Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, julho 06, 2008

Uma família portuguesa


Portugal é uma bela adolescente com mais de 800 anos de idade. Como todas a nações do mundo, Portugal sonha em ser a mais moderna e agradável de todas graças às novas tecnologias e às novas modas que a modernidade impulsionou. Contudo, tal como todas as adolescentes, Portugal tem uns pais que querem o melhor para ela e esse melhor, muitas vezes, não se coaduna com o que Portugal deseja ou precisa.


O pai, José Sócrates, pretende ser um bon-vivant. Sócrates gosta de exibir aos vizinhos o seu novo-riquismo e não aceita que a sua filha possa ter menos do que os outros. Apesar de saber que a vida não está fácil, não se resigna e acaba por cair na tentação dos créditos fáceis, pensando que as coisas só podem melhorar de dia para dia. A mãe, Manuela Ferreira Leite, com uma forte educação tradicional e conservadora, é bem mais cautelosa. Para Manuela, a filha não pode ter tudo e está na hora de apertar o cinto até as coisas melhorarem. Como diz quando Portugal lhe pede algo: “Não há dinheiro para nada!”. No meio deste imbróglio familiar, Portugal desespera. Vê os vizinhos bem na vida, mesmo com a crise de que tanto ouve falar e acaba por se sentir diminuída em relação aos outros. Sim, por vezes, Portugal tem vergonha de sair à rua.


A política portuguesa anda, por estes dias, dividida entre estas duas posições. Por um lado, um optimismo que chega ao exagerado e distante da realidade mas que acredita em melhores dias; por outro, o pessimismo depressivo, ultra-realista, que não antevê nada de bom no futuro. José Sócrates, enquanto governante, só podia representar a primeira atitude. Manuela Ferreira Leite, enquanto líder da oposição, optou pela antítese, alegando que a crise mundial e interna só pode dar num prolongado apertar do cinto com um sem fim à vista. Aos portugueses, que não gostam de se perder nos pormenores, foi-lhes dado um modelo simples de escolha eleitoral. O meio-termo não existe: assim, dissipa-se a confusão. Qual destas duas posturas é a mais correcta?


Nalguns países, a escolha para este tipo de situações seria deveras simples: quem deseja para governante uma pessoa que transmite uma aura negativa? Quem deseja ouvir uma pessoa cujo discurso só dá vontade de se atirar da ponte abaixo? A opção Sócrates seria então a mais lógica. Mas Portugal nada tem de lógico. Portugal até gosta da depressão. Portugal até gosta de saber que se não há dinheiro para ninguém ficamos todos na mesma; deste modo, ninguém fica mais rico do que aquilo que era. Infelizmente para o país, para muitos portugueses, o discurso de Manuela Ferreira Leite até faz sentido. Dizem que a poesia só agrada aos frustrados e, sem sombra de dúvidas, Portugal é um país de poetas…


Os portugueses têm adorado o discurso simples de Barack ObamaYes, We Can”, que se apoia numa ruptura com o actual estado da política americana. Ninguém sabe como o fará, mas o discurso seduziu além-fronteiras. Por cá, parece que quem tiver o mesmo pensamento não passará de um lunático. De facto, tenho de dar razão ao Primeiro-Ministro português: não é com um discurso miserabilista que saímos da crise.


O pior é que o discurso de Manuela Ferreira Leite é uma repetição do passado. Durão Barroso falava em “país de tanga”. Três anos volvidos, o país continua na mesma, com tendências para piorar. Afinal, parece que ao longo destes últimos tempos, vivemos num sonho cor-de-rosa. Não há mesmo ninguém neste país que saiba como se faz para ultrapassar este estado de coisas?


Durante o seu curto mandato como Presidente do PSD, Luís Filipe Menezes foi duramente criticado pelos seus silêncios que supostamente transmitiam a ideia de um líder sem rumo e, claro, sem ideias. Mas enquanto que um (Menezes) esperava que o poder lhe caísse nas mãos, outra (Ferreira Leite), às tantas, só quer que o PS perca as eleições.

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