Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, fevereiro 18, 2007

Amo-te para sempre?


Esta crónica não tem a pretensão de aconselhar, de orientar as pessoas sobre a temática do amor ou da sexualidade. Pretende dissertar sobre a relação entre um homem e uma mulher; um homem e outro homem; uma mulher e outra mulher. Nada de amor de pais para filhos ou de amor pelo próximo. É do amor tout court que aqui se trata. Há quem diga que o mundo está demasiado dependente do petróleo, que muitas das guerras a que assistimos impotentes são o resultado dessa dependência e cobiça. Mas há outra guerra escondida que começa e acaba todos os dias, mesmo perto ou no meio de nós. É a guerra do amor.

No sentido figurado ou literal, o amor mata ou manda matar. A paixão pode ser arrebatadora, desencadeando comportamentos inexplicáveis e, muitas vezes, condenáveis. Há quem mate por amor. Mas porquê ir preso, se essa pessoa não estava no seu perfeito juízo; se essa pessoa matou por amor? O ciúme também é amor. O ódio também é amor, mas ao contrário. Na verdade, se os Homens agissem sempre por impulso, há muito que a civilização teria acabado. Por isso, o amor nasce como logo a seguir morre, para renascer mais tarde noutro contexto, com outros protagonistas. Com a globalização, o amor toma novas formas, propaga-se tal como a peste pelo mundo. As novas tecnologias são um novo meio para a difusão deste sentimento inexplicável e inerente ao Homem. Encetar relações amorosas pela Internet. Viajar de avião para conquistar o parceiro. Tudo serve para seduzir a presa. Ao longo dos tempos, as técnicas de conquista amorosa foram-se aperfeiçoando, mas sobretudo “imediatizando”. Não se pode perder tempo e o comodismo dá o mote para a nova era do amor.

A emancipação das mulheres contribuiu definitivamente para essa nova era. Agora, o homem dá-se ao luxo de não andar sempre a lutar pela parceira, pois ela agora tem também a obrigação de fazer o mesmo. Neste jogo, em que tantas almas fenecem, que somente a poesia sabe explicar, dois adversários se confrontam com as mesmas armas e as mesmas regras. O romantismo morreu?

Já agora, o que é o romantismo numa relação amorosa? Oferecer flores? Jantar à luz das velas? Declarar o amor a alguém de joelhos, à noite, numa praia deserta, em plena lua cheia? Ou será simplesmente viver o resto da vida com a mesma pessoa, sem perder aquela chama do princípio da relação? Amor ou paixão? Qual o melhor? O amor alimenta-se dele próprio. Se as raízes forem fortes, persistirá ao longo do tempo, ultrapassando a cronologia humana. Dá segurança e torna a vida uma rotina agradável. A paixão, essa maldita, que nos transforma noutro ser, subjugando-nos ao poder do outro, alimenta-se do superficial, do material. Consome com muito ardor mas por pouco tempo. A chama esvanece com o tempo. Dói, mas sabe bem sofrê-la. A ciência bem tenta explicar o que é a paixão. Do ponto vista psicológico ou até biológico. Quais as substâncias que despertam no cérebro este sentimento. Que implicações pode ter no organismo; quais os sintomas comportamentais. Galileu descobriu que a terra é redonda; Cristóvão Colombo descobriu um novo mundo. Dan Brown descobriu a verdade sobre Jesus Cristo. Ao longo dos séculos, o Homem fez imensas descobertas que contribuíram para o progresso da humanidade. No entanto, não respondeu à maior pergunta: afinal, para que serve o amor?

O amor pode, na verdade, ser só o efeito do cérebro que manda o corpo juntar-se a outro para copular. Há quem diga que o sexo é que faz girar o mundo. E para que serve o sexo? Para procriar e mais nada. O orgasmo é a recompensa para uma boa cópula. Pois é, mas a ciência encarregou-se de inventar formas para impedir a procriação, sem impossibilitar a relação consumada. O Homem inventou uma nova forma de sexo: o sexo só pelo prazer e não pela utilidade. O sexo alargou o seu âmbito. Ele é hetero, homo, bi e coisas mais. Isto não significa que existem heterossexuais ou homossexuais. Existem, sim, actos homossexuais ou heterossexuais. Um segredo revelado: meio mundo anda enganado.

Mas há ainda quem acredite e viva segundo as leis da paixão. Todos nós temos um pouco de masoquismo. Gostamos de sofrer e culpar a paixão por isso.

Por ser intensa e efémera, a paixão torna o Homem num ser eternamente insatisfeito e, por isso, depressivo. Num dia, o mundo está-lhe nas mãos, todos os sentidos ficam apurados e ele agarra-se à vida como se fosse acabar amanhã. Noutro dia, um amor perdido ou não correspondido abalam-no. A morte, que é o antónimo latino de amor, chama-o porque a vida terrena já não interessa. Tudo isto por culpa da paixão. Um parceiro para o resto da vida? É a religião que o diz, não a natureza. Mais do que seres humanos, somos animais; ou será que já não é assim? Um olhar indiscreto para um desconhecido, o sentimento de se sentir desejado por outrem. Uma noite de flirt sem demais consequências. Precisamos disso como de água para viver. Envelhecemos com o medo de perder a nossa beleza, de não ser apreciado. A ciência bem tenta lutar contra o tempo, mas essa luta é vã. Aliada do amor, a arte é outra invenção do Homem de forma a perpetuar-se no tempo. O ser humano é patético. Mas é a criação mais linda de Deus.

Quando se pensava que o Renascimento era a época caracterizada pelo egocentrismo, surge o nosso século que transforma o Homem no ser mais egocêntrico que alguma vez existiu. Até ajudar os outros torna-se um acto egoísta, porque é uma nova forma de satisfazer o ego.

O amor foi inventado pela loucura do Homem, na ânsia de se agradar, agradando aos outros. Proibir o amor? Ninguém pode, porque é uma doença. Não tem cura e é a única que dá prazer. Cada homem, neste planeta, tem o poder de responder à Pergunta da humanidade. Mas a resposta não vai esclarecê-la. Porque a cada um de nós a resposta serve e ilumina a nossa vida. Um dia, mais cedo ou mais tarde, todos nós seremos vítimas do amor.

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Olá!!!

Realmente,tudo o que diz é de uma realidade cruel..que, a maioria das vezes nao queremos nem sabemos aceitar estas realidades e que a noçao de "relacionamentos" e o valor que o envolve, está a mudar...penso que a geraçao vindoura poderá estar mais preparada para este tipo de revolução nos relacionamentos humanos , a minha, está dificil de ser adaptada...a ver vamos...

Nao tendo vocação para a escrita...aprecio imenso quem tem.

Continue a deliciar e a provocar.... :-)

Uma simples e humana mulher (Berlenga)

9:36 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Este vem daquele fundo que ninguém sabe onde é ou o que lá está guardado.

P.

9:15 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Texto de quem parece perceber muito sobre estas questões; ou então, de quem passa muito tempo à procura de respostas para aquilo que não tem resposta. O amor é uma forma de paixão! Por outro lado, a paixão é uma forma de amor! Em que ficamos? Um não vive sem o outro!

7:32 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Identifico-me com esta crónica. Talvez por meditar nestas mesmas questões. Talvez por este binómio Amor/Paixão ser universal. Talvez por qq coisa mais.

P.

12:54 da tarde  

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