Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, junho 15, 2008

Uma escola de futuro e para todos

Entre exames do 12º, avaliações finais e matrículas para um novo ano lectivo, os alunos das escolas portuguesas encontram-se numa fase bastante intensa e dinâmica das suas vidas escolares, antes de iniciar o “repouso do guerreiro” com o calor do verão que se aproxima. Perante os novos desafios que a nossa sociedade enfrenta, estará a escola pública capaz de preparar os cidadãos de amanhã?


Em Portugal, a escola adaptou-se ao sistema do ensino universal e obrigatório para todas as crianças independentemente da sua origem social ou étnica. Essa adequação não é, contudo, perfeita e tem potenciado situações de exclusão ou até discriminação social. São sobejamente conhecidas notícias de escolas públicas nas grandes cidades que recusam a matrícula de determinados alunos devido à sua condição social. Mas o problema da Escola em Portugal centra-se sobretudo no insucesso e no respectivo abandono escolar. São dois problemas que estão intimamente ligados e que minam a credibilidade do sistema educativo do nosso país. Para os resolver, é preciso mudar o paradigma da escola: a escola do século XXI não pode ser uma continuidade da do século passado. Alguns passos já estão a ser dados neste sentido. Torna-se imperativo e urgente transformar estas mudanças numa realidade comum e global.



Se o século XX trouxe a feliz premissa de que todos tinham direito à educação, o século XXI tem de reconhecer o princípio seguinte: todos têm direito à educação, mas nem todos conseguirão ser médicos ou engenheiros. Poderá parecer bastante óbvio, mas o facto é que o sistema normativo da escola tem impossibilitado a criação de alternativas aliciantes para aqueles alunos que não querem ou não conseguem prosseguir os seus estudos. As escolas profissionais e os cursos tecnológicos são uma resposta interessante mas insuficiente porque se cingem a cursos demasiado básicos e centrados em serviços que transformarão os alunos em empregados e não em empreendedores. Um sistema educativo que se quer plural na inclusão tem de ser plural nos caminhos que propõe aos alunos. A audácia educativa consiste em dar a capacidade à pessoa de se libertar e se tornar autónoma podendo concretizar os seus sonhos e ter uma vida flexível de acordo com a vontade.


Isto é muito bonito escrito mas como passar da teoria à prática?


Antes de mais, parte-se do princípio que não é obrigatório ser-se licenciado ou ter muitas habilitações para se ser empresário. Parte-se também de outro princípio que defende que nem todas as pessoas têm capacidade de liderança e de gestão, significando que haverá sempre empregados e empregadores. A sociedade ocidental tem privilegiado apenas um tipo de emprego, assalariado, para um proprietário ou uma empresa. Muhammad Yunus, prémio Nobel da Paz em 2006, criador do micro-crédito e conhecido como o banqueiro dos pobres, diz o seguinte: “Hoje, nos países do Norte, as crianças trabalham duramente na escola para obterem um bom emprego. Em adultos, irão trabalhar por conta de alguém. Ora, o ser humano não nasceu para servir outro ser humano”.


O desafio que é dado às escolas é para que olhem à sua volta, na sociedade onde se inserem, e criem currículos adequados às necessidades sociais, económicas e culturais da sua envoltura. Se o país vive sobretudo das pequenas e médias empresas, é preciso orientar a escola nesse sentido, formando cidadãos que sejam exímios na sua profissão e sobretudo emancipados.

Alguns dirão que o reencaminhamento constante para currículos profissionais constitui uma derrota para o ensino regular. Mas não é. É uma mudança de paradigma. E as mudanças envolvem sempre choques de pensamento. Muito do desalento que se verifica nos alunos advém da desmotivação, na falta de resposta da escola relativamente ao seu futuro. Cabe à escola pública diversificar a oferta, aproveitando os seus recursos humanos para as áreas de conhecimento geral e contratando especialistas em determinadas áreas profissionais. Com o novo Quadro Comunitário de Apoio da União Europeia, convém aproveitar os fundos para reestruturar ou adquirir novos equipamentos e construir oficinas, laboratórios e ateliers de artes, indo assim ao encontro desse novo paradigma educativo. O que a escola não precisa é de piscinas que nem possuem as medidas olímpicas, só para a fotografia de panfleto.

1 Comentários:

Blogger PedromcdPereira disse...

É mais fácil concordar contigo aqui no blog. Os teus textos denotam cada vez mais ponderação e sensatez. Também eu concordo que o paradigma da educação de 1910 deve mudar. Mas para isso devemos fazê-lo com calma.

12:43 da manhã  

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