setembro 28, 2006

Ópera de Berlim


A incredulidade ganha mais amplitude com o gesto extraordinário de auto-censura por parte da direcção da Ópera de Berlim.

O terror instalou-se e está a vencer-nos. Qual Iraque, qual quê! O choque de culturas já iniciou há muito e encontra-se numa fase irreversível.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Compromisso Açores


Na passada quinta-feira, reuniu-se no Convento do Beato a nata do mundo empresarial português. Tal como acontecera há dois anos atrás, o objectivo do Compromisso Portugal é o de fazer participar a sociedade civil no progresso de Portugal. Com a presença de antigos políticos internacionais de renome, como um ex-primeiro-ministro irlandês, os oradores delinearam as reformas que consideram cruciais para o sucesso económico do país.

Os temas dos oradores centraram-se nas reformas económicas, sociais e até educativas. No final, em jeito de análise, algumas das propostas foram consideradas de absurdas por parte do governo e por outros partidos de Esquerda. A Comunicação Social, provavelmente influenciada pela fraca receptividade da conferência, deu pouco relevo ao encontro. De facto, as propostas são frouxas. Demasiado superficiais quando se trata de explicar como se concretizam determinadas reformas. Por exemplo, na questão do despedimento de 200 mil funcionários públicos para reduzir o peso do Estado. No entanto, é preciso reconhecer que este evento é salutar, pois não se pode, por um lado, reclamar que o Estado é demasiado interventivo na sociedade e, por outro, reprovar qualquer iniciativa privada que pretenda ajudar a melhorar o país.

A iniciativa Compromisso Portugal teria tido mais valências se incluísse na sua lista de participações cientistas, pensadores e até artistas. Não se consegue discutir o futuro do país só na vertente económica. As pessoas não são números. Há dois anos atrás, este evento tinha tido mais impacto por causa da novidade que trazia à sociedade portuguesa. Desta vez, não houve. Até perpassou uma imagem negativa e assustadora: segundo estes economistas e gestores, parece que o país só progride com despedimentos em massa e cortes sérios no actual regime de Estado-providência.

Todos nós temos uma opinião, mais ou menos fundamentada, sobre a cidade, a região ou o país em que vivemos. Inseridos numa sociedade democrática, ninguém é obrigado a concordar integralmente com as políticas do governo em função ou até com os programas dos partidos políticos na oposição.

Nos Açores, a sociedade civil não dá mostras de existir. Dependente dos subsídios europeus e das facilidades fiscais proporcionadas pelo governo regional, a iniciativa privada trata dos seus negócios com uma visão muito restrita. Os Conselhos de Ilha, demasiado partidarizados, fazem o que lhes é incumbido: olhar só para a ilha a que presidem, atribuindo ao Governo Regional o papel de moderador desesperado. O evento Compromisso Portugal, versão Açores, tem toda a pertinência em ser realizado. E pode dar à região o verdadeiro contributo que o Convento do Beato não deu ao país. O futuro de Portugal, e neste caso dos Açores, constrói-se por pessoas, com pessoas e para as pessoas. Com base numa máxima famosa dos anos 90, termino “são as pessoas, estúpido!”

quarta-feira, setembro 20, 2006

Destaque da semana


Golpe de estado na Tailândia. Menos um destino de férias.

Foi por pouco!

segunda-feira, setembro 18, 2006

A susceptibilidade muçulmana


As palavras proferidas esta semana pelo Papa, e que tanta celeuma estão a provocar nalguns países muçulmanos e até entre muçulmanos europeus, são de uma evidência que, no princípio, ninguém desconfiava da onda de protestos que elas iriam desencadear. Sejamos claros, o Papa condenou duas coisas: condenou aqueles que se servem da religião para justificar actos violentos e, consequentemente, condenou os fundamentalistas islâmicos.

Desde há uns anos para cá, o mundo tem assistido a uma guerra obscura e mortífera entre os que se dizem guerreiros de Alá e governos de vários continentes cujas políticas não agradam aos tais guerreiros. Al-Qaeda é um grupo terrorista que melhor personifica a mentalidade dos radicais islâmicos. Os objectivos deste grupo terrorista são deveras simples; pretendem unificar todos os países islâmicos num califado, alargando esse suposto império até a Ibéria. Também pretendem exterminar Israel, como também castigar a representação de Satã no mundo, isto é, os Estados Unidos da América. Estes objectivos foram proferidos pelos seus líderes Bin Laden e Al-Zawahiri. Todos aqueles que se opõem a estes ideais são considerados infiéis. Para quem acaba de chegar ao planeta Terra, ao ler isto, só pode ou rir-se das palavras desses alucinados ou não lhes dar a mínima importância. No entanto, tendo em conta o número de mortos que listam do currículo desses fanáticos, tendo em conta o ambiente de medo que se vive em certos países, o sentimento é de apreensão e receio quanto ao futuro.

Tudo o que foi escrito até agora não constitui novidade, pois somos diariamente “massacrados” pelos jornais, pela televisão, pelos agentes da autoridade com avisos e notícias sobre o assunto. O Papa, representante de uma fé religiosa, limitou-se a dizer o óbvio e a usar do seu poder para condenar tais pensamentos e actos violentos. Foi, porém, mal interpretado. Perante a indignação crescente dos muçulmanos, um pouco por todo o mundo, Bento XVI viu-se obrigado a lamentar publicamente o facto de as suas palavras terem sido deturpadas. Também esta situação não é inédita. Com os famosos “cartoons”, o mundo ocidental aprendera pela negativa as diferenças culturais que existem com o mundo muçulmano. Perante a esperteza de alguns muçulmanos, esta semana servirá para promover debates sobre a igreja católica e seus pecados. Os argumentos serão fáceis e expectáveis: o Vaticano já desencadeou guerras santas no passado e provocou as famosas Cruzadas. Durante os próximos dias, manifestações em ruas de cidades muçulmanas e não só, queima de bonecos alusivos ao Papa, igrejas atacadas; a história vai repetir-se, todavia, com protagonistas diferentes.

Nenhum responsável político ou religioso, muito menos o Papa, associa o terrorismo a todos os muçulmanos. Agora, os muçulmanos não podem esquecer que os radicais islâmicos existem, são muçulmanos, e actuam de forma violenta. A indignação muçulmana a que assistimos só serve para branquear e até legitimar os seus actos, pois só os vitimiza.

Há verdades inconvenientes que incomodam. Enquanto que os ocidentais revêem o 11 de Setembro não como um ataque sobre os americanos, mas sim como uma conspiração entre americanos e judeus, os muçulmanos respondem às palavras de Bento XVI não com distanciamento relativamente aos radicais islâmicos, mas sim com indignação em relação ao Papa. Estas são duas formas bem diferentes de encarar duras realidades. Uns põem a mão na consciência ainda duvidando do que viram com os seus próprios olhos, outros, sem despudor, renegam a evidência das coisas. A susceptibilidade muçulmana é perigosa.

terça-feira, setembro 12, 2006

Onde estava no 11 de Setembro?


Cinco anos após o atentado que iniciou o século XXI, cinco anos após a declarada guerra contra o terrorismo, o mundo continua a sentir-se inseguro e as liberdades individuais tão defendidas e proclamadas nos países ocidentais estão seriamente abaladas. O radicalismo islâmico alastra como uma praga e toma conta, aos poucos, dos nossos aeroportos, das nossas estações de comboio, das principais ruas das principais capitais do mundo. Esta dita guerra não está perdida mas ninguém se atreve a afirmar que estamos a ganhá-la. Escrevo “estamos” porque desde o primeiro minuto em que soube que as explosões no World Trade Center eram de origem terrorista, apoiei, apoio e apoiarei o governo americano na sua luta. Cinco anos depois de 9/11, a verdade é que muitos ocidentais se viraram contra os americanos e até compreendem a luta terrorista da Al Qaeda.

Quem já não ouviu dizer “os americanos estavam a pedi-las!”, a propósito dos atentados? O revisionismo histórico – uma moda que pegou e que até serve para situações mais recentes – relativamente aos atentados já mostrou a imaginação fértil de algumas mentes que curiosamente se situam mais à esquerda no espectro político nacional e internacional. Se alguns questionam pertinentemente a forma como os Estados Unidos lideram a luta contra o terrorismo, outros questionam a veracidade dos atentados, subentendendo uma espécie de conspiração de americanos contra americanos. Deixando de parte este devaneio, convém meditar sobre os resultados obtidos desde o início da guerra.

O facto de Bin Laden e Al Zawahiri continuarem à solta não só constitui uma fragilidade que só incita a uma maior adesão dos fanáticos à rede terrorista árabe, como põe em causa a eficiência dos serviços secretos americanos. No entanto, nunca mais houve (até agora) atentados em solo americano. O que se verificou é que a rede terrorista alastrou o seu poder pelo mundo fora, nomadamente na Europa. Nenhum país que partilhe os mesmos ideais democráticos pode ficar passivo e calado, daí a responsabilidade de tomar um partido.

O Iraque foi um erro. É fácil dizê-lo agora que se vêem as consequências. Na altura, os argumentos apresentados para destronar Saddam Hussein da liderança do país pareciam credíveis. Agora, não passam de mentiras e desinformação. Doravante, para qualquer eleição que decorra nos Estados Unidos e na Inglaterra, a questão do Iraque fará parte da agenda política nacional. O pior é que os americanos, que ainda eram vistos nalguns países árabes como um país que defendia valores louváveis, acabaram por perder toda a legitimidade moral por causa da base de Guantánamo e da prisão de Abu Grahib.

É essa legitimidade moral que é preciso recuperar para dizimar de vez os radicais islâmicos. Para que tal suceda, é preciso mudar toda a estratégia até agora seguida. Primeira pergunta: por que é que jovens de Europa são seduzidos pela rede terrorista e até alinham em servir de bombistas suicidas? É preciso, pelo contrário, seduzi-los para valores pacíficos e de respeito para com outras religiões e culturas. Se eles nos consideram de infiéis é porque algo vai muito mal no processo de integração desses imigrantes árabes. Com isto não desculpabilizo aqueles que aderiram a este fanatismo, pois nada há a fazer. Falo daqueles que não conseguem arranjar empregos nas cidades europeias, que são descaradamente discriminados só por se chamarem Mohamed. Para estes, antes que seja tarde, ainda se pode fazer algo. Eis uma grande diferença entre a Europa e os Estados Unidos. Os terroristas envolvidos nos atentados de 11 de Setembro eram todos estrangeiros, enquanto que na Inglaterra, por exemplo, eles eram ingleses de origem árabe. Na obra American Vertigo, Bernard Henri-Lévy relata bem esta diferença: os muçulmanos que nasceram nos Estados Unidos sentem-se primeiro americanos e só depois muçulmanos.

Todavia, enquanto houver nos países ocidentais divergências sobre esta questão, mais os terroristas se sentirão confiantes e continuarão com as suas acções. Como escreve João Marques de Almeida, “a convergência dos democratas é a melhor resposta à convergência dos radicalismos”.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Tenho, logo existo


Setembro poderia ser o mês da deprimência. As férias acabaram; é preciso voltar ao trabalho ou à escola. Mas não. Na verdade, o melhor das férias é quando não estamos de férias. Durante o ano, no local de trabalho, lêem-se os folhetos promocionais das agências de viagens com ar sonhador; nas escolas comenta-se a viagem do amigo para um destino exótico ou para um festival de música, dando largas à imaginação sobre as primeiras experiências de todo o género. Em resumo, sonhar é, por vezes, melhor do que viver o real. Depois dos excessos estivais, a rotina regressa com o mês de Setembro. Bendita rotina! Levantar cedo, cedo erguer; comer a boas horas; ouvir o “maldito patrão” a queixar-se da crise, mas que recorda saudosamente as suas férias caríssimas; rever as caras conhecidas da televisão prontas para um novo ano mediático; e esperar pelas novidades musicais, literárias, cinematográficas e electrodomésticas, pois o Natal está à porta. Setembro é isto e muito mais. Setembro é o melhor mês do ano!

Mas a alegria do final de verão ganha novos contornos quando se tem filhos. Pois é: significa o início de um novo ano lectivo. Transitou? Não transitou? Pouco importa; o que interessa é que a criança ou o adolescente possua toda a indumentária e utensílios de trabalho para um ano repleto de sucesso (se for escolar melhor). Felizmente, os hipermercados, as papelarias, as livrarias, as lojas de roupa, de telemóveis, de computadores, de piercings e tatuagens, isto é, os centros comerciais, existem para nos abastecerem e nos recomendarem os melhores produtos a adquirir. Alguma dúvida em identificar o melhor produto? Existe um protocolo não oficial e inconsciente entre o seu filho e os lojistas acerca dos melhores produtos. E então, quais são? São os que estão “na moda”. São aqueles que nos põem todos iguais, mas nos dão um ar único. São aqueles que se vêem na TV, se lêem nas revistas. São aqueles que pertencem aos famosos, mas que milagrosamente estão ao alcance da carteira de qualquer mortal. Subscrevendo os radicais islamistas fanáticos e fascistas – acho que é tudo –: “Viva a Globalização!”

Quem me lê, poderá ficar chocado com este texto neo-riquista supérfluo e vazio de conteúdos morais e apelativos aos bons costumes. Por favor, não fique. Os bancos abrem uma linha de crédito especial “regresso à escola” para apoiar os pais que ainda se encontrem a pagar o empréstimo solicitado para férias. Os bancos agradecem e o Partido Comunista revolta-se contra o capitalismo selvagem e contra os bancários sem escrúpulos. Mas afinal, o Muro de Berlim não caiu há muito?

Perante este regresso saudável à normalidade típica do mês 9, posso sugerir uma nova moda. Recomendo que os pais ofereçam maços de tabaco aos filhos para que estes os fumam pacificamente nas escolas, visto que se tornou proibido de o fazer no local de trabalho. Ainda há quem se indigne da sua condição de professor?