Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

A minha foto
Nome:
Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, junho 08, 2008

Novos desafios para Angra


Muito se escreveu acerca da renúncia de José Pedro Cardoso à presidência da Câmara de Angra do Heroísmo. A não ser os socialistas e os comprometidos com o partido, há um consenso geral que aponta para o erro colossal dessa decisão e da manigância partidária escondida que está por detrás dela. Enquanto que os jornalistas do continente anseiam por conseguir uma entrevista exclusiva com Cristiano Ronaldo, os jornalistas da Terceira bem gostavam que José Pedro Cardoso lhes concedesse a sua, só para oficializar o que já se sabe, sem, no entanto, deixar de possibilitar um fantástico scoop. Por mim, encerro esse malogrado capítulo com uma analogia teatral: “sair de cena pela porta pequena é sempre mau, mas pior é sair de cena, vaiado, a meio da peça”.



A nova direcção camarária terá como principal objectivo o de preparar a reeleição do Partido Socialista nas próximas autárquicas. Pode ser uma injustiça em relação às outras forças partidárias mas esta situação é legal e a política também pode ser pura e dura. Mérito aos estrategas do PS que andam há mais de um ano a preparar esta jogada. Não obstante estas guerrilhas políticas, uma cidade precisa de se desenvolver, atraindo investimento privado para fomentar emprego, e possibilitar condições de bem-estar e uma boa qualidade de vida aos seus munícipes. Por isso, a nova governação camarária terá de apressar o passo e fazer diferente da direcção anterior. Haverá quem diga que não é difícil visto que a outra nada mais fazia do que uma autogestão da coisa pública. Contudo, esta nova edilidade não poderá nunca emancipar-se demasiado porque dará nas vistas e terá pouco tempo de actuação para convencer os angrenses de que vale a pena continuar com ela. Aliás, quando escrevo isto, parto do princípio de que os angrenses não lêem jornais, nem se informam e acham que os partidos políticos são sempre bem intencionados na sua actuação. Mas a realidade mostra cidadãos enraivecidos por terem sido enganados e desconsiderados (coisa que não irão esquecer tão cedo). Por isso, é bom que a nova presidente tenha consciência de que a sua missão é quase impossível.

Fazer obras à pressa ou querer apresentar resultados concretos sem um rumo definido acaba sempre mal. Angra do Heroísmo precisa de uma nova redefinição enquanto cidade histórica. É preciso estudar, consultar e orientar uma estratégia que dê uma nova vida à cidade. É preciso, por vezes, romper com certos vícios que existem ou corrigir erros que foram cometidos. Por essas razões todas, é preciso tempo; tempo para estudar e tempo para actuar até aparecerem resultados. Daí a minha preocupação em ver uma cidade que, por razões obviamente eleitorais, vai cair nas mãos de demagogos que só pensarão no curto prazo.

O centro de Angra precisa de diminuir o nível de poluição sonora e ambiental reencaminhando os autocarros para fora do centro; precisa de atrair moradores para não se parecer com os cenários das grandes produtoras de filmes, nem deixar cair de podre os seus históricos edifícios; precisa de encontrar um local digno para receber os utentes dos transportes públicos que diariamente se deslocam até à cidade; precisa de encontrar uma nova forma de realizar espectáculos nas suas festas anuais sem prejudicar os moradores; na mesma sequência, precisa de cobrar as entradas dos grandes concertos que, todos os anos, organiza; precisa de racionalizar as suas despesas, deixando, por exemplo, de facultar o acesso gratuito aos “minibus”; precisa de convencer os empresários locais a participar na remodelação e dinamização de certos espaços públicos, como os celeiros por exemplo; precisa de trabalhar em estreita colaboração com agências de viagens e a Universidade dos Açores para atrair turistas nas épocas altas, bem como para realizar conferências no Inverno. Como se pode ver, estas são uma amostra de pequenas ideias que, avulso, não dão grande coisa mas geridas com planeamento e pensamento estratégico podem transformar esta cidade tão apática numa das cidades mais dinâmicas do país.

Muitos angrenses informados deitam culpas ao Governo Regional por investir demasiado em São Miguel em detrimento da Terceira e das outras ilhas, quase invejando a hiperactividade empresarial, cultural e cosmopolita da cidade de Ponta Delgada. Chegou o momento de perguntar aos terceirenses, em geral, e aos angrenses, em particular, o que têm para dar à sua terra; o que podem fazer para dar novamente à sua terra o estatuto que granjeou no passado.

Chegou o momento de Angra encontrar os seus heróis.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial