Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

A minha foto
Nome:
Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, janeiro 27, 2013

As mentes brilhantes da DRE




A escola pode ter muitos defeitos. Mas o que não pode de maneira nenhuma é discriminar qualquer aluno por razões étnicas, religiosas ou económicas. A escola pública pode estar nas ruas da amargura, mas ao longo da sua história sempre criou oportunidades para as crianças e jovens subirem na vida. Alguns iluminados da Direção Regional da Educação resolveram levar este pressuposto ao extremo e criaram o programa Oportunidades. 


Já muito se falou sobre este programa alternativo ao currículo regular para os segundo e terceiro ciclos. Dos Conselhos Executivos aos Sindicatos dos Professores, existe consenso sobre a matéria: este programa fomenta mais desigualdades, anulando as “oportunidades” que supostamente deveria criar. De um currículo restrito a um número muito reduzido de alunos, os “OP’s” têm-se transformado num autêntico sistema paralelo ao ensino regular cujo número de turmas aumenta a cada ano que passa. Neste momento, há alunos que nunca conheceram o ensino regular, ao invés, foram frequentando progressivamente o nível um, dois e três dessa aberração pedagógica. 


Quando as mentes brilhantes da Secretaria Regional da Educação criaram o programa “Oportunidades” para combater o insucesso e o absentismo escolares, nunca pensaram que estavam a erigir os primeiros guetos das escolas açorianas. A intenção era boa, mas os resultados são desastrosos. O programa “Oportunidades” é justamente a transposição da pobreza endémica dos Açores para o meio escolar. Nem os responsáveis pelo casting da “Casa dos Segredos” fariam melhor. E se alguém na DRE pensa que, ao juntar os alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas de absentismo, está a salvá-los bem se engana: o problema amplifica-se. À luz da DRE, a única vantagem, talvez, seja a de eles não participarem nos Exames Nacionais para não piorar os já tristes resultados da Região.


A esmagadora maioria dessas turmas é constituída por alunos ou de famílias carenciadas ou com problemas graves de negligência parental, acabando por serem marginalizados pelas suas escolas. Os professores do quadro encaram essas turmas como um “castigo” a evitar, fazendo com que a responsabilidade recaia nos professores contratados que estão completamente fora do contexto ou nalguns professores-heróis. Os programas escolares são tão subjetivos e ligeiros que se torna difícil perceber o que se pretende com esses alunos. Alguns professores têm por missão ensinar miúdos com 15 anos a ler, e outros a saber comportarem-se dentro da sala de forma respeitosa e civilizada. Acabando-se o programa, alguns alunos optam por regressar aos currículos regulares, mas não conseguem acompanhar o ritmo dos seus colegas porque a sua preparação é muito deficiente. No final, temos alunos impreparados para o futuro que se agarram aos cursos profissionais disponibilizados na sua ilha. E, como se sabe, as escolas profissionais dão-se ao luxo de escolher os seus alunos. E esses alunos, devido às suas parcas competências, não interessam a ninguém.


Não me cansarei de falar sobre o assunto até que alguém com responsabilidades faça alguma coisa. Tenho esperança no Secretário Regional Fagundes Duarte. Pelo menos, já demonstrou alguma sensibilidade social desde que tomou posse.


PS: faz sentido obrigar um jovem com 17 anos a ficar na escola, ameaçando-o com CPCJ e tribunais, só porque alguns iluminados da política assim o quiseram? O debate sobre o alargamento da escolaridade obrigatória será feito, nem que seja à força.

quinta-feira, janeiro 17, 2013

A Queda da Câmara da Praia




                Não há dúvidas de que Roberto Monteiro tem feito um grande trabalho na Praia da Vitória. Nutro admiração pela forma como o Presidente da Câmara soube tirar proveito das potencialidades do concelho e permitir assim o seu desenvolvimento. Basta ter olhos e um pingo de seriedade para reconhecer o óbvio. Contudo, tudo tem um custo. E a fatura chegou. 

                Foi apresentado oficialmente o relatório final da auditoria do Tribunal de Contas à Câmara da Praia e as conclusões são muito preocupantes. A dívida da edilidade tornou-se insustentável - nalguns casos, há situações de ilegalidade no recurso ao crédito – ao ponto de comprometer as gerações futuras, o que significa que qualquer futuro investimento está seriamente comprometido para não dizer proibido. 

                É verdade que a oposição sempre denunciou esta situação. É verdade que a câmara sempre tentou demonstrar que geria com rigor os seus recursos. O problema é que a câmara se tornou o exemplo perfeito do que aconteceu no país: viveu acima das suas possibilidades. E o exemplo é tão perfeito que, no verão passado, a câmara contraiu um empréstimo de mais de dois milhões de euros para pagar dívidas a forncedores. Fazendo lembrar tantos exemplos á la Cofidis, contraiu uma dívida para pagar outra; este é um círculo vicioso cujo desfecho só pode dar para o torto. 

                Muito se tem especulado sobre o futuro de Roberto Monteiro. Na rua de Jesus, há quem diga que não se recandidatará por questões de saúde, outros alegam uma birra por não ter sido convidado a integrar o Governo dos Açores, outros ainda defendem que não se vai apresentar a votos por causa das dívidas. Gostava de acrescentar outra conjetura: acho que os partidos de oposição não devem apresentar candidatura para o município, mas só para as freguesias. Em abono da verdade, quem se endivida é que deve pagar.

A campanha eleitoral para as autárquicas já está em curso. Em vésperas de eleições, este assunto será esquecido, pois, por obra e graça de Deus, dinheiro não faltará para festas, apoios às sociedades e cabazes para as famílias. A estratégia do PS não falha. 

A jangada de basalto

                O período de graça do governo de Vasco Cordeiro está a chegar ao fim. Quem o diz não é a oposição, mas sim os utentes dos hospitais, os fornecedores e os prestadores de serviço que trabalham para a Administração Regional. O dinheiro está a faltar e o governo, armado em bombeiro, tenta apagar as chamas atirando dinheiro para iludir o problema. 

                Não vale a pena mostrar contentamento com o que se passa. A ideia do “quanto pior para o governo, melhor para a oposição” é perversa. Por cada erro do Governo ou dificuldade que surja, há um açoriano que sofre diretamente na pele as consequências. A oposição, nomeadamente o PSD, tem a obrigação de colaborar com o governo no saneamento das dívidas e na retoma da economia da Região. Todos estamos no mesmo barco, na mesma jangada de basalto.

                Deus queira que os políticos tenham juízo.

sábado, janeiro 05, 2013

Balanço do ano 2013




            No ano que se previa dramático para grande parte dos portugueses, ocorreram situações inesperadas, mas que trouxeram ao país um novo fulgor e uma nova esperança. Relembremos os acontecimentos que marcaram 2013.

            A crise na Europa chegou ao fim, depois de a Chanceler alemã ter feito votar uma lei no Parlamento Europeu, denominada “Lei Versager” (ou lei anticaloteiros, em português). Esta lei tem por princípio a deportação de particulares e famílias endividados, com destino à Grécia. Apesar da polémica despoletada no início, os governantes perceberam que esta é a única forma de credibilizar toda a União Europeia junto dos mercados e dos credores. A receita parece funcionar. Há, no entanto, imensas dúvidas sobre os centros de acolhimento espalhados pela Grécia que recebem os “Versagers”: ninguém sabe ao certo o que lhes acontece, mas os governantes mantêm a confiança de que as equipas médicas destacadas para o efeito estão a curar essas pessoas. Há quem diga que dentro de alguns anos elas poderão regressar aos seus países. Curadas.

            A nível nacional, desde a remodelação do Governo que as coisas melhoraram significativamente. Com a saída do Ministro da Economia e a entrada surpreendente de outro luso-canadiano, Terry Costa, o país trilhou um novo caminho. O objetivo passa por captar um novo tipo de capital estrangeiro, onde prevalece a igualdade e a tolerância, daí a necessidade de criar condições excecionais para atrair todos os Gays, Lésbicas e Transsexuais do mundo. Tal como aconteceu no Algarve que passou a chamar-se “Allgarve” - onde se aposta na imigração de terceira idade-, o país também mudou de nome, de Portugal para “Portugay”, considerada, desta feita, a nação mais Gay do mundo. O sucesso dessa transformação é tal que o Governo viu-se obrigado a instituir cotas que obrigam os bancos a ter pelo menos um heterossexual nos seus conselhos de administração. Escusado será referir que o perigo da reposição demográfica foi resolvido graças à chegada de centenas de milhares de LGBT. 

Infelizmente, os jovens portugueses continuam a emigrar, não só os diplomados, como, mais recentemente, aqueles que desejam prosseguir os seus estudos, porque já não há universidades no país. Mas, como se disse anteriormente, a medida a favor dos LGBT resolveu o problema da diminuição da população.

Em Lisboa, o outrora difamado António Baptista da Silva ganhou a Presidência da Câmara, com uma margem confortável face aos seus adversários António Costa e Fernando Seabra. Depois de a verdade ter sido exposta quando foi revelada a ignomínia cabala da ONU sobre a sua pessoa, Baptista da Silva ganhou a confiança dos alfacinhas. Uma eleição inesquecível.

            Em termos desportivos, a crise do Sporting chegou ao fim graças à nova direção. Depois de uma profunda transformação, que levou à venda de grande parte do seu património, do qual se destaca o Estádio José Alvalade - adquirido pela IURD (para alívio do cantor Pedro Abrunhosa que já não tem de se preocupar com o destino da Casa da Música) -, o SCP tornou-se a melhor equipa de críquete do mundo, para regozijo dos seus adeptos. 

            Em Lisboa, a Segunda Circular conta agora com um novo duelo de Titãs: quem tem o maior número de fiéis? Benfica ou IURD?

            Culturalmente, o destaque foi para a atribuição do prémio Camões a uma nova escritora angolana, Isabel dos Santos, pela sua obra literária “A Máquina de Comer Portugueses”. 

            Nos Açores, A Base das Lajes serve agora para receber extraterrestres. Falta somente que estes entrem em contacto com a Terra. Outro acontecimento notável foi a descoberta de rochas na ilha Terceira que comprovam a existência da Atlântida. O canal História fez todo um documentário sobre o assunto que, em termos de audiências, ultrapassou outro muito badalado sobre a relação entre Hitler, os Aliens e o Egito Antigo. Milhares de turistas de todo o mundo acorreram à ilha não para ver essas rochas, mas sim na ânsia de tirar fotografias aos inúmeros abortos arquitetónicos que vão sendo erigidos no Concelho de Angra. Graças ao novo fluxo turístico, foi aprovada em tempo recorde a construção do novo cais de cruzeiros para culminar com essa vaga de construções. A mistura entre o horror e o fascínio levou a melhor para o bem da economia terceirense.

            Em São Miguel, após sucessivas derrotas, por culpa dos árbitros, o clube Santa Clara entrou para o Convento e o Coro de São José abriu uma secção desportiva cujos resultados são surpreendentes. 

2013 foi um ano difícil, intenso mas muito positivo. Oxalá 2014 seja, no mínimo, igual.