Paraíso Perdido T2C24
Um país previsível
Desde 2003 que escrevo regularmente para a comunicação social. Ultimamente, deixei de escrever não por falta de inspiração, talvez por falta de tempo, mas sobretudo por falta de paciência. Isso porque aquilo que está acontecendo no país já foi por mim analisado em crónicas de anos anteriores e sinto que me estou a repetir, sinto que este país se tornou demasiado aborrecido por ser demasiado previsível.
Desde 2001, a partir da adesão à moeda Euro, que se fala em crise económica e financeira. Desde o início deste século que se fala em “boys” nos partidos políticos, e respectivas juventudes partidárias, e na falta de oportunidades no emprego para os jovens. Desde 2003 que a palavra pedofilia faz parte do vocabulário do dia-a-dia dos portugueses. Desde 2004 que se fala nos salários indecentes de certos gestores portugueses em empresas públicas ou privadas, seguido logo pela publicação de artigos de opinião a insultar quem contesta por demonstrar inveja. Desde 2005, com a implementação do Rendimento Mínimo Garantido, que se fala no perigo de um Estado demasiado assistencialista. Desde 2006 que o Primeiro-ministro é suspeito de alguma coisa. Desde 2007 que quando a escola é notícia é por questões de violência. Desde 2008 que se critica o aumento vertiginoso dos preços dos combustíveis, sendo as actuais razões as mesmas do que nessa altura. Podia continuar, mas acho que perceberam o meu ponto de vista.
De facto, bastava-me ir buscar os textos aos arquivos e republicá-los, pois nem se notaria diferença alguma. Citando o poeta José Gomes Ferreira: “Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses […]” e recomeçar tudo de novo.
Política energética
É sempre salutar para fomentar um debate digno na sociedade saber que existe um conjunto de personalidades que manifesta reticências relativamente à potencialidade das energias renováveis como são as energias eólicas (vento) e fotovoltaicas (sol). É também importante referir que essa discussão alarga-se a nível internacional e que aborda as questões do aquecimento global. Há vozes cada vez mais inconvenientes que põem em causa o que até agora ninguém se atreveu contestar.
No entanto, continuo a defender que todas as políticas que possam fazer com que um país dependa menos do estrangeiro em termos de energias como o petróleo ou o gás são bem-vindas. Mas esta perspectiva também deve incluir a energia nuclear, pois, ao contrário do se pretende fazer passar, o lóbi das energias verdes existe e é cada vez mais forte.
Considero que a estratégia de implementação de energias renováveis devia ter começado de baixo para cima e não ao contrário, isto é, devia-se ter apostado inicialmente na auto-sustentação das casas particulares para reduzir as despesas na factura energética das famílias e só depois ter alargado o procedimento. Uma coisa é certa, os melhores transportes (carros e aviões) ainda dependem e dependerão por muito tempo do petróleo.
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