Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, abril 29, 2012

O sucesso do turismo nos Açores

Um estudo foi apresentado numa Conferência Cientifica sobre o turismo nórdico nas ilhas atlânticas, em que se procedeu a uma sondagem aos turistas nórdicos.

Os resultados são avassaladores: Do questionário que lhes foi feito conclui-se que tudo o que envolve presença ou intervenção humana (hospitalidade, transportes, animação) é negativo. De positivo destacam as paisagens e o clima (o que a natureza é). 


Continuo com a mesma dúvida: será que esses turistas frequentam os restaurantes açorianos? Que têm a dizer da nossa gastronomia? 

Talvez se fiquem só pelo pacote turístico que adquiriram.

sábado, abril 28, 2012

O pequeno-almoço na escola


                       
Sei que, num momento de profunda crise, é por vezes necessário que o Estado seja mais assistencialista por forma a apoiar no imediato situações de carência social graves. Mas a iniciativa que levou a que todos os partidos recomendassem ao Governo da República para que fosse fornecido pequenos-almoços nas escolas deixa-me muitas reservas.

            Com base em relatos preocupantes de crianças que vão para a escola de manhã em jejum, supostamente em consequência das medidas de austeridade, partidos como o Bloco de Esquerda defenderam que era preciso dar esse tipo de apoio aos alunos em causa. Os partidos da Direita ficaram sensibilizados com a ideia. Contudo, distanciaram-se quanto à forma de pôr em prática o fornecimento de pequenos-almoços nas escolas. Pudera. Como determinar quem realmente precisa desse tipo de ajuda?

            Mas, a meu ver, a questão é mais profunda e o fator ideológico deve ser considerado: será que cabe ao Estado dar este tipo de ajuda? Daí a minha perplexidade relativamente aos partidos da Direita sobre este assunto.

            Antes da crise, já havia crianças a irem de manhã para a escola sem comer. E as causas para que tal acontecesse diziam mais respeito à falta de organização na família – há quem diga negligência - do que propriamente à falta de comida em casa. E isto sem falar daquelas milhares de crianças que acordam de manhã sem vontade de comer por causa do fastio matinal.

            Mas, no caso em apreço, mesmo por causa das dificuldades económicas, os apoios sociais existentes deveriam suprir este tipo de carências. Então, para que servem os subsídios sociais; os Bancos Alimentares e outras instituições de solidariedade social; os apoios das Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia; e outro tipo de auxílios cuja existência não tenho conhecimento? 

No ano de 2012, não podemos aceitar que crianças portuguesas possam passar fome ou sejam gravemente negligenciadas. A acontecer, devemos concentrar todos os recursos disponíveis para que isso acabe. Mas, mais uma vez, não é dando pequenos-almoços nas escolas. Já agora fica outra dúvida: enquanto as crianças comem nas escolas, o que comem os pais em casa?

Sejamos coerentes: se, por dificuldade sociais, as famílias não são capazes de dar de comer aos seus filhos, então o Estado tem a obrigação de lhes facultar pelo menos três refeições diárias. No mínimo. E se os pais não são capazes de criar as suas crianças, então o Estado deve tomar conta delas.

            As famílias não podem preteridas das suas responsabilidades no que diz respeito à educação, mas sobretudo quando se trata de facultar aos filhos todas as condições para um crescimento, no mínimo, equilibrado. Defendo que o Estado não se pode imiscuir na vida dos cidadãos e, neste caso, das famílias de forma tão intrusiva. Isto não é normal quando ao mesmo tempo se defende a liberdade das pessoas, a diminuição dos impostos e a redução do peso do Estado nas empresas e na vida das pessoas. Mais Estado significa menos liberdade. Mas mais liberdade significa mais responsabilidade individual. 

            Não nego que possa haver situações de desespero e de miséria, mas são, claramente, exceções e certamente casos assinalados junto das autoridades competentes. Generalizar isto para o meio escolar é decretar o fim da responsabilidade parental e o convite à negligência dos encarregados de educação. Não, a escola não serve para isso.

            Quanto mais se quer defender o Estado Social, mais se cria condições para acabar com ele.

domingo, abril 22, 2012

As Primárias do PS Açores



            No PS, o incómodo aumenta à medida que o PSD vai explorando ao facto de o candidato Vasco Cordeiro ter sido nomeado à porta fechada por um conjunto de ilustres do partido, ao invés de ter sido dado voz aos militantes. Entre o tabu de Carlos César, prolongado por demasiado tempo, e a solução encontrada para empossar o candidato às próximas eleições, o PS Açores tem revelado falta de visão estratégica, o que irá certamente penalizá-lo em Outubro.

            Tudo podia ter sido diferente. E para melhor. Mas Carlos César optou por alimentar o tabu sobre a sua provável recandidatura ao ponto de ter fragilizado qualquer candidato à sua sucessão. Depois, a reunião que nomeou Vasco Cordeiro. As bases do PS não foram ouvidas. O Presidente – do PS e do Governo – imiscuiu-se no futuro do seu partido, impôs a sua vontade, impedindo o que já muitos partidos socialistas fizeram e fazem na Europa: Eleições Primárias.

            Erro básico de perceção política. Erro fatal. 

            Basta imaginar a força que teria a atual candidatura se tivesse sido sufragada por todos os militantes socialistas. Basta imaginar a possibilidade de notáveis como Sérgio Ávila, José Contente e, claro, Vasco Cordeiro terem concorrido democraticamente para a liderança do partido, cada um apresentando as suas ideias para o desenvolvimento da Região, abrindo o debate para a sociedade açoriana. Como os partidos da oposição - nomeadamente o PSD - ficariam ofuscados pela transparência do PS. Partido que sempre se vangloriou de ser democrático e pluralista.

Mas não. A soberba do poder imperou e os erros vão-se sucedendo. De repente, em véspera do Congresso do PSD, Vasco Cordeiro, num súbito laivo de ética política, demite-se do seu cargo de Secretário Regional da Economia supostamente para se dedicar a tempo inteiro à sua candidatura, mas afinal retoma o lugar enquanto deputado na Assembleia Regional, provocando a fúria de muitos deputados por se sentirem enxovalhados e o descontentamento dos cidadãos, porque a sua atitude condiz com a lengalenga “os políticos são todos iguais”. Logo após a sua saída, a Secretaria da Economia informa de que anda há seis meses a negociar com a companhia aérea Low Cost Easyjet a possibilidade de ligar São Miguel e Terceira ao continente. Tudo o que muitos açorianos desejam, mas que parecia, ainda há pouco tempo, impossível de alcançar. Isto tudo a seis meses de eleições. Para quem vê de fora, até parece que alguém dentro do PS anda a prejudicar propositadamente a campanha de Vasco Cordeiro.

Ao contrário das outras vezes, esta campanha está sujeita à conjuntura de crise que o país atravessa. Mais do que em qualquer outra altura, o partido que está no poder tem de prestar contas aos eleitores. Porém, o Governo ainda vive em estado de negação. Diz que a culpa é dos outros. Aqui, estava tudo bem, até os outros fecharem a torneira dos milhões. Pensando bem, se não fosse esse pormenor, a Grécia, a Irlanda e Portugal continuariam a viver bem, tal como antigamente.

A oposição aproveita esta desvantagem para reforçar o apoio junto dos eleitores, mas todos sabem que as promessas não podem ser vãs, muito menos demagógicas. E de facto, todos os partidos têm pautado por uma certa contenção no discurso programático, adequando-o à realidade. E a realidade é que ninguém sabe ao certo o que irá suceder no final deste ano, muito menos em 2013. Não há campanhas perfeitas. Por isso, é escusado os comentadores lamentarem de cada vez que um candidato tem um deslize ou faz acusações desajustadas. Na verdade, tudo se jogou quando de Carlos César quebrou o silêncio. “Ó tempo, volta para trás” devem cantar alguns. Como contribuinte, resta-me exigir que haja bom senso nos gastos com a campanha. Desta vez, Tony Carreira deverá ficar de fora.

Costuma-se dizer que em eleições não há propriamente um vencedor; o candidato ou o partido que está no poder é que as perde. O PS, impotente perante a crise, sem estratégia para a campanha eleitoral, desistiu da luta. Cumpre calendário para daqui a uns meses tirar a mesma conclusão. Um partido não pode ter dois líderes: um que ainda lá está, mas que se tornou um empecilho e outro que foi nomeado pelo seu superior, mas que não tem margem de manobra.

domingo, abril 08, 2012

O incómodo do PCP Açores

Não entendo a pressão do deputado comunista sobre o suposto uso de cargos públicos para efeitos eleitoralistas, nomeadamente os candidatos Vasco Cordeiro e Berta Cabral (os únicos com cargos executivos, claro).

Alguém já pediu a Sarkozy ou a Obama para se demitirem do cargo durante as respetivas campanhas eleitorais? Aliás, essa questão nem sequer se coloca.

Não concordo e acho que para o bem e para o mal, as pessoas em causa devem ocupar os seus cargos até ao fim. A oposição é que deve fazer o seu papel e fiscalizar o uso correto dos dinheiros públicos (neste caso, a Presidente da Câmara de Ponta Delgada, ao contrário do Secretário Regional da Economia, dificilmente poderá justificar recursos do seu município para viagens e despesas noutras ilhas).

Ninguém é ingénuo, sempre foi assim: inauguração de obras em plena campanha, mistura entre cargo ocupado e candidatura. Promessas não cumpridas. A política é assim. Até os chamados movimentos cívicos estão envenenados com politiquices e intrigas palacianas.

O PCP já anda nisto há demasiado tempo para se fazer de néscio.

domingo, abril 01, 2012

Os campeões da sensibilidade social



Tenho acompanhado, com bastante humor, a nova moda inaugurada pelo PS que consiste em acusar o Governo de insensibilidade social. Não deixa de ser interessante observar como o partido que pôs o país na bancarrota se ponha a clamar tanto pela justiça social. Agora que cabe ao atual governo resolver o problema criado pelo seu antecessor, o PS limpa as mãos, assobiando para o ar, como se nada tivesse a ver com o assunto. Até a mim já me custa ter de usar o mesmo argumento para contradizer o PS, mas não há forma de os socialistas perceberem que não falar do passado não significa fazer como se nada tivesse acontecido. O compromisso com entidades externas foi assinado e não há como fugir dele.

A atual direção do PS, liderada por António José Seguro, é de transição, mas os únicos a não perceberem isso são os próprios. É notória a sensação de que muitos outros socialistas notáveis já não podem com aquela direção nem com a forma como Seguro conduz o partido.

No entretanto, o despique relativo à insensibilidade social já atravessou o Atlântico e chegou aos Açores em plena pré-campanha eleitoral. O PS regional, muito criativo quando se trata de demagogia, mas nada original no que se refere ao combate político, apropriou-se da mesma ideia e acusa o seu principal adversário de ser também um insensível social. Aos poucos, vê-se um partido, outrora magnânimo, unido e forte, transformado num partido de queixinhas, tal “Calimero”, que culpa tudo e todos pelos males que ocorrem na Região: é culpa da conjuntura externa, do Governo da República neoliberal, do Tribunal de Contas, dos jornais açorianos por não escreverem notícias positivas, nomeadamente aquelas que favorecem o PS, da líder do PSD Açores que é velha de mais para chefiar o Governo Regional, e da mesma senhora, enquanto Presidente de Câmara, que está sempre fora de Ponta Delgada (aliás, nestes dois últimos casos, a narrativa tem por premissa “ao contrário também dá certo”, isto é, se Berta Cabral fosse nova, seria mau para os Açores porque não tinha a experiência exigida nestes tempos tão conturbados; e se estivesse sempre metida em Ponta Delgada era porque desprezava as outras ilhas).

Em suma, todos são maus, menos o PS que é bom. Só o PS é que sabe defender os interesses dos Açores e dos açorianos. Este discurso acabará por lhe ser prejudicial porque revela falta de humildade e desonestidade intelectual. Aos poucos, os socialistas vão-se descredibilizando, restando a quem aprecia a luta política a possibilidade de encarar a campanha eleitoral como um momento de humor bem à portuguesa.