Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, fevereiro 10, 2008

Pacto com o diabo


Poder; a quanto obrigas!


Numa sondagem realizada pela Gallup para o Fórum Económico Mundial (WEF), os portugueses inquiridos, e os europeus em geral, disseram que a classe política é aquela em quem menos confiam. Nessa mesma semana em que foi publicada a investigação, acontecimentos como o debate quinzenal na Assembleia da República ou as declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados comprovaram, de facto, por que razão os cidadãos têm motivos para desconfiarem dos políticos.



A remodelação governamental foi o mote da discussão entre o governo e os partidos da oposição. Não deixando de ter alguma pertinência, não se viu os políticos discutirem o porquê das pessoas olharem para eles de lado ou as formas de como acabar com esta ideia negativa. Antes pelo contrário, até parece que lhes deu um certo gozo serem assim tão desprestigiados. Quando o Bastonário, no seu tom peculiar, fez alegações sobre a promiscuidade de deputados que ao mesmo tempo trabalham em grandes escritórios de advocacia ou de possíveis actos de corrupção e abusos de poder por parte de governantes, notou-se um certo constrangimento e pouco à vontade de quem, em princípio, nada devia temer por ter a consciência limpa.



Num país onde sempre se reconheceu existir o factor cunha como forma de se obter o que se quer, nada disso nos deveria espantar, nem mesmo a sondagem que afinal só serviu para oficializar algo que sabemos do senso comum. Porém, se na política nunca se deve dizer nunca, também não se deve dizer “desta água não beberei”.



Quando José Sócrates tomou posse enquanto Primeiro-ministro, uma das primeiras coisas que disse no hemiciclo foi que não iria falar sobre o passado para atacar a oposição. A meio do mandato, e com as contestações de rua, de sindicatos, com as interpelações certeiras e acutilantes da oposição, José Sócrates não teve outro remédio senão defender que o PSD ou o CDS nada tinham feito enquanto governaram, chegando quase ao ponto de os responsabilizar pela crise económica em que o país se encontra. Mas ninguém se esquece do governo de Guterres, o tal das oportunidades perdidas.



Nos Açores também se pode dizer o mesmo: Carlos César e o PS Açores, em geral, gostam de comparar a sua governação com a de Mota Amaral, que foi há 12 anos atrás! Numa conferência de imprensa sobre o serviço regional de saúde, por exemplo, o Presidente do Governo Regional enfatizou as suas políticas e pôs-se a quantificar o número de médicos que havia no passado e dos que a região dispõe actualmente. Este exercício de matemática é deveras perverso. É óbvio, e até insultuoso para a inteligência das pessoas, que, actualmente, os açorianos disponham de mais médicos e que tenham melhor cuidados de saúde. No entanto, o segundo ponto – o que mais importa – é já discutível.



Carlos César também dissera que não voltaria a concorrer para um novo mandato, em nome da alternância democrática. Agora, é o candidato do PS às próximas eleições regionais. Por que razão os políticos não cumprem com aquilo que dizem?



Desempenhar altos cargos políticos leva essas pessoas a uma certa transfiguração da realidade, a um certo alheamento do que verdadeiramente se passa à sua volta. Se, no princípio, das ideias que trazem nascem projectos interessantes, inovadores que contribuem para o progresso, com o tempo, esses governantes perdem-se em burocracias, encurralados numa cegueira ideológica que os impede de continuar com a sua missão que é a de servir as populações. Grupos de interesses em diversas áreas económicas, após uma subtil sedução que aflora o assédio lobista faz com que alguns políticos se percam nas teias da corrupção, muitas vezes encapuçada pela política do jeitinho, da omissão ou manipulação de concursos públicos.



Quando se quer chegar ao poder, faz-se pactos com o diabo. Faz-se acordos explícitos ou não com grupos de interesse ou simplesmente entre políticos de forma a obter uma eleição sem transtorno. O actual líder do CDS/PP Açores, Artur Lima, pensa convictamente que a sua oposição é responsável e certeira somente pelo facto de lhe ter sido aprovado algumas propostas no Plano de Orçamento. Na sua cegueira, o partido que representa abandona-o enquanto ele vai caminhando para uma ratoeira política encenada por um PS Açores cada vez mais monopolista e hegemónico.

1 Comentários:

Blogger PedromcdPereira disse...

Mas afinal, se ninguém pode dizer "desta água não beberei", tudo está desculpado...

7:05 da tarde  

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