Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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sábado, maio 30, 2009

Paraíso Perdido XVIII


César 8 e 80
Quem é o português que não gosta de ver os seus emigrantes homenageados por um governante? Obviamente, ninguém. Porém, as homenagens nem sempre são abonatórias para quem as faz. A visita do Governo Regional às Américas não tem sido pacífica nem consensual. Se o momento não foi o mais oportuno devido à crise e ao consequente mau exemplo que o governo regional dá às pessoas, Carlos César também não ajudou nalguns discursos que proferiu. Mas será mesmo inconveniente ou até proibido comentar essa viagem de uma forma menos positiva?

Nunca será demagógico defender que esta não é uma boa altura para tal extravagância, pois uma deslocação dessas não implica só fretar um avião da SATA. Há toda uma logística adicional que implica um esforço financeiro considerável. Nunca será demagógico dizer que certos discursos de Carlos César primaram pela redundância ou pelo estilo La Palisse quando o presidente se insinua a dar lições aos nossos emigrantes. Quem dá lições de vida e de empreendedorismo são os emigrantes, não os governantes de lá cima do seu pedestal. Sobre as reivindicações de alguns responsáveis pelas comunidades, como a possibilidade de os emigrantes elegerem dois deputados para os representar na Assembleia Regional (como acontece no continente) e de aumentar a frequência das ligações aéreas entre os Açores e as Américas nada foi dito. Assinaram-se memorandos de entendimento, ofereceram-se manuais e livros escolares, mas o que realmente interessava para os nossos emigrantes ficou na gaveta. Só lhes falta agora ter o Conselho de Ilha para que esta viagem seja igual às deslocações do governo pelo arquipélago.

Para culminar a visita, escolher o Canadá para defender o voto obrigatório foi um acto absolutamente ridículo. Bem se pode criar um movimento para isso, nem que ele seja militar. A abstenção em eleições só irá diminuir quando os eleitores se sentirem motivados para votar, quando eles sentirem que o seu voto pode mudar algo nas suas vidas, quando eles sentirem que a pessoa ou o partido em quem eles votam são dignos de confiança. Bem precisava Carlos César de ler O Ensaio sobre a Lucidez, de Saramago no avião quando regressar aos Açores.



Assembleia Nacional: repartição pública

Se há uma coisa que me irrita – não devo ser o único – é sentir que falo para as paredes. As novidades tecnológicas que foram instaladas na Assembleia Nacional são prova disso. Se dantes os deputados falavam por vezes para as paredes ou para o seu umbigo, agora falam para os ecrãs dos computadores.

O Parlamento português pode ser o mais moderno do mundo, mas chega a ser indecorosa a forma como, nos debates, muitos deputados estão completamente a leste do que se passa à sua volta. As imagens falam por si: quem vai a uma repartição pública ou à Assembleia vislumbra a mesma cena: funcionários públicos em frente a um ecrã.

A nova disciplina de Moral

A jornalista Helena Matos não deixa de ter uma certa razão: se nos anos 30 a disciplina de Religião e Moral, bem como o crucifixo eram obrigatórios nas escolas, agora temos a disciplina de Educação Sexual e os preservativos como alternativa.

Sinais dos tempos com certeza, sinais de que as prioridades do ser humano passaram a ser outras. Mas há, nessas duas versões, algo que defendo para ambas: quer em questões de sexo, quer em questões de religião a escola não deveria interferir e muito menos participar.

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