Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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segunda-feira, setembro 01, 2008

Farto da tolerância


O que se passa com Portugal? Tantos crimes, tanta violência, tanta impunidade! Há quem diga que, por estarmos no Verão, as notícias diárias sobre assaltos e crimes violentos acabaram por ter mais destaque devido à falta de alternativa noticiosa, mas não: não é verdade. Tendo em conta o tipo de crime cometido – com recurso a armas de fogo, sequestros, mortes e feridos graves –, a imprensa escrita tem o dever de colocar estes factos nas suas primeiras páginas e os jornais televisivos só podem abrir com estas notícias. O primeiro sinal de que algo não estava bem começou com os confrontos no bairro da Quinta da Fonte. O que mais indignou a população em geral não foi o facto de andarem pessoas aos tiros pelas ruas, foi sobretudo os momentos após o conflito armado. Muitos daqueles que estiveram envolvidos nas rixas, exigiram que fossem realojados noutros locais. Tratando-se de bairros sociais, essa pretensão era inaceitável, ainda para mais quando veio a lume que muitas das rendas sociais não tinham sido pagas, com gente a dever anos de rendas. Perante uma situação incómoda para os autarcas envolvidos, a resposta dada foi a de criar planos de pagamentos das rendas sociais para resolver o problema, pois supostamente tratar-se-ia de uma questão de pobreza e não de cumprimento de deveres. Para aqueles que todos os meses estremecem quando as taxas de juro aumentam, que ficam com a corda ao pescoço para pagar o seu crédito habitação e que sabem que, se falharem, podem sofrer uma acção de despejo, estas notícias só serviram para enfurecê-las e mostrar o quanto o nosso país se tornou insuportável.



Entre muitos assaltos que decorriam no mês de Agosto, pelo exclusivo que proporcionou em directos televisivos, a tentativa falhada do assalto ao BES, com a participação de sucesso do GOE e da polícia, foi o que melhor representou a decadência em que se encontra o nosso Estado de Direito. Mais uma vez, não foi o assalto em si, pois a polícia capturou os criminosos, libertou os reféns e impediu que o dinheiro fosse roubado; foram, sim, os momentos após o assalto. Todos os portugueses que viram o seu desfecho na televisão regozijaram-se com o profissionalismo das forças de segurança. Contudo, dias depois, alguns analistas lamentaram a morte de um dos assaltantes e exigiram que houvesse um inquérito para determinar se a morte em causa fora mesmo a única hipótese. Claro, a família da vítima lá foi dizendo que ele podia ser tudo menos um bandido. Para mim e muitos outros, ele podia ser nada, mas que era bandido era. É de elementar justiça reconhecer que qualquer participação da polícia contra a actividade criminosa requer uma averiguação de procedimentos e inquéritos internos para determinar toda a acção policial. O mesmo aconteceu com aquele malogrado adolescente que foi morto por um GNR. Logo de seguida, os mesmos do costume culparam o agente em vez de culpar o pai, que com a educação que pelos vistos dava ao filho, só lhe estava a preparar a cova. E o governo nisto tudo?


O Primeiro-Ministro voltou fresco das suas férias para anunciar que a promessa dos 150 mil empregos estava quase cumprida. Com as eleições à porta, já se sabe como chegará à meta pretendida. Em abono da verdade, qualquer político que se meta na prova do lançamento de empregos, só lhe pode custar caro. Aos governantes pede-se que apoiem as empresas, não que aumentem a máquina do Estado com funcionários públicos. Nas questões de segurança interna ninguém se entende. Do governo, nada de reconfortante. Da oposição, o óbvio. Santana Lopes lançara a ideia de que o actual governo é forte para com os fracos e fraco para com os fortes. Perante todos acontecimentos, a isto acrescento-lhe que este governo faz com que o Estado seja ingénuo para com os desonestos e implacável com os cumpridores.


Muito se questiona a eficácia das últimas alterações judiciais feitas em sede de parlamento. Não deixa de ser verdade, pois a actual moldura penal está desadequada para com os novos tipos de crimes violentos. A pena máxima portuguesa já não responde às atrocidades que foram cometidas por alguns criminosos, sobretudo quando especialistas em psicologia criminal defendem eles não têm a mínima hipótese de reinserção na sociedade. Do mesmo modo, a justiça tem de ser mais eficaz e rápida na resposta, quer na investigação, quer em sede de julgamento, aos novos crimes cometidos para castigar os criminosos e provar aos mais atrevidos que o crime não compensa.



Portugal, país de brandos costumes, não está habituado a este tipo de criminalidade organizada e violenta. Nem tem de estar. Quando o Estado de Direito é posto em causa, o governo não tem outra alternativa senão agir de imediato e com firmeza.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

2 de Setembro de 2008 aumentou-se (ou vai ser aumentada) a moldura penal para os crimes de "violência doméstica" de modo a poderem dar prisão preventiva.

Agora, quando este país está "a ferro e fogo" sob a mira do ataque de violentos "gangs", que estão dispostos a tudo para conseguir os seus gananciosos intentos de obter dinheiro fácil, é a altura de voltarmos a lembrar o drama da violência doméstica. Ela existe e continuará a existir sempre mas nada tem a ver com o que foi no passado ou existe noutros países, mas a medida agora tomada faz-me apenas desconfiar de ser para desviar a atenção dos cidadãos da onda de crimes violentos que nos assolam?

Em Portugal, frequentemente são postos em liberdade, a aguardar julgamento, assaltantes violentos, traficantes de droga, de armas e até assassinos, colocando em risco vítimas e testemunhas.

Mas será agora a altura mais correcta para alterar a moldura penal da "violência doméstica", levando a que os homens dela ACUSADOS possam ficar presos preventivamente? Coloquei em maiúsculas "ACUSADOS" porque até ao final do julgamento também têm direito à presunção de inocência; ou não? A inovação não poderá até levar também a esquemas perversos que possam fazer sair de casa um qualquer companheiro que já não se queira mais. E depois mesmo que não se prove nada como já estão fora de casa...

Os amantes das estatísticas gostam muito de comparar realidades entre os diversos países. Será que são capazes de comparar o que se passa em Portugal com o resto do mundo? ou com o que se passava há 30 anos?

Também não percebo porque são agora referidos crimes de violência doméstica os crimes entre namorados, quando ambos têm domicílios diferentes. Será que é para aumentar os números das estatísticas?

Zé da Burra o Alentejano

1:05 da tarde  
Blogger PedromcdPereira disse...

Quem são os desonestos e quem são os cumpridores? É certo que apontar o dedo a quem tem casa dada pelo Estado e nem rendas paga, é muito fácil. E sem dúvida revelador de tibieza do Estado. Mas desonestidade social não é só isso.

11:20 da manhã  

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