Paraíso Perdido 19
O Senhor do mar
Sempre mantive uma relação ambígua com o mar. Se o mar me fascina, ao mesmo tempo temo-o por causa da sua imensidão, da sua profundidade e do seu mistério. A única forma que encontrei para compatibilizar esta ambiguidade foi ir viver para os Açores, onde a partir da terra segura posso serenamente admirá-lo.
Genuíno Madruga é um Senhor do mar que, talvez, sinta o contrário. O seu meio natural é o mar. Do mar, ele contempla a terra, essa sim insegura. Esta foi a sua segunda volta ao mundo e regressou são e salvo e em paz com o mundo. Não sei quanto mais tempo ele aguentará em terra, apesar do orgulho e das suas saudades de sua terra. Citando Sebastião Antunes: “Quem anda ao mar/Não tem vida, não tem hora/nunca sabe quando chega/Nem quando se vai embora".
Todos temos sonhos extravagantes, perigosos ou inalcançáveis. Vivemos uma vida inteira a perguntarmo-nos como seria se os tivéssemos concretizado. Alguns não perdem muito tempo com essas dúvidas. Ainda bem que existe o Genuíno e outros românticos “loucos” para, de certa forma, nos sentirmos realizados através deles.
Notas sobre as Europeias 2009
É tão fácil fazer análise política depois de saber dos resultados eleitorais. O PS está numa situação difícil. O problema é grave: afinal, para surpresa de José Sócrates, as pessoas andam descontentes com a sua governação. O PSD acaba por ganhar com esse descontentamento. Ainda não é por mérito próprio…
A ascensão da Extrema-esquerda somada à abstenção é um péssimo sinal para a democracia mas pode ser também um desafio. Basta recordar o que se passou em França quando Le Pen esteve quase para se tornar presidente. Perante o perigo, a população votou em massa. Às tantas, seria motivador se acontecesse o mesmo em Portugal…
Carlos César continua a bater na mesma tecla do voto obrigatório. No continente, ninguém liga às suas palavras com clara evidência. Os responsáveis políticos têm de perceber que para que uma democracia se mantenha viva e saudável, é preciso cultivá-la.
Por isso, quero também bater na mesma tecla: em vez de educação sexual nas escolas, uma disciplina de educação cívica que ensine rigorosamente o que é uma democracia e as suas instituições - não esquecendo nunca a União Europeia. Mas será que os políticos achariam isso porreiro?
Governo socialite
Quando vejo o noticiário da RTP Açores, faz-me sempre confusão o tempo que é concedido em reportagens sobre os membros do governo regional. Mais de metade das notícias baseia-se em acções do governo um pouco por todas as ilhas. Não sei se há algum mal nisso; pelo menos, não há notícias de crimes ou de escândalos: fala-se de inaugurações, de conferências de imprensa, de anúncios e de algum despique político. A RTP Açores não se limita, no entanto, ao telejornal. Tem também vários programas que retrata a sociedade açoriana e os eventos culturais e sociais que ocorrem pelo arquipélago. Mas, mais uma vez, os membros do governo lá aparecem, desta vez com um copo na mão em vez de propostas para a região.
Será que há vida nos Açores para além da do governo? Esta omnipresença do governo incomoda-me. Não há cocktail, galeria de artes ou evento social de que tipo for em que um membro do governo não esteja. O problema não está no governo; está em quem quer cair nas boas graças dos governantes e pretenda fazer valer-se das suas influências ou reforçar a sua auto-estima. É verdade que os membros do governo têm o direito de se divertir; é verdade que esta terra é pequena, mas ao ver os outros canais nacionais o mesmo não acontece. Aliás, o político mais visto em ambiente socialite foi Pedro Santana Lopes e pagou um preço bem caro por isso. E outro pormenor: ele não dava entrevistas de copo na mão.
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