O fanatismo ecológico
Existem poucas matérias na vida das pessoas onde há um largo consenso. O problema do aquecimento global e consequentes alterações climáticas é um dos exemplos dessa unanimidade de posição. Por mais que haja divergências entre cientistas sobre a amplitude dos danos que o aquecimento global irá provocar, inclusive até sobre a prova científica de que existe mesmo aquecimento global provocado exclusivamente pelo Homem, o facto é que qualquer cidadão já sentiu que o clima anda descontrolado, que as estações já não são o que eram e que, de ano para ano, as coisas parecem piorar, ora num continente, ora noutro.
Os governos de todo o mundo tentam encontrar soluções para contornar o problema sem pôr em causa o desenvolvimento e o progresso da Humanidade. Multiplicam-se os acordos internacionais para que este movimento ecológico seja global, pois a poluição não pode ser bloqueada com muros entre as nações. Qualquer acto poluidor isolado de grande envergadura terá repercussões por todo o globo.
Para além destas políticas globais que são sempre difíceis de aplicar, há outras políticas ambientais que cada país legisla internamente. Desde a reciclagem ao uso de materiais renováveis; desde a educação ambiental ao incentivo no uso de energias renováveis; todas essas iniciativas são louváveis e merecem a participação e empenho de todos. Todos nós gostaríamos de ter um país e um mundo mais limpo e, por isso, mais saudável.
Contudo, nem tudo é bem intencionado nas políticas a favor do ambiente e demonstra até uma certa má-fé por parte do governo que as toma. Vem isto a propósito da notícia publicada esta semana sobre a pretensão do governo português em criar uma taxa para o uso de sacos plásticos nas grandes superfícies comercias. Esta decisão é completamente descabida. O plástico, mesmo que renovável, é nocivo para o ambiente. Se não traz benefícios nenhuns o melhor seria eliminá-lo. Quando as associações ambientais concordam em parte com a intenção do governo, elas não estão a ser honestas e frontais. Não se pode obrigar lojas do sector privado a cobrar taxas estúpidas aos seus clientes. Se o plástico é prejudicial, se há alternativas aos sacos de plásticos, então proíba-se simplesmente a sua distribuição. E este conceito não deve ser aplicado só às grandes superfícies comerciais. Todas as lojas, de pequena ou média dimensão devem participar neste esforço ecológico.
Aliás, esta notícia foi tão mal gerida pelo governo quer no tempo – época natalícia –, quer na forma que, no dia seguinte, o governo voltou atrás nas palavras, desdizendo o que afirmara antes.
Este governo, pela voz do seu primeiro-ministro, prometeu não aumentar os impostos. A cada ano que passa, assistimos a um governo que não tem palavra e que se tornou muito criativo na forma de cobrar dinheiro dos cidadãos. Claro, desta vez não é um imposto é uma taxa. Ironias de político. Mas já que estamos numa de salvadores do planeta por que não aplicar outras taxas para melhorar o ambiente? Como as florestas, que são o pulmão da terra, ardem por que não aplicar uma taxa de oxigénio às pessoas que respiram? Como há cada vez mais seca e falta de água, por que não aplicar uma taxa especial em cada garrafa de água comprada?
2 Comentários:
concordo com tudo.
Os sacos de plástico são coisas altamente desagradáveis. Parecem uma praga. Para além de consumirem petróleo, têm aquele inconveniente sempre importante de ocuparem imenso espaço. Por mais que os mantenha dobradinhos e arrumados eles acabam sempre por instalar o caos. Digo isso por experiência própria. Mesmo agora que estou fora de casa e vivo com uma amiga, duas pessoas juntam imensos sacos de plástico.
O supermercado onde fazemos as nossas compras, o Pingo Doce, leva 2 cêntimos por cada saco. Mas seja dita a verdade: são sacos grandes e de excelente qualidade. De modo que eu e a minha amiga sempre que vamos ao supermercado levamos sacos em quantidade mais do que suficiente. Como dizia o Pessoa: "estranha-se mas depois entranha-se". Não é de modo algum um esforço desmedido. É como fazer a reciclagem do lixo. São bons hábitos. Se em vez de os sacos de plástico irem direitinhos para o lixo ou na melhor das hipóteses irem para o ecoponto, porque não utilizá-los várias vezes?
Talvez 5 cêntimos seja demasiado caro, admito, mas não considero a ideia altamente descabida, na sua essência.
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