Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Da dívida perpétua à austeridade perpétua

Realmente, o meio-termo é uma virtude difícil de alcançar.

domingo, dezembro 18, 2011

A grande jogada do PS



Em tempo de contenção, as autarquias optam por poupar em tudo o que podem. Angra não é excepção. No entanto, se a cidade património se conteve com os gastos na colocação de luzes de Natal, apostou fortemente no folclore político, provavelmente, com o intuito de animar as suas ruas e os seus munícipes. O problema é que a brincadeira pode sair cara aos cidadãos.

A telenovela sobre a câmara de Angra dará certamente bons enredos para os bailinhos de Carnaval e, de facto, nada melhor do que rir para esquecer um pouco as vicissitudes do dia-a-dia. Só lamento que, ao invés de serem comediantes, sejam políticos a protagonizarem tal situação.

Já o tinha dito: só a estabilidade poderá trazer paz ao concelho. E só há duas soluções: ou se deixa o PS governar ou se procede a eleições intercalares. Contudo, a estabilidade tem um preço e parece que ninguém está disposto a pagá-la, nem os socialistas, nem a oposição.

Por mais admiração e respeito que nutro por certas pessoas directamente envolvidas nesta contenda, considero que ninguém sai bem na fotografia. Independentemente da forma desastrosa como o Presidente da Assembleia Municipal de Angra, Ricardo Barros, apresentou a proposta do PS, misturando o plano partidário com o digno cargo que ocupa na autarquia, ele não deixa de ter razão: ou as duas condições propostas são aceites pela oposição ou o PS não governa. Ao manter o actual impasse, não há obviamente condições para continuar.

A oposição, PSD e CDS, bem pode indignar-se perante a chantagem apresentada, mas em nome da estabilidade da câmara, as condições exigidas pelo PS fazem todo o sentido. Contudo, estas deviam ter sido negociadas no recato dos gabinetes da edilidade e não no meio da Praça Velha. Todos estes políticos têm clamado pela dignidade dos cargos que ocupam mas têm feito muito pouco por ela. A Câmara de Angra transformou-se numa partida de futebol. Neste jogo político, a bola passa para a oposição. E o que tem a ela a propor?

Muito pouco. À partida, recusa o Orçamento que irá ser proposto pela nova presidente, Sofia Couto, porque é o mesmo que a ex-presidente ia apresentar. Também critico esta inflexibilidade da nova presidência que deveria, por uma questão de humildade, ouvir primeiro a oposição. Mas, como é notório, Sofia Couto será mais uma figura decorativa do que propriamente a presidente da câmara de Angra. Ricardo Barros diz, Sofia Couto executa.

Há uma solução que considero exequível e que poderia entalar de vez o PS, conferindo ao PSD e CDS uma nova dignidade de que Angra precisa mas, sobretudo, merece.

Os dois partidos deveriam ter a astúcia de se unir não só para demitir a presidência da Câmara, como também com o fim de se apresentar em coligação nas eleições intercalares. Deveriam convidar uma personalidade consensual para os dois partidos e, deste modo, concorrer enviando uma mensagem forte aos angrenses: estabilidade e competência. Não haveria candidato do PS que pudesse vencer contra tal colosso e o caso ficaria arrumado de vez, não só até 2013 como para lá desse ano. Angra respiraria de alívio e de júbilo.

Mas isto não passa de um desejo.

A haver eleições antecipadas e a manter-se cada partido no seu canto, o resultado poderá dar o mesmo das últimas autárquicas, com a agravante de haver uma abstenção maciça, pois os angrenses estão fartos de intrigas políticas. Obviamente que a campanha irá cair muito mal porque os sacrifícios exigidos aos açorianos não se coadunam com comícios e jantaradas. Espero que o bom senso pese na decisão dos nossos políticos.

Aproveito para manifestar a minha perplexidade pelo facto de o Conselho da Ilha Terceira não ter proferido nenhum comentário relativamente a esse assunto. A sua ausência neste processo deve corresponder, provavelmente, à sua utilidade.

domingo, dezembro 11, 2011

Três açorianos a não perder de vista



Em tempos conturbados, as pessoas querem acreditar que há quem possa fazer a diferença, trazendo-lhes esperança e confiança para enfrentar as dificuldades.

Até agora, esta missão tem sido da responsabilidade dos políticos. A História mostra-nos como o progresso da Humanidade foi construído graças aos homens e mulheres visionários que lideraram povos e nações, facultando prosperidade e paz.

Actualmente, as democracias permitem que organizações fora do espectro político evidenciem o seu trabalho em prol das pessoas e até influenciem as decisões de governos. Desde sindicatos às associações empresariais, o progresso constrói-se na base do diálogo, da concertação, isto é, da pluralidade de opiniões que as leis se encarregam de arbitrar. Em último lugar, os cidadãos, através da comunicação social, acabam por avalizar aquelas que lhes parecem ser as decisões mais correctas na defesa do bem comum.

Dito isto, é cada vez mais notório que a Região dispõe de pessoas competentes e inteligentes que querem dar o seu contributo para o progresso da sua terra. Pessoas que se destacam pela sua perseverança, recorrendo a outro expediente que não os partidos políticos. A tal sociedade civil de que muitos falam, mas que na realidade, quando aparece, deixa algum desconforto.

Admitindo a minha injustiça por não referir outras figuras açorianas com papel de relevo na sociedade açoriana, destaco Mário Fortuna, Sandro Paim e Paulo Silva por darem um contributo concreto para a resolução dos problemas que a Região enfrenta.

Mário Fortuna e Sandro Paim são os dois, respectivamente, presidentes das Câmaras de Comércio de Ponta Delgada e de Angra do Heroísmo. O primeiro, eminente académico da Universidade dos Açores especialista em economia; o segundo, empresário de sucesso, oriundo de uma família importante e influente da ilha Terceira. Ambos têm, no seu historial, um percurso atribulado nas lideranças das câmaras a que presidem. Contra ventos e marés, conseguiram impor-se pela sua capacidade criativa e assertiva na forma como vêem o desenvolvimento dos Açores.

Paulo Silva tem um percurso de vida realizado com muito trabalho - e sorte -, mas também ele com perseverança perante adversidades e adversários de renome. Contudo, contrariando um trajecto que se afigurava político quando se juntou ao PSD, optou surpreendentemente pela via empresarial. Há pouco tempo, apareceu outra vez nos órgãos de comunicação social como mentor do projecto cívico MR9, no qual tenta despertar a sociedade civil não só para os problemas da Região como para o seu potencial de desenvolvimento.

Na minha opinião, estes três senhores não podem ser esquecidos ou afastados das decisões estratégicas de desenvolvimento para os Açores. Economia é a palavra-chave para a criação de emprego e para a dinamização da sociedade. Daí a relevância destas personalidades que merecem toda a atenção nos tempos de mudança que avizinham nos Açores.

Nota 1: É bom que os micaelenses se preparem, porque a SCUT do Nordeste em breve deixará de ser gratuita. Digo isto por uma razão muito simples: com que cara um Governo dos Açores é capaz de cobrar taxas “moderadoras” de saúde mas não cobra uma estrada que custa os olhos da cara. Este debate tem de ser feito e por todos, já que afinal todos os açorianos participam no seu financiamento, mesmo aqueles que não circulam nela.

Nota 2: Muito se tem falado na falta da solidariedade da Alemanha. Por cá, ninguém repara que o Governo Regional deu tolerância de ponte na sexta 23 de Dezembro, ao contrário do continente em que não haverá a mesma benesse. O mesmo país, dois critérios. Como se pode ver, só se fala em solidariedade quando dá jeito. Lamentável.

sábado, dezembro 03, 2011

Será Angra amaldiçoada?

Foto: Rúben Tavares


Na Praia da Vitória, o presidente da Câmara, Roberto Monteiro, apresentou recentemente o orçamento para 2012. Dois objectivos destacaram-se na apresentação: poupança e melhor eficiência na gestão dos recursos. Roberto Monteiro soube, com sobriedade, transmitir uma palavra de confiança a todos os trabalhadores da autarquia, bem como os das empresas municipais, garantindo-lhes que os seus postos de trabalho não estão em causa. Para além disso, o edil apresentou uma estratégia de desenvolvimento para o concelho que assenta na revitalização do centro histórico e na dinamização do comércio tradicional. É preciso aprender a fazer, no mínimo, o mesmo com menos dinheiro.

Em Angra, o caos está instalado. E o pior é que os angrenses já passaram por isso. Parece uma telenovela manhosa em que a história se repete, mas com novos protagonistas.

Com a demissão de Andreia Cardoso, eu pergunto-me: mas que mal fizeram os angrenses por merecer isto? No plano estritamente pessoal, penso que eu e todos os angrenses estamos solidários para com Andreia Cardoso. Mas no plano político, esta saída não podia acontecer em pior altura.

É verdade que ninguém manda no destino de cada um. Quando a tragédia chega, não avisa. Mas não deixa de ser um facto que a presidência da câmara estava há muito fragilizada por causa de conflitos irreconciliáveis com a oposição. As suspeitas de favorecimentos políticos e pessoais, e as acusações de incompetência eram recorrentes na Praça Velha. O próprio Partido Socialista da Terceira sente um sufoco crescente por não saber como lidar com a situação. Provavelmente, alguns socialistas já não a apoiavam como seria desejado e necessário.

Mas a vida continua. O tempo não pára.

Relativamente aos munícipes angrenses, esta situação é delicada porque a instabilidade política só vai trazer prejuízos. Seria mais aconselhável manter a actual presidência até às novas eleições. Sejamos sinceros: quem criou este problema foi o Partido Socialista. É sua obrigação resolver este imbróglio. O problema é que falta ainda muito tempo até à data oficial das eleições. O actual vice-presidente da Câmara de Angra, Francisco Cota Rodrigues, dispõe de todas as condições legais para tomar conta da edilidade. Contudo, faltam-lhe condições políticas. Não me parece que o PS o apoie nesse caminho. Relativamente ao PSD e CDS/PP, é claro que as eleições antecipadas representam o único desfecho possível. Por uma questão de decoro, a haver eleições antes do tempo, cabe à presidência camarária – e não à oposição - demitir-se e pedir que os angrenses decidam sobre o destino do concelho.

Sim, angrenses, lá vamos nós a mais uma eleição.

O orçamento para 2012 ainda não foi aprovado, o que complica de sobremaneira os destinos do concelho. Tendo em conta o peso da oposição na votação do documento, Angra encontra-se num impasse cuja saída passa, a meu ver, pela governação por duodécimos (o orçamento do ano anterior deve ser dividido por doze e é essa a verba máxima a despender nesse mês) até a realização das eleições, cabendo ao partido vencedor definir o orçamento para os restantes meses de 2012.

Mas o problema não fica resolvido por causa das eleições. E, pela experiência, os angrenses sabem muito bem disso. Quem vão ser os candidatos?

Serão António Ventura e Artur Lima os candidatos ideais pelos seus partidos? No PS, a questão coloca-se nos mesmos moldes: qual será a melhor figura para concorrer à eleição? Os socialistas sofrem de um grande desgaste. Os angrenses perderam a paciência com tanta instabilidade. Aliás, o facto de já haver quem fale no nome de Sérgio Ávila para a presidência mostra o quanto o PS de Angra se encontra desprovido de personalidades que possam fazer a diferença.

Gostava que independentes ilustres do concelho se mostrassem disponíveis para participar nas eleições. Enquanto não houver estabilidade política na Câmara de Angra, é toda a ilha Terceira que fica prejudicada.

Angra, mais do que ser património, faz parte das nossas vidas.