Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

A minha foto
Nome:
Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, fevereiro 25, 2007

A superioridade moral da Esquerda


No Domingo à noite, após o anúncio dos resultados do referendo, os portugueses assistiriam a um espectáculo lamentável protagonizado por muitos vencedores do "sim", que decorreu um pouco por todo o país. Entre choros e risos de alegria, entre champanhe e buffet, o cúmulo do ridículo foi atingido com a chegada dos dirigentes do Bloco de Esquerda à sua sede, mostrando, como pano de fundo, um cartaz intitulado "Bem-vindos ao século XXI". Posso escrever esta crítica à vontade porque fui defensor do "sim" e, nessa noite, não houve nada para festejar a não ser lamentar o triste progresso da Humanidade.

Quando se fala de perspectiva económica para um país, torna-se cada vez mais difícil distinguir o que são politicas de Esquerda e de Direita. Se falarmos de pessoas responsáveis, atentas ao fenómeno da globalização, estas sabem que não existem muitas alternativas para tornar um país competitivo e bem sucedido nesta nova era de trocas comerciais. A Esquerda, no entanto, pode enveredar por dois caminhos. Pode encetar pela via do socialismo sul-americano "à la Chavez" ou então seguir a Terceira Via, do tão aclamado e agora odiado Tony Blair. Em Portugal e na Europa em geral, os socialistas optaram pela segunda hipótese, pois a primeira é inviável porque pressupõe tornar um estado ditatorial, se bem que disfarçado. Para a Direita, o capitalismo e o liberalismo económico funcionam. É preciso limar as arestas, permitir que as boas oportunidades cheguem a todos, daí uma maior preocupação social que até muito recentemente se pensava que fosse um exclusivo da Esquerda. Claro que, para a extrema-esquerda europeia, as políticas de Chavez são mais sedutoras. A centralização no Estado, as nacionalizações das empresas e o ódio aos Estados Unidos representam um sonho para qualquer candidato – mesmo que inconsciente – a ditador.

Onde a Esquerda encontrou um refúgio que a ajuda a determinar o seu "ser" e a distanciar-se da Direita é nas chamadas questões fracturantes. O aborto, a eutanásia, o casamento Gay, a procriação assistida e até a pena de morte; todas estas temáticas são ricas em polémicas e constituem o maior equívoco político de todos os tempos. Se é a favor dessas temáticas é de Esquerda; se é contra é, naturalmente, de Direita. Porém, o mundo não é todo a preto e branco. Existe muitas áreas cinzentas. Na questão do referendo ao aborto, a Esquerda que tanto cantou vitória devia ter sido comedida nas emoções. Na verdade, o progresso da Humanidade não se verifica com a aprovação de leis que permitam que qualquer pessoa decida sobre a vida de outrem. O progresso da Humanidade verifica-se essencialmente no desenvolvimento da ciência, na erradicação de doenças, da pobreza, de guerras e na promoção da paz. Sempre defendi que o Estado tinha falhado na questão do aborto clandestino e, por estar resignado com esta derrota, votaria "sim" no referendo. Todavia, enganei-me. Não foi só o Estado, como também foi a Humanidade. Numa sociedade toda ela informada e moderna, a questão do aborto nem se poria em causa porque todos conheceriam e utilizariam os métodos contraceptivos, bem como estariam a par das questões de planeamento familiar. Não haveria gravidezes indesejadas, porque as mulheres teriam simplesmente filhos quando bem entendessem. Mas este mundo, utópico, não acontece. Mais vale então ser pragmático e comodista.

Com esta vitória, todos nós perdemos um pouco de humanidade. Mas não vale a pena continuar com choramingas porque, em breve, haverá outra questão fracturante em cima da mesa. A democracia já não consiste em dar voz ao povo para que este escolha as pessoas com as melhores opções para o seu país. A coisa resume-se agora à concordância ou não sobre um conjunto de leis relativamente aos costumes da sociedade.

No Domingo, vi prepotência, arrogância, superioridade estúpida por parte de uma certa Esquerda, que me fez recordar um ditado popular: "Não faças aos outros, aquilo que não gostasses que te fizessem a ti". Lembrei-me então de Saddam Hussein e da sua terrível morte. Sobre a questão fracturante da pena de morte tenho uma teoria: sou contra a pena de morte até matarem alguém que me diz muito.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial