Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

sexta-feira, julho 27, 2007

En Vacances 2007


Em Setembro, voltarei para um novo ano cheio de comentários, discussões, considerações, opiniões e malandrices.


Até lá

terça-feira, julho 24, 2007

Traições no PSD/Açores


Ultimamente, muito se tem discutido sobre a Direita em Portugal. O PSD e o CDS estão em crise, disso não há dúvidas. Esta crise assenta em dois pontos: por um lado, a crise ideológica. A Direita deixou de ter uma agenda política interessante e inovadora. A Direita anda a reboque das propostas de um governo socialista de centro-direita que ocupou o seu espaço político. Não tem margem de manobra e, acabando por concordar com a base reformista de José Sócrates, quando é crítica mais parece um partido de Esquerda. Por outro lado, há uma crise de liderança e esta é decisivamente a maior dificuldade que esses partidos estão a enfrentar.



O facto de serem sempre as mesmas figuras que lideram esses partidos acaba por afectar o voto popular. Não há um sentimento de confiança; por se manterem demasiado tempo nos altos cargos do partido, essas pessoas já não galvanizam e até produzem o efeito contrário. Já não se vota neles: vota-se contra eles; e as eleições de Lisboa são o mais recente exemplo disso. Toda este clima é propício às guerrilhas inter-partidárias. Contudo, os que se opõem às lideranças também se encontram em igual situação: são os mesmos do costume. Não havendo renovação, qualquer partido estagna. Um partido que estagna afasta os eleitores. Não há equação política mais certeira do que esta.



Nos Açores, apesar da distância geográfica, despoleta o mesmo tipo de guerrilhas. De facto, a natureza humana é a mesma. Alguns dirigentes do PSD/Açores, usando os problemas do PSD nacional como trampolim, acordaram de um longo silêncio para questionar a actual liderança de Costa Neves. Como é óbvio, as pessoas são livres de exprimir livremente o seu ponto de vista, mas tendo em conta que se trata do maior partido da oposição na região, que segue uma estratégia própria de combate ao governo com vista às próximas eleições legislativas regionais, estas críticas internas foram inconvenientes, inoportunas e com futuros efeitos negativos para o eleitorado. Existe lugares próprios – longe do ruído provocado pela comunicação social – para discutir as opções do PSD/Açores em termos de oposição, e esta fractura que se criou poderá ter efeitos nefastos para todos os dirigentes do partido laranja, inclusive para os ditos críticos.

A pluralidade de opinião é sempre saudável, logo que seja feita com seriedade. No entanto, os argumentos apresentados pelos críticos deixam muito a desejar. Alegam que a actual oposição feita por Costa Neves é frouxa e apresentam como alternativa Natalino Viveiros. Nas últimas eleições internas do partido, há dois anos atrás, foram exactamente os mesmos candidatos à liderança. Candidatos estes que provam a tal tese de falta de renovação de quadros e de gente nova, isto é, os mesmos do costume. Os críticos também questionam a continuação do presidente do PSD/Açores no actual cargo por ter sido constituído arguido muito depois da notícia ter vindo a lume. Perante isto, podia-se pensar que se trata do discurso do PS, mas não. Pertencem ao mesmo partido. Do exterior, estas acções e atitudes só levam a uma interpretação: a traição. Ainda para mais, quando o líder do Partido Socialista nos Açores, Carlos César, aquando da publicação da notícia sobre a condição de arguido de Costa Neves (e não muito depois), demonstrou publicamente a sua solidariedade para com ele, dizendo que era uma pessoa honesta – alguns poderão dizer que o cinismo tem dessas coisas. No PSD/Açores, não se ouviu nenhum notável a demonstrar o mesmo. Isto só prova que a liderança está fracturada, que o partido não está unido.


No fundo, há uma posição que tem alguma sustentação, mas que pecou por tardia, daí ser inoportuna. Se, legalmente, a condição de arguido não interfere na vida da pessoa em questão, em termos políticos já tem muito que se lhe diga. É, eticamente, muito complicado ser-se candidato à presidência do governo regional nessa condição jurídica. Para os que têm dúvidas, o pedido de demissão devia ter sido logo pedido e não agora. O Partido Socialista esfrega as mãos de contente e segue o seu rumo aproveitando para dar lições de como se deve fazer oposição. Assim, a “hecatombe” que se verificou em Lisboa poderá ter repercussões no meio do Atlântico.


No PSD Açores, alguns notáveis aguardam por um milagre. Esperam que alguém apareça e tome conta do partido levando-o à vitória nas eleições de 2008. Mas a política não é uma religião que tem o seu Messias. Na política, as coisas constroem-se devagar, com paciência, com consenso e, sobretudo, com lealdade. Sem dar esses passos, o partido ficará por largos anos na oposição.

sexta-feira, julho 20, 2007

Estreias


Há poucos minutos atrás, estreiou o novo livro da saga Harry Potter, em versão original. É ver dezenas de jovens frente aos balcões da FNAC ansiosamente à espera. Olho para eles com respeito, pois o meu inglês rudimentar não me permite ler livros dessa envergadura. Se eu fosse mais fluente no meu inglês, poupava uma pipa de massa em livros!

segunda-feira, julho 16, 2007

Portugueses preguiçosos!

O jornal Público noticia que o número de alunos a estudarem espanhol triplicou. Para justificar este aumento de procura, falam em moda, em desejo dos pais, da vontade de estudar medicina em Espanha, etc.
Só não falaram no raio da preguiça que é inerente dos jovens. Não falaram no facilitismo que assola o sistema educativo português, menos na classe docente que é supostamente a única culpada das altas taxas de insucesso.
Sinceramente: Espanhol para quê? Os portugueses têm a facilidade em entender o castelhano sem nunca o ter estudado. Compreendia-se que as escolas propusessem cursos livres dessa língua para aqueles que decididamente querem estudar ou viver em Espanha. Por que razão não se estuda o chinês (mandarim), o alemão ou até o árabe? Essas são as línguas da globalização. O espanhol serve só para tirar boas notas e não cansa muito a estudar.
É com estas e com outras parecidas que se dá mais razão ao cada vez mais execrável José Saramago que continua na sua campanha de assassínio da pátria "Portugal acabará por integrar-se na Espanha".

domingo, julho 15, 2007

Cansado da SATA


Para que os Açores tenham uma boa afluência turística, quer por parte de estrangeiros, quer por parte dos portugueses continentais, é preciso uma promoção forte, adequada aos nichos de mercado pretendidos e com base no potencial de casa ilha ou grupo de ilha.



Dito isto – o que acaba por ser uma redundância, visto ser tão óbvio –, foi com alguma perplexidade que vi no noticiário da RTP-Açores uma reportagem na qual se alega que a SATA disponibiliza uma promoção especial para os americanos da base militar da Terceira. Esta promoção consiste na venda de passagens aéreas a um de preço de oitenta euros mais taxas, da Terceira para qualquer ilha do arquipélago. Qualquer solução proposta pela SATA para captar turistas e desenvolver o turismo nos Açores é bem-vinda. Contudo, neste caso, tendo em conta a forma como a reportagem foi efectuada, aquilo mais parecia um caso de polícia, pois esta promoção está nos segredos dos deuses o que levou o jornalista fazer-se passar por americano junto dos operadores da companhia aérea para confirmar a veracidade deste facto. A primeira dúvida incide sobre o porquê de tanto secretismo. Haverá algum receio em publicitar esta promoção? Se há, por que razão? Mesmo que a SATA alegue que esta operação é experimental daí a sua não divulgação, por que razão as agências de viagens não tinham conhecimento e nem participam quando se sabe que estas também propõem campanhas especiais, mas com preços menos competitivos, no mesmo objectivo de atrair turistas americanos. Não estaremos nós a assistir a uma espécie de concorrência desleal quando, na verdade, a companhia aérea açoriana é de interesse e obrigações públicas?



A principal razão da existência da SATA é para servir os açorianos. Mas o que se vê não é bem assim. As ilhas mais pequenas têm-se queixado da insuficiência de ligações aéreas. Um dos motivos é por haver falta de aviões. Porém, a SATA opera entre o Funchal e Porto Santo recebendo indemnizações bem chorudas por parte do Governo da República. Agora, percebe-se a razão de haver poucos voos. O líder do PSD Açores, Costa Neves, propôs a instituição de uma tarifa especial nas viagens para os emigrantes que vivem nos Estados Unidos e no Canadá. Para além de aproximar famílias açorianas separadas pelo American Dream, estes emigrantes são muito rentáveis a nível económico. Quando Carlos César esteve junto das comunidades açorianas em Junho, acompanhando o Presidente da República, teve o descaramento de fazer a mesma proposta como se fosse o primeiro a descobrir a pólvora. Os jornalistas foram todos atrás, esquecendo-se que esta proposta já tinha direitos de autor. De regresso aos Açores, afinal o presidente da SATA, António Cansado, disse que não era possível. O Presidente do governo, apesar de chefiar o maior accionista do grupo, anuiu e o assunto morreu aí mesmo. Para isto, duas considerações. Primeiro, é injusto falar de uma oposição frouxa e de um líder de oposição que não cativa quando temos jornalistas que não sabem fazer devidamente o seu trabalho. Segundo, este é um exemplo de demagogia pura. Junto dos emigrantes, diz-se coisas bonitas e as pessoas batem palmas porque ainda acreditam nas palavras dos governantes; de volta à terra, afinal não é bem assim.



Os governantes têm de ter consciência de que as pessoas andam informadas e não são tão ignaras quanto imaginam. Estas situações descritas fazem pairar no ar uma sensação de engano e de injustiça. Existe pouca clareza nas políticas de transporte, sejam elas aéreas ou marítimas. Alias, não é só o governo regional que demonstra pouca transparência neste assunto, os próprios deputados do PS, nomeadamente os da Terceira, são sempre relutantes quando aparecem iniciativas com o intuito de trazer mais aviões para a ilha. Vá-se lá saber porquê. Eles, melhor do que ninguém, saberão explicar aos seus conterrâneos por que razão, neste e noutros assuntos, a ilha que representam e pela qual foram eleitos não está no cimo das suas prioridades.

terça-feira, julho 10, 2007

Como atrair os radicais islamistas para Portugal

"Mandar matar a mulher não é crime em Portugal."
No 24 horas
"Dura lex, sed lex"

segunda-feira, julho 09, 2007

As 7 maravilhas

Grande festa em Lisboa para proclamar as novas Maravilhas deste mundo, todas elas imaginadas e construídas pelo Homem. Como se podia prever, muita gente gostou, mas outra gente contestou a decisão. Na verdade, quase todas as obras nomedas são fruto do esforço de mãos escravas ou construídas para tornar a morte num espectáculo (Coliseu de Roma).
É mentira que o mundo pode ser mais democrático com o uso das novas tecnologias. O sistema de votação é prova disso: onde há pouca profusão de Internet ou países com pouca população, as hipóteses de vencer eram ínfimas.
A UNESCO já contestou os resultados e com muita razão. Por mim, o Estádio da Luz foi a maravilha que não precisou de ser nomeada, pois esteve sempre presente.

domingo, julho 08, 2007

O problema das mulheres bonitas


Como dizer não a uma mulher bonita? Como resistir à beleza de uma mulher? A História fala-nos de guerras que foram despoletadas por causa de mulheres que reis cobiçaram. O tempo passa, o homem evolui mas, nesse campo, não aprendeu nada. O homem não sabe como lidar consigo, nem com os outros quando uma mulher bonita lhe aparece à frente. Mulher bonita devia ser assunto de Estado. Este bem podia ser o problema da Humanidade.


Dir-me-ão alguns leitores que este texto não passa de uma manifestação machista, sexista e outras coisas parecidas que pretende diminuir a importância do sexo feminino ao torná-lo um mero objecto sexual de domínio masculino. Pois bem, reconheço que sou culpado: gosto de mulheres bonitas. No entanto, rotulá-las de objecto é um exagero. Na presença de uma mulher bonita, o tema de conversa que se tinha passa a secundário, a fútil, sem importância, originando um novo tópico de discussão em torno daquela beldade. O homem só pode agradecer a deus, à natureza, aos pais dela, a quem quer seja que tenha contribuído para tornar este mundo mais belo. Antes de continuar: o que é uma mulher bonita? Existe um padrão de beleza pelo qual os homens deste mundo, sem o saber, se regem. Daí o sucesso das Top Models, actrizes e cantoras que despertam as fantasias mais loucas dos homens. É a beleza global inalcançável, indefinível, mas consensual, que transforma estas mulheres nas novas deusas que de lá de cima do seu Olimpo mandam posters, autógrafos, canções vazias e sorrisos para os mortais embriagados pela luxúria. O físico não é tudo, clamam os politicamente correctos. É verdade. Para além da beleza física estonteante, existe a beleza do charme. Há aquela mulher discreta que possui um "je ne sais quoi", que, pela sua inteligência, pela sua eloquência, pela sua graça, pelo seu dote artístico ou, simplesmente, por ser femme, desperta paixões arrebatadoras. Por mais que se lêem definições sobre mulheres nos dicionários e nas enciclopédias, estas acabam por ser sempre imprecisas ou até incorrectas. Mulher bonita não se define, aprecia-se e ama-se.


Viajando um pouco pelo mundo, verifica-se que o conceito de mulher bonita, se bem que geralmente igual, vai tendo as suas nuances. Conforme as culturas, as tradições, a história até, a beleza é corporalmente localizada. Do Brasil, a beleza de uma mulher centra-se na famosa "bunda" tão celebrada pela poesia de Drummond de Andrade. Dos Estados Unidos, ela centra-se nos seios, daí a profusão de clínicas de cirurgia plástica. Em Itália, gosta-se da mulher "au naturel". E Portugal? Há bem pouco tempo, beleza e mulher portuguesa não rimavam. Quero acreditar que a entrada do país na União Europeia não só ajudou a emancipar a mulher como também a tornou mais atraente. Eis um bom argumento para calar os eurocépticos. À falta de subsídios, temos por consolo as nossas mulheres já sem bigode! Presentemente, o homem português deixou de olhar para as estrangeiras com um ar abismado e contempla fogosamente a esposa, a namorada ou a vizinha.


O problema da mulher bonita é que ela tem tudo o que quer, como quer, sem nunca ninguém lhe mostrar grande oposição. Não há mulher bonita que fique muito tempo no desemprego; não há mulher bonita que não tenha uma lista de pretendentes; não há mulher bonita que fique por casar. Se tudo isto é positivo, por que razão falar em problema? A beleza não é eterna: é efémera; esvai-se com devir do tempo. Uma mulher bonita que se olha ao espelho sofre na velhice. Torna-se difícil aceitar esta condição humana. A imagem incontornável de Marylin Monroe é prova disso: se tivesse envelhecido como todos nós, nunca teria o estatuto que agora possui.


Esta crónica bem podia ter como origem a recente polémica em torno da rainha das Sanjoaninas; pois serviria para explicar em parte o domínio fascinante que provocou na comissão das festas. Contudo, os angrenses escusam de se preocupar porque, para o ano, a controvérsia não voltará a repetir-se. A única forma de dizer não a uma mulher bonita é ter outra mulher bonita na liderança. Esta crónica bem podia ter como motivo a vinda recente da cantora Jennifer Lopez a Lisboa para cantar duas músicas em playback, levando para casa um milhão e meio de euros em cachet, pois servira para explicar em parte a razão de se pagar tanto por tão pouco. Mas não. Este texto tem como pretexto o Verão e todas as rainhas desconhecidas que deixaram o seu sombrio local de trabalho, a sua cidade poluída e cinzenta, a sua freguesia pacata e triste rumo às praias comprovando, mais uma vez, que dos dois sexos o homem é quem mais se parece com um objecto. Parafraseando o título de uma canção francesa: "femme, je vous aime."

segunda-feira, julho 02, 2007

A futura Academia de Juventude


Em tom de piada, mas nada depreciativo, se diz que os Açores têm oito ilhas e um parque de diversão. Devido às suas inúmeras festas, aos seus eventos culturais de entretenimento – dos quais se destacam os bailinhos de Carnaval, as touradas à corda e as marchas de São João –, devido à boa-disposição "endémica" e à hospitalidade da sua gente, a Terceira simboliza o tal parque de diversão. Com o passar do tempo, as outras ilhas apetrecharam-se de equipamentos e de infra-estruturas que lhes permite realizar grandes eventos culturais desenvolvendo assim uma espécie de concorrência saudável em que os habitantes só têm a ganhar. Com a apresentação pública do projecto para a Academia de Juventude, a construir na Praia da Vitória, a Terceira, se bem que inconscientemente para alguns, deu o primeiro passo no processo de (re)afirmação da ilha no panorama regional.



Com o desejo de aproximar o arquipélago do mundo global, usando para esse fim os apoios financeiros da União Europeia, o governo regional e as autarquias apostaram fortemente na aquisição de meios para receber manifestações culturais de todo o tipo. Associações de jovens – e não só –, com ou sem fins lucrativos, organizaram espectáculos e eventos culturais com o intuito de trazer nomes reconhecidos, nacional ou internacionalmente, dando a oportunidade aos açorianos de se sentir perto dos seus ídolos e até de dar um ar cosmopolita às principais cidades dos Açores. Porém, as autoridades esqueceram-se que o talento não tem fronteiras, nem nacionalidade. Muitos jovens açorianos com um talento artístico especial ou não se conseguiram emancipar, ou partiram das ilhas para alcançar o seu sonho. Para eles, os Açores ainda não reúnem as condições necessárias para dar uma formação artística adequada ou para possibilitar a empregabilidade no âmbito cultural. Isto é, persiste a ideia de que viver do seu talento não passa de uma ilusão que só é conseguida lá fora.



Falar da cultura açoriana constitui um exercício interessante que fomenta discussões apaixonantes. Alguns dirão que só existe cultura popular; outros verão o "cunho" açoriano em manifestações culturais que estão para lá das limitações das ilhas e do mar que as rodeia. No entanto, há um consenso que se alarga cada vez mais: não é só por se falar de mar, de baleias, gaivotas e xailes negros que se tem obrigatoriamente música, literatura ou pintura açorianas. As novas tecnologias, aliadas ao poderio económico de certos países, permitiram que certos movimentos culturais penetrassem em zonas mais isoladas geograficamente e, por conseguinte, culturalmente, dando-se assim o fenómeno de contaminação. Não quer isto dizer que se sobrepuseram ou extinguiram aspectos culturais até há pouco predominantes. Verifica-se, pelo contrário, que houve um reforço no sentido de pertença a um local e da identidade para com uma estrutura etnográfica. Podemos então considerar as novas gerações bi-culturais. Absorvem, simultaneamente, duas culturas: a global e a local. A aproximação das duas culturas para os Açores permitiu uma perspectiva comparativa e abriu o horizonte a milhares de jovens que se conseguiram identificar nesses dois pólos.



A Academia de Juventude pretende potencializar o valor artístico dos açorianos. Se é academia de juventude de nome que não o seja também no conceito, pois o talento não tem idade, nem condição social. Para lá da formação, do descobrimento de talentos, da realização de exposições e espectáculos, é preciso "agarrar" a matéria-prima. É de todo conveniente não deixar que estes artistas se instalem fora da região usando o argumento de que "santos da casa não fazem milagres". Quando se discute sobre quais as possibilidades, as valências que a Terceira possui para se tornar economicamente mais atractiva, eis a resposta: a cultura! Este espaço constitui uma oportunidade para a valorização das pessoas, para o contributo demográfico e para o desenvolvimento não só da ilha como de todo o arquipélago. Agora, é preciso alertar que, se os objectivos propostos forem levados à risca, este processo poderá levar uma geração inteira para se sentir os efeitos no seu todo.



O Presidente da Câmara da Praia da Vitória, Roberto Monteiro, percebeu a importância de ter este trunfo para a dinamização económica do seu concelho. Resta estimular as empresas privadas de forma a que estas também aceitem patrocinar artistas e eventos culturais locais. A cultura, associada à vertente turística, pode rentabilizar muito dinheiro se for bem aproveitada e convenientemente divulgada.



Há ainda dois ramos que, devidamente explorados, podem contribuir para um maior progresso da ilha. O desenvolvimento de áreas para a investigação científica e para a prática desportiva são apostas certeiras que trarão a ilha Terceira de novo ao centro do mundo. Deste modo, de parque de diversão a Terceira passará a chamar-se centro de descobertas.