Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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segunda-feira, setembro 08, 2014

Meu querido mês de agosto




1    1.       Sei o que fizeste num verão passado

            Em 2010, o Presidente do Governo Regional, Carlos César, anunciou a redução do preço das passagens aéreas para 100 euros. Se alguns louvavam a ideia luminosa, o tempo provou que se tratava de um presente envenenado, pois nunca os açorianos pagariam tanto para viajar de avião.

            Coincidência ou não, a partir daquele momento, a SATA entrou em franco declínio. A estratégia de desenvolvimento da empresa fracassou e a imagem positiva que nutria junto dos açorianos desvaneceu-se rapidamente. Perante isto, só restava ao Governo sacudir as suas responsabilidades, justificando-se com a demora na revisão das obrigações de serviço público.

            Segundo as recentes notícias, a dita revisão - negociada com o pior Governo da República, segundo os socialistas - foi bem-sucedida e pode alterar estruturalmente as políticas aéreas de transporte de e para os Açores. Mas há uma conclusão a tirar disto tudo: se não for o governo central a entrar, o governo açoriano não sabe como gerir a SATA, muito menos pô-la a servir os açorianos. 

     2.      Brincadeiras de miúdos mimados

            O Presidente da Madeira, Alberto João Jardim, afirmou que queria tratamento igual ao dos Açores relativamente às tarifas aéreas para o continente. Um mês depois, o Presidente dos Açores, Vasco Cordeiro, exigiu as mesmas condições às da Madeira no que respeita ao apoio concedido pela República nas viagens entre o Funchal e Porto Santo. 

            Não se trata aqui de criticar o tempo que Vasco Cordeiro levou para responder à picardia do líder madeirense caído em desgraça; trata-se de mostrar como os governos regionais estão votados à irrelevância. Afinal, para que servem as autonomias regionais se a mão de Lisboa tem de estar presente para alimentá-las?

     3.      Quem se mete com o PS leva

            O autarca da Povoação, Carlos Ávila, ousou criticar o Governo Regional pela falta de investimento (vulgo betão) no seu concelho. Este episódio podia ter passado despercebido se tivesse ficado por aí: afinal, são todos do mesmo partido; bastava uns puxões de orelhas de quem manda para que, como das outras vezes, os diferendos entre camaradas fossem sanados longe do alcance dos holofotes mediáticos.

            Mas não. A Associação dos Municípios dos Açores (AMRAA) achou por bem meter-se ao barulho, saindo em defesa – imaginem - do Governo. Na resposta, o edil da Lagoa, João Ponte, pôs-se ao lado do seu homólogo povoacense, acusando a AMRAA de falta de solidariedade para com um dos seus associados. Como se não bastasse, o Presidente da Câmara de Vila Franca saltou para o ringue, comentando que a AMRAA “não tem dever de solidariedade” para com o autarca Carlos Ávila. 

            Conclusão disto tudo: a supremacia do PS nos Açores é tão grande que a política açoriana dispensa os partidos da oposição. Como não há almoços grátis, esses atos ou de traição ou de lealdade serão cobrados no seu devido tempo.
 
       4.      Sexo, droga e açorianidade

            Já não posso ouvir a conversa dos forasteiros maravilhados com Açores que nos perguntam sobre como é viver nas ilhas, nos inquirem sobre como deve ser difícil conviver de perto com a natureza ou afirmam de como o isolamento insular dificulta o acesso ao mundo global. 

            Quando fizerem shopping no Parque Atlântico, quando postarem um selfie no Facebook, quando ligarem a SIC Notícias ou quando virem um mendigo na marginal de Ponta Delgada, não se esqueçam: viver nos Açores é mesmo muito diferente do resto do mundo.