Complot
Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...
Acerca de mim
- Nome: Paulo Noval
- Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal
domingo, julho 28, 2013
O nobre deputado do PPM, Paulo
Estêvão, defende que é preciso acabar com a preferência regional na colocação
de professores. Se fosse por uma questão de igualdade de direitos eu até me
calava. Porém, o aristocrático deputado insinua que parte do insucesso dos
alunos se deve à má formação dos professores que tiraram o curso na
Universidade dos Açores. Alto aí que essa é para mim.
Primeiro, como professor formado na
UA - e contratado há 14 anos -, tive o privilégio de conhecer centenas de
professores em diversas escolas dos Açores. Lembro que grande parte desses
colegas, açorianos ou continentais, se formou em instituições superiores do
continente.
Segundo, quando penso em professores
da UA como Machado Pires, o saudoso Martins Garcia, Vamberto Freitas, Urbano
Bettencourt, Rosa Goulart, Paulo Meneses ou Rosa Funk acho que o deputado do
Corvo está muito enganado. Sinto-me ofendido até.
Compreendo que Paulo Estêvão tenha
uma questão do foro pessoal com a Directora Regional da Educação, Graça
Teixeira. No entanto, a minha veia minhota aconselha-lhe a seguir a máxima
“Quem se mete com PS, leva” e a ser, deste modo, mais pragmático. Ao invés de
oratória de peito inchado no Parlamento, seguida de propostas de lei, porque
não usar um cacete para resolver o problema de vez?
Entre o partido político que gosta
de dar lições de democracia, mas que nunca foi a votos e aquele que vai a votos
para defender que quem deve mandar é o filho de sangue azul, inspiro-me, com
benevolência, numa obra de Miguel Esteves Cardoso e digo “A democracia é
fodida”.
A marca PS
Os placards do candidato do PS à
Câmara de Angra, Álamo Meneses, são agradáveis à vista, pois mostram locais
emblemáticos da cidade. Esta estratégia de campanha pouco usual acaba por
demonstrar o peso que o Partido Socialista tem na sociedade açoriana, porque,
se a foto do candidato não está presente, o símbolo do PS está lá bem patente.
Esta é a marca que os socialistas
ostentam com orgulho, porque muito açoriano assina de cruz, sem precisar de
conhecer realmente o candidato ou as suas ideias. Nos últimos anos, o concelho
de Angra tem vivido uma situação anómala. Em termos políticos, prevaleceu o
interesse partidário ao invés do concelho. Os angrenses sabem que a Praça Velha
tem servido de palco para a dança de cadeiras na presidência, onde a única
coisa que nunca falha é a lealdade para com o partido, disfarçada por um silêncio
constrangido, mas cúmplice. Há quem louve um partido político assim; eu cá
prefiro a liberdade na expressão de convicções e na manifestação de carácter.
Na Praia da Vitória, a marca PS já
não é tão relevante, porque o seu candidato, Roberto Monteiro, vale por si só.
Apesar da enorme margem de conforto nas hipóteses de recondução, Roberto
Monteiro tem pugnado por um discurso crispado contra as duas instituições mais
marcantes da cidade: as Forças Aéreas Portuguesa e Americana.
Discordo de uma tese que tem
veiculado sobre o alegado prejuízo que a Terceira tem sofrido pelo facto de
receber poucas escalas técnicas de aeronaves. Primeiro, considero que certas
pessoas deviam remeter-se ao silêncio neste e noutros assuntos porque defender
a ilha Terceira não pode rimar com demagogia, nomeadamente quando há eleições à
porta. Segundo, porque a presença militar portuguesa e, sobretudo, americana tem
rendido milhões à economia da Praia. Dos salários dos trabalhadores, aos
contratos para empreitadas e prestação de serviços, não me parece que haja
escalas técnicas que rendam tanto dinheiro. Ter uma base militar tem os seus
inconvenientes, mas as últimas décadas comprovam, pelo contrário, um enorme
proveito.
A actual crise, com a agravante da
redução de militares americanos, não pode alimentar um discurso revanchista
relativamente a quem tanto deu e fez por esta terra. Não se pode reescrever a
história da Base das Lajes ao sabor de estados de alma (tanta falta que faz um
Museu da Base).
Felizmente, ainda há quem não tenha
desistido e lute nos corredores de Washington e do Pentágono para defender a
nossa Base. Benditos lusodescendentes.
Perante um cenário negro, o Concelho
da Praia não precisa de uma Câmara forte, precisa é de uma oposição reforçada.
Os últimos quatro anos provaram que de nada vale ter um partido único a mandar
na autarquia, na Assembleia Municipal ou nas freguesias. Ninguém esquecerá
alguns episódios lamentáveis de compadrio, arrogância política e abuso de
poder. Não fosse o bailinho dos idosos o exemplo mais marcante e baixo dessa
situação.
Por isso, o facto de ter até agora
três candidatas (PSD, CDS e Bloco) é manifestamente uma sinal encorajador que
vai no sentido da necessidade de pluralidade democrática no seio da autarquia
da Praia. Aliás é tão encorajador que o facto de serem exclusivamente mulheres
nem sequer é assunto.
segunda-feira, julho 22, 2013
O alívio dos socialistas
Não vai faltar socialistas a dar entrevistas à comunicação social, manifestando descontentamento pela decisão do Presidente da República e por trás a respirar de alívio.
Esta é a melhor altura para quem é do PS: ir à praia, tomar banho no mar, ostentar o cartão partidário e dizer-se contra a austeridade.
Uma campanha serena
É com agrado que vejo o presidente
da Câmara de Ponta Delgada e candidato pelo PSD nas autárquicas, José Manuel
Bolieiro, a trabalhar serenamente quer para a autarquia quer para a sua
candidatura. Uma atitude positiva, construtiva e, sobretudo, otimista que vem
contrastando com a crescente crispação do seu opositor José Contente.
Apesar do peso político do histórico
socialista, as coisas não lhe estão a correr bem, pois desde aquele percalço
com o Tribunal de Contas e, na reação, as suas insinuações patéticas, José
Contente tem manifestado uma agressividade pouco recomendável para um candidato
à maior câmara da Região.
Se Bolieiro vencer, será um caso de
estudo para futuras eleições.
Onde está o Wally?
Alguém conhece o Diretor Regional da
Cultura? Sou fã de Luís Fagundes Duarte, ainda antes de se tornar Secretário da
Educação, mas acho que tem dado demasiado corpo ao manifesto em todas as áreas
que tutela, nomeadamente na cultura. Não sei se por opção ou se por achar que o
titular da pasta da cultura é demasiado tímido para fazer declarações em
público.
Outra situação é na Direção Regional
da Educação. A atual Diretora, Graça Teixeira, encontra-se numa situação
bastante desconfortável. No anterior governo exercera o mesmo cargo, mas sob a
chefia da então Secretária Cláudia Cardoso.
Presentemente, as medidas educativas
mais emblemáticas tomadas na anterior legislatura estão a ser anuladas ou
alteradas pelo atual governante, sob a assinatura da mesma Diretora.
Poderá parecer embaraçoso ou, no
pior dos casos, incoerente, mas quando se trata de defender as nossas crianças,
perdoa-se tudo.
Brincar com a saúde é democrático
O Secretário Regional da
Saúde, Luís Cabral, acha que inaugurou uma nova forma de fazer política.
Apresenta uma proposta de reforma para o setor baseada em não se sabe bem o quê
e põe todos os açorianos a discuti-la, inclusive os membros do PS. Se omitirmos
o susto aos profissionais de saúde, às populações e a revolta de responsáveis
políticos e militantes socialistas, Luís Cabral não tem pejo em manifestar o
seu contentamento, reclamando para si o valor democrático da iniciativa. Mas há
muito boa gente a achar que mais incompetente é difícil.
Imaginem
se todos os governantes fizessem o mesmo, se todas as reformas passassem pelo
mesmo processo. Para quê ter partidos? Para quê ter um governo? Para que
serviriam os políticos?
A
proposta é má ao ponto de se saber a
priori que ninguém iria caucionar que uma determinada unidade de saúde
perdesse especialidades, que nenhuma ilha aceitaria que o seu centro de saúde
fosse despromovido nas suas funções: Também não é difícil perceber que a
centralização numa ilha só pode originar mais desigualdade no acesso aos
cuidados de saúde. No entanto, o Secretário da Saúde achou por bem ouvir da
boca dos açorianos aquilo que todos já sabiam.
Numa
espécie de “tournée do desastre”, viajando de ilha em ilha a ouvir a fúria dos
ilhéus e até de camaradas do partido, Luís Cabral declara que lá vai tomando
nota do contributo das pessoas. No final, será importante comparar o resultado
final dessa auscultação com a proposta inicial. Era bom que, a seguir, alguém
no Governo tirasse ilações desta experiência “democrática”.