Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, junho 03, 2007

Os novos intelectuais


Os intelectuais sempre fizeram parte das sociedades desenvolvidas. Da Grécia e da Roma antigas, passando pelos tempos medievais até aos nossos dias, os pensadores sempre formaram uma elite respeitada que contribuiu decisivamente para o progresso das civilizações. Devido à sua actividade, muitos deles viviam à custa de mecenatos que lhes permitia não se preocupar com as "futilidades" da vida, tais como o de trabalhar ou de procurar comida para o seu sustento e o da família. Houve também na História momentos negros para os pensadores. Em sociedades em que a liberdade de pensar e de se exprimir deixava de existir, eles tornavam-se inimigos dos governantes ou de chefes religiosos e, por isso, alvos de perseguição e até morte. Dos mais famosos casos, destaca-se o de Sócrates, na Grécia Antiga e o de Galileu relativamente à Inquisição.




Actualmente, ser-se intelectual não é só uma forma de vida, como também a de ganhar a vida. A produção de estudos académicos, a publicação de livros ou a participação em conferências representam um trabalho diário como qualquer outro e, consequentemente, é remunerado. Geograficamente, é possível determinar onde se encontra o maior número de pensadores. Não se tratando de dados completamente exactos, é possível identificar quais os países que mais intelectuais têm. Os factores educação e liberdade são determinantes para a profusão de intelectuais. No entanto, o factor mais importante, mas menos equacionado é do bem-estar de uma sociedade. Os países mais desenvolvidos, sem guerras civis e onde não existe nem epidemias nem fome são aqueles onde há mais pensadores. Quando uma sociedade deixa de ter como primeira preocupação o de encontrar comida no dia seguinte, o de sobreviver a guerras, a doenças e pobreza é possível proporcionar um ambiente propício ao pensamento e discussão livres e à observação da natureza. A partir dai, o progresso é possível.




Se olharmos para o mapa mundial, vemos que esta tese tem a sua razão de ser. Onde estão os intelectuais da Nigéria ou do Darfur? A sobrevivência à guerra e à pobreza são as prioridades. Onde se encontram os intelectuais da Arábia Saudita, do Irão ou do Paquistão? Onde não existe liberdade de expressão, não pode existir pensadores.



Infelizmente, o fulgor da intelectualidade centra-se nos países do ocidente. Deste modo, acaba-se por ter uma perspectiva monocromática da realidade. A actual decadência de certas nações, que outrora foram grandes civilizações com forte componente cultural e científica, prejudica o progresso de toda a Humanidade.



No ocidente, pelo contrário, a intelectualidade já é catalogada de Direita ou de Esquerda. Houve nitidamente uma politização do pensamento. Não havendo nenhuma verdade absoluta, os pensamentos surgem em função dos valores do pensador. A Esquerda política e intelectual repudia, de alguma forma, o capitalismo. A Direita, com mais ou menos vigor, defendo-o. Mas não há dúvidas de que graças ao capitalismo, à criação individual de riquezas é que a esquerda intelectual existe. Presentemente, há uma reformulação de conceitos dos dois pólos. A Esquerda passou a olhar para o indivíduo enquadrando-o no ambiente natural onde vive e de que tira proveito. Por outras palavras, a ecologia, o desenvolvimento sustentável são conceitos novos que recriam uma nova filosofia de vida para o Homem. A Direita olha agora para o indivíduo e na forma como se relaciona com o outro. O colectivismo solidário substitui a antiga emancipação individual. Como exemplo, refere-se as novas questões liberais, de ponto vista ideológico, sobre a presença do Estado na vida das pessoas: onde e em que áreas vitais deve o Estado intervir na salvaguarda do cidadão.




Olhando para o "mapa do mundo intelectual", existe, tristemente, dois mundos: o daqueles que vivem para pensar e o daqueles que só pensam em sobreviver.

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