Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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sábado, junho 30, 2012

Sobre os políticos açorianos

Penso que chegou o momento de mostrar alguma benevolência para com Carlos César e dizer que, por respeito aos dezasseis anos de Presidência do Governo, devemos deixá-lo acabar o seu último mandato com dignidade.


Digo isto porque as controvérsias que o envolveram, ou de forma direta, por causa do tratamento real de que beneficia a esposa, ou indireta, devido ao comportamento de soberba dos seus Secretários - para não falar da condenação do deputado Ricardo Rodrigues protegido despudoradamente até ao fim pelo PS - estão a minar gravemente a sua credibilidade. 


Para quem pretendia sair em grande, parece que vai sair pela porta pequena, arrastando consigo todo o partido.

Os políticos estão a perceber, para seu mal, que não se pode brincar com o dinheiro dos contribuintes. Não devia haver novidade nisso, mas o facto de alguns governantes se agarrarem ao argumento da legalidade para justificar gastos ou atitudes eticamente condenáveis mostra o quanto estão alheios à realidade. Mais, alguns comentários transformam-se em autênticas provocações de tão ridículos que são. O Secretário Regional Noé Rodrigues sabe do que falo. 

É verdade que a credibilidade dos políticos se encontra nas ruas da amargura, mas muito por culpa dos mesmos. Torna-se recorrente olhar para a ética dos países nórdicos cuja gestão espartana dos dinheiros públicos fica a quilómetros da dos portugueses. A crise poderá ter a virtude de moralizar a consciência dos nossos políticos - esperamos nós, contribuintes.
A questão das ajudas de custo levantada pelo Tribunal de Contas desvenda, no entanto, outra situação mais perniciosa. Das oito Secretarias Regionais, cinco são chefiadas por micaelenses ou residentes em São Miguel; sendo as restantes três por terceirenses.


Na criação da autonomia, houve o discernimento, por parte dos seus fundadores, de distribuir a esfera do poder executivo e legislativo nas três principais ilhas (São Miguel, Terceira e Faial). Não que isso implique que cada Secretaria ou Direção Regionais sejam detidas por pessoas oriundas das ilhas onde ficam as respetivas sedes, mas parte-se do princípio de que a distribuição do poder governativo pelo arquipélago permita justamente a participação do maior número de açorianos no processo político da Região indiferentemente da ilha de origem. E aqui entra a confiança política.


Formar governo pressupõe atribuir cargos políticos de extrema importância. A escolha é sempre um processo que alimenta expectativas, nutre ambições e, muitas vezes, acaba em desilusão, sobretudo quando entra o fator politicamente correto chamado “independentes”.


A escolha dos governantes de Carlos César, para além de se centrar no núcleo duro do partido, teve por base a confiança política. Só assim se explica a inexistência de açorianos de outras ilhas que não fossem de São Miguel ou da Terceira. Será que a Graciosa, Santa Maria ou São Jorge não têm pessoas capazes de desempenhar a função de Secretário Regional? É uma questão melindrosa que, reconheço, não se resolve com quotas ou outro tipo de discriminação positiva. A experiência mostra igualmente que a competência técnica ou científica não é suficiente porque a experiência política é determinante para se ter sucesso em qualquer cargo executivo.


Daí a importância das concelhias políticas de ilha para fazer valer a sua influência. Até agora, o papel atribuído a este organismo tem sido fulcral na composição das listas para deputados ou para candidatos autarcas. Apesar do processo de formação de um governo ser um exercício praticamente solitário, seria bom que as concelhias locais fossem ouvidas.


Senão, o próximo governo terá o mesmo problema que o atual no que respeita às ajudas de custo. Ou se assume que a lei em vigor já não se adequa à realidade moral e financeira da Região e se procede à sua alteração ou os futuros governantes terão também de passar por sacrifícios, assumindo as despesas de deslocação. Enquanto um político achar que tem de ser pago de cada vez que põe um pé fora de casa, não haverá maneira de acabar com estas polémicas.

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