Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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segunda-feira, abril 21, 2008

A nova ambição dos socialistas



O congresso do Partido Socialista deste fim-de-semana mostrou aos açorianos como um partido no poder há demasiado tempo cria vícios e desenvolve cegueira que só quem é de fora ou vive nas ilhas ou freguesias mais isoladas pode distinguir. Os Açores entraram oficialmente em campanha eleitoral. Se dantes tudo o que era dito pelos governantes causava desconfiança, a partir de agora, mais vale ouvi-los, acenar a cabeça, sorrir cinicamente e esperar até ver. É giro ver os trabalhadores apressarem-se para terminar as obras do regime dentro do prazo; é giro ver os anúncios do governo regional para os próximos anos; é giro ver os edifícios todos aperaltados prontos para serem inaugurados. O mundo da fantasia política abriu as suas portas: vamos entrar.


O dia mais determinante de um congresso, mas também o dia em que melhor se percebe como um partido funciona, decorre no seu encerramento. São as entradas coreografadas com música apoteótica, são as infindáveis palmas de pé, são os auto-elogios que roçam a masturbação colectiva, são, por fim, os abraços fraternais e os gritos à camaradagem muito deles com cheiro à hipocrisia e ao “lambe-botismo”.



O Primeiro-ministro, e actual Secretário-geral do PS, lá levou outra vez com os recadinhos dos camaradas Manuel Alegre sobre, o Serviço Nacional de Saúde, e Ana Gomes, sobre a Base das Lajes. A palavra autonomia foi pronunciada vezes sem conta. José Sócrates fartou de se elogiar o camarada Carlos César, mas sempre com a ponta de malícia do olhar para a Madeira. O momento mais interessante foi, de facto, o discurso longo de Carlos César. Longo porque fez o balanço positivo dos seus dez anos de governo e anunciou a base programática não para o próximo mandato, mas sim para os próximos dez anos. Mais uma vez, ao falar dos antigos governos de Mota Amaral, comparou o incomparável como o enumerar dos números sobre educação e turismo, por exemplo. Em princípio dos anos 90, todo o país estava atrasado. Não era só a região. A União Europeia deu toda a sua ajuda financeira que só se verificou a partir dos meados dos anos 90. Com isto, não quero desconsiderar toda a aposta estratégica que o PS Açores fez, e bem, no arquipélago.


Na sua segunda parte, o tal momento do anúncio para o próximo mandato, César fez um discurso interessante. Interessante na medida em que o discurso foi ao encontro de uma ideologia. Ao falar da importância da sociedade civil, nomeadamente da inclusão de independentes na sua listas de elegíveis do PS, das participações público-privadas e da redução do peso do governo regional, qualquer liberal só pode ficar satisfeito com estas propostas. O que causa estranheza é que esta posição ideológica vem de um socialista que até agora apostou num governo intromisso na sociedade e nas empresas. Porém, é com satisfação notar que os políticos se rendem à evidência das coisas: os liberais tinham razão. Por isso, subscrevo o que César disse. Como é óbvio, não concordo com tudo. Aliás, concordo com pouco tendo em conta a extensão do discurso. César falou no progresso que o seu governo trouxe e dos problemas que esse mesmo progresso, supostamente, acarretou. Problemas de insegurança, de toxicodependência, da precariedade de empregos, da pobreza, etc. Segundo Carlos César, estes problemas eram inevitáveis porque vêm de par com o progresso. Por isso, segundo esta teoria um tanto ou quanto fantasiosa, a responsabilidade não é dele, mas do progresso. Por isso, precisa de mais anos no poder para os resolver. Não podia mais discordar, não tanto no aparecimento dos problemas, mas na sua resolução ou tentativa de. As políticas sociais empreendidas pelo PS Açores têm sido desastrosas, fomentadoras do agravamento da situação e, sobretudo incapazes de dirimir os flagelos sociais de que falei anteriormente. Aqui, o PS falhou porque não soube. Não digo que a solução é fácil de resolver. Contudo, é fácil ver à nossa volta como as coisas estão.

E, aqui, preocupo-me. Os socialistas, para além de equivocados na sua ideologia, tentam mudar de rumo político, tornando-se liberais abandonando aquilo que parecia pertencer ao seu património ideológico, isto é, o social. Não conseguindo solucionar o problema, emancipam-se para um área da Direita política que me parece perigosa.



Os Açores são diferentes das outras regiões por serem um arquipélago. Para além do problema da insularidade, há o problema de ser uma região em que todas as ilhas são habitadas e, por isso, precisarem de um desenvolvimento harmonioso ou equilibrado, sem nenhuma ficar demasiado prejudicada. Por isso, o governo tem de estar presente para diminuir este “handicap”, permitindo que o investimento empresarial não dê conta dessa diferença, quer esteja no continente, quer esteja cá.


PS: Com os elogios a Roberto Monteiro e o anúncio de investimentos avultados na Praia da Vitória, não deixo de notar que das duas uma: ou os socialistas não gostam de Angra do Heroísmo ou não gostam do Presidente da Câmara de Angra. É bom que os angrenses tenham isso em conta nas próximas eleições autárquicas.

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