Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, julho 08, 2012

O futuro da imprensa açoriana


    Ao inventar a tipografia, o alemão Gutenberg revolucionou o mundo porque tornou a reprodução e a divulgação do conhecimento acessível a todos. Presentemente, milhares de livros são editados todos os dias, em centenas de línguas e dialetos. No final de 2009, ocorreu um acontecimento que ditou o fim dos livros tal como os conhecemos.

    O site amazon.com aproveitou as festividades natalícias para lançar um novo produto: o Kindle. O conceito e-book reader já existia mas nunca vingara no mercado livreiro. No entanto, a Amazon criou um dispositivo eletrónico com um design mais atrativo e, sobretudo, com funcionalidades que facilitam a aquisição de livros e de jornais. A revolução reside precisamente na possibilidade de adquirir conteúdos literários e jornalísticos a partir do próprio equipamento que tem ligação wireless e cujo download dura menos de um minuto. Obviamente, por não ter custo de impressão, os preços são mais baratos e a sua capacidade de memória permite-lhe armazenar centenas de publicações.

Percebendo o potencial deste novo produto, outras marcas como a SONY ou a ASUS atiraram-se a esse mercado, ainda emergente, e a empresa americana Barnes&Nobles, concorrente da Amazon, lançou o seu nook que foi considerado o melhor gadget de 2009.
Em Janeiro de 2010, a Apple, pela mão do saudoso Steve Jobs, apresentou o Ipad, o dipositivo eletrónico que deu uma machadada àqueles que ainda duvidavam do potencial das chamadas Tabletes, e revolucionou o mercado a tal ponto que ainda hoje é impossível prever a sua amplitude.

Toda uma indústria literária e jornalística teve de alterar o seu paradigma de negócio, pois o formato papel deixou de ser rentável. Centenas de editores e jornais encerraram pelo mundo fora. Outros optaram por se dedicar exclusivamente ao formato eletrónico. No entretanto, a Amazon anunciou que vende mais livros digitais do que livros em papel.

Em Abril de 2012, o New York Times comunicou um aumento da sua faturação com a circulação digital em detrimento do jornal tradicional. A própria Time Inc., detentora da revista People, renitente, no passado, em relação ao formato digital, já se deixou convencer e informou que vai disponibilizar as suas publicações na banca virtual da empresa.

Acusando a fraca venda de jornais e com o intuito de levar os leitores a recorrer aos sites e publicações digitais, muita da imprensa americana regional irá publicar, a partir do Outono, apenas três edições em jornal papel por semana, em vez em vez da diária.

A revolução está em curso. Não há maneira de a parar.

Obviamente, quem pode, adquire livros em papel e acede aos jornais via Tablete ou PC, mas para as empresas ligadas ao setor, já não é possível facultar os dois formatos, preferindo optar, por questões financeiras, pelo digital.

Nos Açores, a imprensa é historicamente rica e influente no meio social e político. Apoiada pelo Governo Regional, seguindo uns parâmetros bastante rígidos no acesso às subvenções, é natural que se ressinta, no curto prazo, das mudanças que ocorrem pelo mundo. Muita dela já disponibiliza na Internet os conteúdos que publica no papel, não havendo ainda uma assiduidade e uma frequência como acontece no continente, onde as atualizações decorrem ao longo de todo o dia.

Contudo, não me parece que isto continue por muito mais tempo, pois a forte dependência do financiamento do governo condiciona demasiado a liberdade de imprensa e bloqueia o potencial dos jornalistas açorianos.

Em Junho, decorreu o Congresso Internacional de Jornalistas da Diáspora, no Canadá, onde se defendeu que a imprensa das comunidades deveria ser bilingue. Este evento, que teve bastante destaque, não trouxe nada de novo, pois essa sugestão já fora dada no I Encontro de Órgãos de Comunicação Social, realizado em Dezembro de 1999, na cidade da Horta. 

Apesar de, no congresso, ter tido um dia dedicado às novas tecnologias ao serviço da informação, não se conheceram as conclusões, o que é lamentável tendo em conta a cobertura jornalística. Por isso, a meu ver, este congresso deveria ter refletido melhor sobre o potencial da Internet e das possíveis aplicações para os jornais açorianos, esses, sim, disponibilizados em bilingue e compilados num só site para o usufruto da nossa diáspora (a aplicação News da Google, nomeadamente para a comunidade latina dos Estados Unidos é o exemplo perfeito. O atual site azorean network, se bem que com objetivos diferentes, é um repositório de informação muito rico, mas confuso, cujo conceito deveria ser reformulado).

É importante perceber que cada jornal adapta o seu estilo e as suas informações consoante a comunidade onde está inserido. O problema reside na troca de informações entre as comunidades e os Açores e na provável necessidade de correspondentes fixos. A distância geográfica entre os Açores e as Américas mantém-se. Mas nunca os dois lados estiveram tão perto graças às novas tecnologias. Instituições e comunidades, famílias e amigos, separados pelo Oceano, mas juntos por um clique.

Aqui, devemos saudar efusivamente o advento da Internet, nomeadamente das redes sociais. Cabe agora dar-lhe organização e profissionalismo.

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