Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, julho 13, 2008

Um Verão aos tiros


Em termos de políticas sociais, do que mais gosto são dos bairros que foram construídos na periferia das grandes cidades. Bairros acolhedores para pessoas de diversas origens social e étnica com o objectivo de lhes dar uma vida condigna tirando-as, deste modo, da pobreza. Acabaram-se os bairros de lata, as tendas improvisadas, enfim, acabou-se com a vergonha a que o terceiro mundo nos habituou. É tão bom saber que, nestes bairros sociais, o convívio pode propiciar momentos extraordinários de partilha e diálogos interculturais.



Os recentes episódios de guerrilha urbana entre ciganos e africanos mostraram, para a consternação de muitos, que afinal as coisas nem sempre resultam como seria de esperar. Contudo, não convém exagerar: como referiu o governo e a polícia, uma centena de tiros na Quinta da Fonte – periferia de Lisboa – e uma dezena de feridos representam uma situação pontual nos índices de criminalidade. Nada de preocupante como os jornalistas tentam alegar. E, para além de pontual, essas situações estão confinadas a locais muito restritos. Por isso, os cidadãos não têm de se preocupar. Como nos filmes, só acontece na televisão. A polícia de proximidade, com os meios que tem, consegue facilmente resolver o problema e repor a ordem. De mais a mais, contra aqueles que dizem que isto é prova da emergência social, dos problemas do desemprego e da pobreza crescente, é preciso recordar que existem os apoios, tais como o rendimento de inserção, os apoios à natalidade, a redução de impostos e benefícios fiscais para os escalões mais baixos e toda uma equipa de psicólogos e assistentes sociais para um auxílio mais humanizado. Bonito.


Agora, sem sarcasmos. Eis no que a ideia do “vamos tratar do pobre antes que ele trate de nós” resulta: num rotundo fracasso social.


Se ninguém questiona o facto de o Estado ter a obrigação de prestar assistência a quem mais precisa, é perfeitamente legítimo questionar a forma como essa assistência tem sido feita. Os apoios sociais, que supostamente seriam temporários, extraordinários, transformaram-se em apoios vitalícios que “vicia” quem as aufere e colocam o Estado numa situação de constante pressão por falta de alternativas. Criou-se um beco sem saída. A imagem que perpassa do Estado para a opinião pública é bastante constrangedora. O Estado parece ter medo de certas pessoas, por isso apoia-as em quase tudo exigindo em contrapartida que não andem a provocar desacatos. Porém, os mais avisados já perceberam que se não respeitar essa condição ainda serão mais beneficiados. Que o digam as assistentes sociais que são constantemente ameaçadas se não derem mais dinheiro àqueles que, supostamente, mais precisam. Entretanto, para equilibrar as contas, revê-se o Código do Trabalho com o intuito de aumentar a carga horária semanal. Desta forma, sustenta-se a Segurança Social para subsidiar aqueles que, supostamente, mais precisam mas dizem que é em nome da competitividade.


Mas cuidado: parece que a classe média está a passar um mau bocado. Prova disso são os créditos acumulados e o número crescente de casas hipotecadas. O governo percebeu que também neste caso é preciso ajudar, mas aqui a ideia é mais perversa. Se o povo não paga o que deve, os bancos vão à falência e o país colapsa. Por isso, mais vale ajudar os bancos ajudando as pessoas. Se os portugueses fossem todos uma cambada de ignorantes, diria que esta é uma jogada de mestre.


Neste cálido verão, já levantei o dinheiro todo que tinha, pedi mais ainda aos bancos e vou passar férias de luxo. Em Setembro, veremos no que dá. Se não tiver nada em como sobreviver, conto com o Estado que, supostamente, apoia quem mais precisa.

Após o sol quente me ter batido na cabeça e ter enfrascado umas cervejas frescas, talvez compre uma arma cujo anúncio de venda vi no Hiper Modelo de Angra e vá andar aos tiros. Mas não vou disparar sobre ciganos. Talvez vá mesmo dar tiros nos comícios dos partidos políticos ou nas casas oficiais dos membros do governo. Após a violência pontual sobre professores e juízes, nada melhor do que dar tiro nos políticos para ficar com o quadro completo.

Este Verão é para matar!

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