Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, abril 01, 2007

Sobre a imigração


Por que será que, quando o partido de extrema-direita portuguesa colocou um out-door em Lisboa a mandar os imigrantes embora, muita gente se indignou, mas intimamente até concordou? Há ou não uma relação entre esse fait divers e o facto de Salazar ter ganho postumamente num concurso televisivo? Por que será que cada vez que os governos tomam iniciativas para integrar imigrantes no país de acolhimento, os actos racistas e xenófobas não diminuem mas, antes pelo contrário, aumentam? Esta crónica podia ser uma enumeração infindável de perguntas sobre o tema da imigração e integração dos imigrantes. Este tema é delicado e, infelizmente, existe uma forte pressão do politicamente correcto que impede os políticos e responsáveis pela área de serem totalmente sinceros e independentes nos seus discursos. Afinal, a imigração é positiva ou não para Portugal?


O nosso país tem a particularidade de ter um passado recente de emigração. Poucas são as famílias portuguesas que não tenham um próximo que se encontre num país estrangeiro a fazer a sua vida. Há poucos anos que Portugal passou também a receber estrangeiros de vários continentes. Pode ser encarado como um sinal de progresso, pois os portugueses deixaram de prestar certos serviços considerados penosos ou desinteressantes que são desempenhados pelos tais imigrantes. No entanto, o país encontra-se em crise: a taxa de desemprego é alta, com poucas saídas profissionais para os jovens, empregos precários e cujos ordenados são ainda baixos para o estilo de vida que o português pretende. Nas grandes metrópoles do país, a insegurança cresce com a criminalidade violenta a aumentar perigosamente. Estes factores misturados são uma autêntica receita explosiva para o descontentamento dos cidadãos, daí o surgimento de um partido xenófobo no panorama político. Não havendo alterações significativas na forma como o Estado trata os seus cidadãos e imigrantes, não será de estranhar que o "fenómeno Le Pen" chegue a Portugal.


Quando estamos mal, sentimos a necessidade de culpar alguém pelos males que nos afrontam. É a natureza humana. Numa situação de desemprego, de crise financeira, de insegurança no bairro, as pessoas voltam-se contra os imigrantes. É o bode expiatório dos males das sociedades modernas. Não quer isto dizer que os imigrantes são todos bons. É preciso saber quais são os que prejudicam o país, isolá-los e exclui-los. Todavia, esta função cabe ao Estado, principalmente o governo. Dito isto e na verdade, a culpa do desemprego, da insegurança e da falta de integração dos imigrantes devem-se a más políticas ou políticas inconsequentes. Mais uma vez, os políticos têm a culpa.


Não há nenhum político, a não ser os de extrema-direita, que sejam sinceros quando falam deste assunto. Por demagogia e medo de perder votos, a maior parte tem um discurso frouxo, do "nim" e do óbvio. Por isso é que, esta semana, o Partido Nacional Renovador obteve uma das suas maiores vitórias desde que foi criado. E, agora para conseguir eleger deputados nacionais em 2009, só lhe falta demarcar-se dos skinheads.


Mais uma vez, será interessante observar o decorrer da campanha presidencial que decorre em França para perceber como os políticos se desdobram e puxam pela imaginação para angariar mais simpatizantes com este tema. Na Europa, toda a tentativa de melting pot como a que acontece nos Estados Unidos é uma tentativa falhada. Por alguma razão, o nosso continente é chamado de velho.

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