Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, junho 29, 2008

Repensar Angra


Num momento especial para a cidade como o são as festas das Sanjoaninas que comemoraram os 25 anos da sua designação enquanto cidade Património Mundial pela UNESCO, por intermédio de alguns meios de comunicação social, como o Diário Insular ou a RTP Açores, proporcionou-se um debate alargado e interessante sobre o estado da cidade de Angra. Os problemas da cidade estão amplamente detectados e o que se pretendeu nas discussões foi dar um passo em frente no sentido de encontrar soluções que dessem novamente a grandiosidade que Angra conseguiu no passado. Mas os tempos são outros. Será isso possível? Ou teremos nós de nos resignarmos à realidade dos tempos? Angra nunca voltará a ser o que era?



De entre os vários participantes envolvidos nos diversos debates e entrevistas, as novidades não surgiram da Presidente da Câmara, nem do Presidente da Câmara de Comércio ou de Historiadores de renome. Não: as novidades não vieram de quem mais se esperava. De facto, a discussão só se tornou interessante e proveitosa quando vozes mais ou menos anónimas, politicamente descomprometidas e jovens tomaram a palavra. A sociedade civil tomou a palavra – e bem – acerca de Angra. Ao longo destes últimos anos, tem-se ouvido a palavra de políticos e empresários sobre o tipo de progresso pelo qual Angra deve enveredar. Ao longo desses anos, o discurso tem sido semelhante e o caminho parece ter encontrado um novo obstáculo: a perda de poder e influência quer da cidade, quer da ilha Terceira. Mas não será isso uma consequência do próprio discurso que tem dominado nesses últimos anos? Não será isso a prova de que as políticas resultantes desse discurso têm fracassado?



Verifica-se que com os políticos e empresários já não vamos lá. Se é preciso repensar Angra, provavelmente é preciso recorrer a quem é especialista nessa matéria. A entrevista que o professor Mário Cabral concedeu é um notável exemplo disso. Angra, uma filosofia de vida. Não será esse o mote para começar tudo de novo? Há tempos defendi – e defendo – que Angra precisa de um toque feminino. A nomeação de uma mulher à chefia da Câmara pode ser um bom prenúncio mas não reflecte a minha visão final. Angra precisa de ser acarinhada e cuidada como se fosse uma flor. É disso que se trata. Quando o professor de Filosofia diz, de forma provocatória, que Angra não é uma prostituta, interpreto as suas palavras com esse mesmo sentido: ao encará-la como um produto rentável para os turistas, deixou-se de pensar nela enquanto cidade com habitantes e com uma vida e uma cultura muito próprias.



Recomeçar do zero significa deixar de pensar nos turistas e começar a pensar nos angrenses. A cidade só poderá oferecer uma boa hospitalidade a quem a vier visitar quando os seus próprios habitantes estiverem bem acomodados e se sentirem felizes vivendo nela. De que serve uma cidade deserta com edifícios históricos a servirem de cenário? De que serve uma cidade que vive demasiado do seu passado? De que serve ter uma cidade com uma vida superficial em que as pessoas só lá se deslocam para trabalhar ou para a visitar?



Agora é que o verdadeiro debate começou. Viver apenas de ideias não é viável, daí a importância dos políticos e empresários para dar pragmatismo ao discurso. Primeiro filosofar Angra e, só depois, reconstruí-la.

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