Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

A minha foto
Nome:
Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

quinta-feira, junho 28, 2007

Kadhafi e os seus Estados Unidos de África


Kadhafi esteve de visita à Costa do Marfim com o intuito de convencer o marfinenses à criação de um estado único em África. No discurso, perante uma plateia, repleta de juventude proclamou os objectivos da sua nova batalha lunática: um só governante para a África (com tantos políticos corruptos e ávidos do poder não será fácil) e um só exército (com 2 milhões de soldados!). Estas ideias são completamente descabidas. Também propõe a implementação de uma moeda única e de um passaporte único. A União Africana já existe e pode indiciar aquilo que ele pretende a nível económico, o que é muito mais realista.


Contudo, África não só é constituída por inúmeros países como também por tribos com hábitos culturais ancestrais. Nada disso é fácil. Agora, quem pensa e pretende governar um continente inteiro com 2 milhões de soldados só pode ter grandes tiques de poder autocrático com tendências para a loucura típica de ditadores.

Como rebentar com o turismo de cruzeiro

Não é da minha autoria (ver original aqui)

"Se há coisa que me faz confusão são os Cruzeiros. Nunca fiz e duvido que faça porque parece-me a forma de férias mais estúpida que se pode fazer.
Ao fim de um ano preso num pequeno apartamento num prédio de dez andares vamos para um pequeno camarote, quartito, num barco com… dez andares.
Ao fim de um ano sem tempo para passear vamos para um sítio sem espaço para passear.
Ao fim de um ano de casa para o trabalho, do trabalho para casa, vamos passar uma semana da proa para a popa, da popa para a proa.
Ao fim de um ano sem poder ir à praia vamos para o meio do mar e, se tudo correr bem, nem lhe tocamos.
Ao fim de um ano com o corpo e a alma a pedir cama e descanso, vamos descansar para um sítio que abana quando estamos deitados.
Ao fim de um ano mal dispostos, vamos para um sítio onde… se enjoa.
Ao fim de um ano a queixar-nos que não há nada de novo para fazer ou onde ir, vamos para um sítio onde ao fim de umas horas não há nada de novo para fazer ou onde ir.
Não percebo."

domingo, junho 24, 2007

Ia-me esquecendo




Depois do meu professor de música na escola, eis o homem que também me levou a aprender guitarra. Ele também estará em Portugal (Festival Super Rock Super Bock) no dia 28 deste mês.
Recordando o tema de eleição: "Always with me, always with you"

Balanço final de ano lectivo 2


Como reduzir o insucesso e abandono escolares em Portugal? Para acompanhar a globalização, um país desenvolvido como o nosso, que deixou de se socorrer da mão-de-obra barata para atrair o investimento estrangeiro, precisa agora de mão-de-obra altamente qualificada. A aposta nas novas tecnologias é certeira, mas não deve ser a única. Investigadores e cientistas são essenciais para encontrar soluções e respostas aos novos problemas e desafios do século XXI. Contudo, não podemos ter só engenheiros e não podemos viver só de serviços. É preciso responder também às exigências do dia-a-dia. Por isso, a formação de mecânicos, electricistas ou até carpinteiros, por exemplo, também pode ajudar o país a tornar-se mais competitivo e economicamente mais atractivo.



É óbvio que a instrução desempenha um papel fundamental para o bom progresso do país. O balanço está feito; os resultados, porém, não são alcançados. Segundo dados da OCDE, em 2004, a taxa de retenção e desistência do 9º ano estava na casa dos 13,1%. No 12º era de 48,7%. As reformas seguem-se, governo atrás de governo, mas os números assustam. Pelos vistos, a escola não interessa, não corresponde ao que a juventude deseja e expecta. Nos Estados Unidos 88% da população activa tem o 12º ano de escolaridade. Em Portugal, a percentagem é de 23. Até países como a Polónia ou a Hungria estão à nossa frente. Ter estudos é crucial para o sucesso pessoal e profissional de um indivíduo. Mas significa obrigatoriamente ter emprego? Em 2005, o número de pessoas licenciadas desempregadas inscritas no Instituto de Emprego e Formação profissional (em milhares de pessoas e não em percentagem) era de 29,7. Nem a nossa massa cinzenta sabemos aproveitar. Enquanto não houver um consenso alargado sobre o rumo a seguir e o país viver em funções de "modas" pedagógicas que alteram cada vez que muda o governo, não poderemos obter melhores resultados e, por consequência, não venceremos a guerra da globalização.



Tudo começa no Orçamento do Estado. Se não há dinheiro, não vale a pena. Se as reformas implicarem só medidas para poupar dinheiro, para "obrigar" os professores a ficarem na escola sem lhes dar tarefas proveitosas para os alunos não vale a pena. Gerir bem a educação é fundamental; mas debater o que se ensina nas escolas tornou-se decisivo.



Com a democratização do ensino, criou-se uma espécie de "apartheid escolar". O desejo político em encarar os alunos de forma igual criou injustiças sociais mais flagrantes, reduzindo a qualidade do que se ensina e o rigor com que se avalia. O experimentalismo deu lugar à mediocridade. A escola não conseguiu corrigir as desigualdades sociais, antes pelo contrário, acentuou-as. Filhos de pais com estudos apresentam uma alta taxa de sucesso escolar. Nos filhos de operários reina o insucesso. Onde há bairros sociais, ou guetos, as escolas das redondezas são consideradas problemáticas ou até de alto risco. Porquê? Alguém provou que se trata de uma questão genética? A expressão "Todos diferentes, todos iguais" devia ser banida do vocabulário português. Deve tratar-se de forma diferente quem é diferente. Mas deve dar-se a mesma oportunidade a todos. Para isso, com pragmatismo, deve-se apostar na heterogeneidade das turmas, para que os alunos com dificuldades não sejam metidos no mesmo saco, e numa autonomia mais alargada das escolas. É preciso alargar o acesso ao ensino profissional, bem como a oferta de cursos profissionais com base nas necessidades económicas locais e nacionais. É necessário abrir a escola às empresas para promover o ensino de utilidade prática, aumentando assim a empregabilidade dos alunos. Contudo, não se pode pensar só nos alunos medianos ou naqueles que não pretendem prolongar os seus estudos. A escola tem de saber igualmente explorar o potencial dos alunos com bom aproveitamento.



Depois de apetrechar as escolas com todas as novidades tecnológicas e com áreas de recreio que estimulem a prática variada de desporto e do convívio social, depois de reformular os currículos permitindo uma maior flexibilidade e liberdade por forma a adaptá-los em função das dificuldades dos alunos é que nos podemos dar ao luxo de pensar nos extras como o são a educação sexual ou a educação para a cidadania. O número de horas que um aluno passa na escola é irrelevante. Exemplo disso é a Finlândia em que o número de horas dispensadas para o ensino é muito reduzido e, no entanto, só 2,8% dos alunos com 15 anos não passam de ano.



Presentemente, com os meios que temos e com os actuais currículos, ampliar a escolaridade obrigatória para o 12º ano de escolaridade (ou até aos 18 anos) constituirá um autêntico crime social.

O que se ouve por aqui





Eles voltaram com o muito sugestivo álbum Dead again e vêm pela primera vez a Portugal (Coliseu de Lisboa, 27 de Junho)


Açores, por que ficas tão longe?


Aliás, acho que vou criar um festival de Metal só para poder ver essas bandas sem ter de me deslocar ao continente. Alguém alinha?
Everything dies

Désilusion


Para um francófono como eu, a transmissão deste canal em Portugal deixa muito a desejar. Mais um canal de informação em Inglês? Poupem-me!

A frase

"Quem não foi de esquerda antes dos 30 anos não tem coração. Quem continua de Esquerda depois dos 30 não tem cabeça."

quinta-feira, junho 21, 2007

Na minha biblioteca


Reconheço que a escolha deste livro teve o patrocínio de Marcelo Rebelo de Sousa.

Os mestres estiveram cá


Ontem à noite, houve muitos portugueses sortudos que assistiram, no Coliseu do Porto, ao espectáculo dos mestres do metal progressivo, Dream Theater. Por força maior não pude estar presente, mas ainda ouvi por telemóvel o tema "Home".


Longa vida aos virtuosos!

segunda-feira, junho 18, 2007

André Bradford e as Lajes

Quem me conhece sabe perfeitamente o quanto eu admiro os Estados Unidos. Admiração essa que por vezes roça a cegueira. Por gostar tanto daquele país é que também conheço os seus defeitos. No entanto, quando penso que sou o único, aparece alguém ainda mais cego do que eu.
Digo isto a propósito da notícia publicada no Jornal Diário (ver aqui) que dá conta da reacção do Governo Regional face à suposta discriminação que os americanos fizeram relativamente aos portugueses no concurso para empregos:
"André Bradford, considerou à saída de uma reunião que manteve, em Ponta Delgada, com dirigentes do SABCES – Sindicato dos Trabalhadores de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços dos Açores, que “não há qualquer ilegalidade ou discriminação no recente concurso para pessoal civil na Base das Lajes”.
Seguindo uma possível interpretação da lei, este senhor alega que os americanos tinham razão quando publicaram o concurso. Bonito! Pergunto eu: depois de levantada a celeuma, se tinham razão, por que retiraram aquela parte entre parênteses que punha de parte os portugueses nesse concurso? E mais, será legal tudo o que se tem noticiado acerca das condições laborais que os portugueses têm sofrido nos seus postos de trabalho, a saber serviço de limpeza, controlo e bloqueio de Internet e telefones?
Se for calo-me porque é de uma base militar que se trata. Agora, verdade seja dita, o poder executivo falhou redondamente porque o poder mediático encarregou-se de "corrigir" o que parecia mal. Com governos destes que não são capazes de pressionar convenientemente forças externas para o bem dos seus cidadãos mais vale tirá-los do poder.
O "folclore mediático" impôs-se e venceu. Resumindo a minha paixão pelos Estados Unidos: sou um amigo dos Estados Unidos, não um servo.

domingo, junho 17, 2007

Balanço final de ano lectivo


Para milhares de estudantes, a semana que findou foi a última em termos de calendário escolar. As aulas acabaram, começam as merecidas férias. Os alunos do 12º, pelo contrário, entram na fase decisiva dos exames nacionais. Para a maioria deles, há um misto de stress e de esperança devido à incógnita em determinar o rumo a seguir. Porém, uma certeza: a prossecução dos estudos no Ensino Superior é o melhor caminho para se ser bem sucedido na vida. As escolas básicas e secundárias iniciam, por sua vez, o processo mais burocrático da actividade escolar que consiste em tratar de matrículas, de constituir turmas, de fazer vigilância de exames e de elaborar horários. Tudo em prol do ano lectivo que virá a seguir, em Setembro. Na verdade, a escola é uma máquina que nunca pára.



O Ensino em Portugal, democratizado e massificado desde 1974 tem sofrido reformas ao longo de décadas que nem sempre favoreceram a aprendizagem e o sucesso dos jovens na sua vida pessoal e profissional. Por esta altura do ano, deveria haver uma paragem das actividades escolares, nomeadamente burocráticas, para deixar os professores e Conselhos Executivos meditarem no que correu bem e no que correu mal, analisando, para isso, as estatísticas de reprovação e progressão, as suas possíveis causas com um intento prospectivo. Mas as escolas não vivem só exclusivamente do que é leccionado nas aulas. Há muita vida nos corredores, nas bibliotecas, nos pátios, nos campos de jogo, nas salas de convívio. A escola é uma micro-sociedade com as suas regras próprias que precisa constantemente de se revalorizar e reformular. Como fazer com que os alunos gostem e tenham mais vontade em ir para a escola?



Quando se cria uma escola nova, de raiz, torna-se mais fácil aproximar-se dos patamares da escola dita "ideal". Porém, temos de viver com o que temos. Portugal, terra de brandos costumes, reflecte essa filosofia de vida nos estabelecimentos de ensino. Há relativamente pouco tempo que os Conselhos Executivos, por pressão da sociedade, têm tido uma preocupação com o ambiente e com a saúde dos seus alunos. As cantinas e bares propõem alimentação mais saudável e os pátios enchem-se de contentores para reciclagem. No entanto, perante a autonomia crescente concedida às escolas, estas pequenas novidades sabem mesmo a pouco. Uma nova batalha tem sido travada com algum sucesso. A proibição total do consumo de tabaco tem sido feliz, apesar de mais uma vez ir ao encontro dos sinais dos tempos. Funcionários, professores e, claro, alunos não podem fumar no recinto escolar. Esta regra não é seguida em todo o lado mas vai, aos poucos, ganhando novos seguidores. No entanto, os alunos podem sair livremente da escola durante os intervalos para fumarem. Se o problema não fica resolvido, ao menos, a escola já não pode ser responsabilizada. Aqui, com algum engenho e autoridade, se pode resolver o problema. As saídas não controladas do recinto escolar representam um problema nunca aflorado com seriedade por parte de quem manda na Educação. Aos alunos que frequentam o ensino obrigatório deveria ser peremptoriamente proibida a saída da escola dentro do seu horário escolar. É óbvio que isto implica um controlo rigoroso e moroso nem sempre compreendido. Mas os riscos de todo o género que podem ocorrer pelo facto de um aluno estar fora da escola quando devia estar dentro são altíssimos. De quem a responsabilidade se acontecer algo de grave? Nunca se pensou bem no assunto, porque, provavelmente, nunca nenhum encarregado de educação pediu satisfações a quem de direito.



Em pequenas coisas do ponto de vista da organização se pode tornar a escola mais segura e mais acolhedora. Dos anos que por lá passam, os alunos guardam na sua memória mais aquilo que viveram do que aquilo que aprenderam. Depois de tratada a questão de como tornar o ambiente escolar mais propício ao sucesso da aprendizagem é que se poderá realmente tratar dos problemas do insucesso e abandono escolares que assolam o nosso país.
(Continua numa próxima "postagem")

sexta-feira, junho 15, 2007

Princesse! Je perds la tête!
Le rêveur solitaire

quinta-feira, junho 14, 2007

A senhora da DREN

Grande entrevista que concedeu ao DN! (ver artigo aqui)
Afinal, há uma campanha difamatória contra as escolas e os professores! Não está em causa a decisão de ter exonerado um professor por supostamente ter contado uma anedota ou insultado o Primeiro-ministro. Nunca vi uma entrevista tão merdosa como aquela. Pelos vistos, há mais 778 processos disciplinares a decorrerem. Se fosse jornalista tentava averiguar os motivos de todos esses processos.
E mais; era tempo de a mandar de volta para o infantário!
Às tantas é melhor não...

quarta-feira, junho 13, 2007

Ó Ota! É sim ou não?

O editorial do Diário de Notícias é alucinante. Há duas semanas atrás, o governo defendia a localização da Ota para o novo aeroporto internacional de Lisboa com garras e unhas. Até o Ministro das Obras Públicas, Mário Lino, defendia o local encarando-o como projecto pessoal.
Agora, diz o editorial, tudo não terá passado de uma estratégia política com vista às próximas eleições. Só podem estar a brincar! Passo a citar: "Ou seja, o Governo recuou sem perder a credibilidade e sem comprometer uma qualquer decisão política final".
Há cegueira e cegueira!
O governo levou na cabeça e mais nada! As palavras do Presidente da República pesaram e bem. A oposição fez o seu papel. Como é óbvio, esta questão não pode ser comparada a um dérbi Benfica Porto. O que se trata aqui é de identificar melhor local, a melhor obra, que ofereça as melhores condições a um custo razoável. Cabe aos técnicos dar as indicações necessárias e aos políticos darem o aval final. Tudo isto é tão óbvio que por vezes algumas pessoas se esquecem.

terça-feira, junho 12, 2007

A Jihad no seu esplendor

"Leire Goikoetxea foi tirar o bilhete de identidade no dia 29 de Maio, na esquadra de um bairro de Bilbau, mas teve de voltar para trás porque a polícia não aceitou a sua fotografia. O motivo foi aparecer nela a usar o hijab, ou seja, o véu islâmico. Na altura, esta muçulmana basca, casada com um bangladeshiano, alegou que o polícia estava a violar a lei, noticiou um artigo do El Mundo. O agente pediu-lhe, então, um documento a certificar que era muçulmana e ela respondeu que isso era uma violação à liberdade religiosa. Ele replicou que se houvesse liberdade ela não teria de usar aquele véu. Existe, efectivamente, uma ordem do Ministério do Interior espanhol que permite às muçulmanas usarem o véu islâmico nas fotos do BI e nas autorizações de residência. Mas também existe uma outra da Confederação de Polícia Espanhola que exige às mulheres que coloquem o véu atrás das orelhas e deixem à mostra dois centímetros de cabelo. Algo que as muçulmanas se recusam absolutamente a fazer. "Não podem fazê-lo pelo seu sentimento religioso. Se exigem dois centímetros não dá. É como o álcool ser proibido e bebermos umas gotas. Isto cria um mal-estar", diz o presidente da União das Comunidades Islâmicas, Riay Tatary."
Gostei da afirmação do agente da autoridade acerca da flata de liberdade.

segunda-feira, junho 11, 2007

Costa Neves arguido

Independentemente de ser honesto, o líder do PSD Açores encontra-se num beco com uma só saída: a desistência da presidência do partido. Não interessa o estatuto juridico-legal do arguido, um presidente de um partido, nem que seja regional, nessa posição está inevitavelmente fragilizado. Não poderá voltar a falar de situações dúbias nas decisões do governo de César. O seu poder de influência extingui-se (mesmo que fosse pouco).
O PSD Açores encontra-se igualmente numa posição desfavorável. Onde encontrar um líder agora?
O próximo congresso poderá dar uma luz ao partido se houver pessoas ambiciosas no partido laranja a tomar conta das coisas de forma séria. Que as próximas eleições estão ganhas para Carlos César, isso só dependerá de quem for o seu opositor ou opositora.
Acerca do testemunho de César sobre a situação de Costa Neves: soa a falso. Até pareceu a machadada final. Bastava-lhe dizer que não comentava a notícia, mas não. Teve de dizer que o líder da oposição era "honesto".

domingo, junho 10, 2007

Onde fica a capital dos Açores?


Em breve, a Terceira estará em festa devido às Saojoaninas, com as suas marchas, touradas, concertos, danças e muita alegria. Durante essa semana, os problemas ficarão encostados a um canto escondido dos pensamentos. A produtividade laboral irá certamente diminuir e as pessoas estarão menos atentas à actividade política. Os governantes não se importam e até agradecem, pois, tal como os romanos que organizavam grandes jogos nos coliseus para entreter os cidadãos, esta forma de fugir das dificuldades continua hoje em dia muito em voga. Quando a festa acabar, os problemas continuarão ainda por resolver e o sentimento de descontentamento voltará a figurar o rosto dos terceirenses.



Há duas situações com maior e menor gravidade que constituem o problema da ilha Terceira. Uma está situada a oriente e a outra a ocidente. Apesar da grande distância entre as duas, elas acabam por estar intimamente ligadas. Do lado do oriente, o governo de São Miguel, que se apelida de Governo dos Açores, tem estado tão afastado da Terceira que o seu Conselho de Ilha se reuniu de propósito para debater qual o rumo estratégico para a ilha e como (re)afirmar o seu peso na região. Ainda bem que existe um órgão oficial para anunciar aquilo que qualquer terceirense já percebeu. O Conselho de Ilha, constituído por nobilíssimas pessoas da terra, assumiu o óbvio, o que acaba por ser triste porque daquela reunião não se resolveu absolutamente nada, apesar da imprensa local ter destacado aquele momento de forma efusiva ou quase vitoriosa. Sendo um órgão meramente consultivo, nada pode fazer a não ser recomendações. Para perceber melhor como funciona basta dar o exemplo do polícia que está na estrada, obrigando assim todos os condutores a abrandarem o carro para a seguir, na próxima curva, voltar a acelerar. Prova disso é que ainda não houve uma única reacção do governo regional. E, se tal acontecesse, quem deveria dar a cara seria Sérgio Ávila. Dizer, elogiosamente, que as pessoas presentes se "esqueceram" da sua filiação partidária, tudo em prol da terra, não passa de uma mera ilusão. Naquela reunião, duas pessoas podiam fazer a diferença, mas não o fizeram por uma questão de subserviência partidária. Falo dos presidentes das câmaras de Angra e da Praia. São dois cargos políticos com funções executivas, o que significa que as decisões que esses senhores tomam produzem efeitos. E o que falta na Terceira é exactamente isso: pessoas decididas a fazerem a diferença. Afirmar que é preciso apostar num turismo diferente, numa imagem de marca para a Terceira representa um insulto para quem gosta de andar minimamente informado. Cabe, sim, aos empresários ligados ao turismo em conjunto com as câmaras municipais tomar este tipo de estratégia promocional e valorativa da ilha. Os políticos presentes no Conselho têm de usar os locais próprios para emitir as suas preocupações e expectativas, a saber a Assembleia Regional e as câmaras municipais. Como querer desenvolver o turismo se a política de transporte aérea e marítima é um empecilho? Como proporcionar um turismo diferente se a cidade de Angra se encontra desvalorizada? Como convencer os empresários a investirem aqui se os equipamentos e serviços de cargas são deficientes? Como aproximar as duas cidades se a via rápida nunca mais é arranjada?



É preciso fazer um lóbi forte, quase agressivo junto do governo regional para que as coisas melhorem. O Conselho de Ilha acabou por constituir um retrocesso porque os seus intervenientes revelaram pouca criatividade e engenho políticos para combater o isolamento a que a Terceira está votada. Teria sido mais proveitoso organizar conferências abordando os temas considerados fulcrais para o desenvolvimento da Terra do Bravo, com a participação de pessoas e de representantes de instituições especializadas em cada área temática abordada.



Do lado ocidental também paira uma ameaça, se bem que menor. Os Estados Unidos tentaram discriminar os portugueses na obtenção de empregos na base militar das Lajes. Constituindo uma infracção grave ao acordo que vigora entre Portugal e os Estados Unidos, parece que, após a divulgação do escândalo pelos médias nacionais e regionais, a situação se resolveu com a correcção da "gralha discriminatória" que constava do documento com a oferta de emprego. A situação acaba por aqui? Claro que não. Há muito que se ouve dizer que o tratamento dado aos trabalhadores portugueses na base americana é injusto, ilegal e até repressivo. Ninguém sabe ao certo quanto ganha e o que ganha Portugal com o acordo das Lajes. Também parece que o Governo da República desvaloriza a questão porque diplomaticamente é fraco. Quem poderia fazer a diferença é o Governo Regional zelando assim pelo seu povo e pelo seu território. Reclamar mais autonomia com a revisão do Estatuto Político-administrativo do arquipélago é muito bonito mas, na verdade, de que serve mais autonomia se numa questão como o acordo das Lajes o governo regional não tem voz na matéria? Este assunto, por se situar no âmbito das relações transatlânticas, também interessa à União Europeia. Dito isto, onde estão os nossos eurodeputados, nomeadamente aqueles que representam os Açores? Será que a questão do Irão é a única importante?

segunda-feira, junho 04, 2007

"A Europa não é o EL Dorado"

Esta frase é da autoria de François Fillon. Polémica, pela sua possível interpretação xenófoba, não deixa de ter a sua verdade.
A Europa não pode continuar a receber eternamente imigrantes clandestinos. É preciso encarar esta verdade com seriedade. Presentemente, já não podemos falar em solidariedade para com os povos oprimidos. Ou, se queremos realmente ser solidários, devemos tentar resolver o problema atacando a raiz, isto é o país de onde vêm os imigrantes clandestinos.
Como se tem visto, muitos deles são oriundos de África. Os da Europa de Leste conseguem passar despercebidos pelo simples facto de serem brancos e de não chegar de barco em condições catastróficas. Relativamente aos imigrantes africanos é preciso envolver os seus governantes por forma a reduzir a miséria e a opressão. Assim, a que as pessoas não precisem de fugir da sua terra natal.
A precariedade do emprego para os europeus faz com que o ressentimento aumente em relação aos governos o que propicia o fortalecimento dos partidos de extrema-direita.

domingo, junho 03, 2007

Comment aimer une princesse?
le rêveur solitaire

Os novos intelectuais


Os intelectuais sempre fizeram parte das sociedades desenvolvidas. Da Grécia e da Roma antigas, passando pelos tempos medievais até aos nossos dias, os pensadores sempre formaram uma elite respeitada que contribuiu decisivamente para o progresso das civilizações. Devido à sua actividade, muitos deles viviam à custa de mecenatos que lhes permitia não se preocupar com as "futilidades" da vida, tais como o de trabalhar ou de procurar comida para o seu sustento e o da família. Houve também na História momentos negros para os pensadores. Em sociedades em que a liberdade de pensar e de se exprimir deixava de existir, eles tornavam-se inimigos dos governantes ou de chefes religiosos e, por isso, alvos de perseguição e até morte. Dos mais famosos casos, destaca-se o de Sócrates, na Grécia Antiga e o de Galileu relativamente à Inquisição.




Actualmente, ser-se intelectual não é só uma forma de vida, como também a de ganhar a vida. A produção de estudos académicos, a publicação de livros ou a participação em conferências representam um trabalho diário como qualquer outro e, consequentemente, é remunerado. Geograficamente, é possível determinar onde se encontra o maior número de pensadores. Não se tratando de dados completamente exactos, é possível identificar quais os países que mais intelectuais têm. Os factores educação e liberdade são determinantes para a profusão de intelectuais. No entanto, o factor mais importante, mas menos equacionado é do bem-estar de uma sociedade. Os países mais desenvolvidos, sem guerras civis e onde não existe nem epidemias nem fome são aqueles onde há mais pensadores. Quando uma sociedade deixa de ter como primeira preocupação o de encontrar comida no dia seguinte, o de sobreviver a guerras, a doenças e pobreza é possível proporcionar um ambiente propício ao pensamento e discussão livres e à observação da natureza. A partir dai, o progresso é possível.




Se olharmos para o mapa mundial, vemos que esta tese tem a sua razão de ser. Onde estão os intelectuais da Nigéria ou do Darfur? A sobrevivência à guerra e à pobreza são as prioridades. Onde se encontram os intelectuais da Arábia Saudita, do Irão ou do Paquistão? Onde não existe liberdade de expressão, não pode existir pensadores.



Infelizmente, o fulgor da intelectualidade centra-se nos países do ocidente. Deste modo, acaba-se por ter uma perspectiva monocromática da realidade. A actual decadência de certas nações, que outrora foram grandes civilizações com forte componente cultural e científica, prejudica o progresso de toda a Humanidade.



No ocidente, pelo contrário, a intelectualidade já é catalogada de Direita ou de Esquerda. Houve nitidamente uma politização do pensamento. Não havendo nenhuma verdade absoluta, os pensamentos surgem em função dos valores do pensador. A Esquerda política e intelectual repudia, de alguma forma, o capitalismo. A Direita, com mais ou menos vigor, defendo-o. Mas não há dúvidas de que graças ao capitalismo, à criação individual de riquezas é que a esquerda intelectual existe. Presentemente, há uma reformulação de conceitos dos dois pólos. A Esquerda passou a olhar para o indivíduo enquadrando-o no ambiente natural onde vive e de que tira proveito. Por outras palavras, a ecologia, o desenvolvimento sustentável são conceitos novos que recriam uma nova filosofia de vida para o Homem. A Direita olha agora para o indivíduo e na forma como se relaciona com o outro. O colectivismo solidário substitui a antiga emancipação individual. Como exemplo, refere-se as novas questões liberais, de ponto vista ideológico, sobre a presença do Estado na vida das pessoas: onde e em que áreas vitais deve o Estado intervir na salvaguarda do cidadão.




Olhando para o "mapa do mundo intelectual", existe, tristemente, dois mundos: o daqueles que vivem para pensar e o daqueles que só pensam em sobreviver.