Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, julho 12, 2009

Paraíso Perdido XXIV


Política Hi5

Alguma imprensa tem noticiado a possibilidade de o Twitter ser premiado com o Nobel da Paz. Por causa das manifestações no Irão, esta ferramenta da Net tem ajudado a população iraniana a divulgar para o mundo as barbaridades cometidas pelo regime de Ahmadinejad após as contestações aos resultados das eleições. Nos Açores, o Twitter é usado como arma de arremesso político contra os adversários. Eis uma nova forma que os políticos portugueses encontraram para ainda serem mais descredibilizados juntos dos eleitores, os tais que ficaram em casa em vez de votar e que deveriam ser punidos por tal.

Os recentes incidentes decorridos na Assembleia Regional não devem ser vistos à luz da liberdade de expressão ou da falta dela. Este argumento é falacioso, pois não é essa a questão. A questão é mais profunda. Ainda que pouco estudadas, as redes sociais da Internet alteraram as relações humanas. O que aconteceu com os deputados açorianos é prova de que estas novas tecnologias têm um grande poder de influência para o bem e para o mal. Vivemos num tempo em que ainda não existe regras claras sobre o seu bom uso. O que se pede é algum bom senso por parte de quem utiliza estas ferramentas. Mas, infelizmente, os representantes do povo não tiveram o bom senso recomendado.

É verdade que o Twitter, tal como o Facebook ou o Hi5 entre muitas, subverteram todo o tipo de relações entre as pessoas. Deixou de haver o contacto frontal entre quem comunica; deixou de se olhar olhos nos olhos. Tudo se tornou mais fácil e ficcionado: as amizades, os namoros e, agora, os insultos políticos.

Se a ausência prolongada do Presidente do Governo Regional nas sessões parlamentares não causa grande transtorno para a democracia açoriana, não vejo o mal de os deputados debaterem doravante as questões da região a partir do seu computador na sua respectiva ilha. No poupar está o ganho.





Justiça à portuguesa

Não é só a política que está a passar por um mau momento em termos de credibilidade. A justiça portuguesa não fica atrás e nota-se cada vez mais a existência de dois tipos de justiça: a dos ricos que podem pagar a bons advogados para fazer valer os seus direitos e a justiça dos que fazem greves de fome para se fazer valer dos seus direitos.

Uma democracia digna desse nome não pode permitir este tipo de situações vergonhosas. Um país não pode ser sustentável se os seus cidadãos têm de recorrer à imprensa para reclamar os seus direitos porque as instituições da justiça não funcionam. E a justiça não pode ser reactiva, ficando-se pela correcção dos seus erros se algo de negativo é divulgado nos jornais, sem demais consequências.

Alguns crimes graves como os homicídios podem prescrever, mas se for de outro tipo, nomeadamente de foro político, têm sempre validade nem que seja 14 anos depois. Bem precisavam os agentes da justiça do Twitter para apressar os processos e as alegações finais.





Entrega de notas

A sociedade queixa-se do divórcio dos pais com a escola, de uma certa negligência que estes demonstram em relação à vida escolar dos seus filhos. Por mim, prefiro falar daqueles pais chatos que ligam constantemente aos directores de turma para saber da situação do seu rebento; prefiro referir-me àqueles que manifestam a sua preocupação pelos bons resultados do seu filho junto do director de turma; prefiro exultar-me perante aqueles pais que choram em frente a um desconhecido professor pelo facto de constatarem que a sua criança está a crescer e de terem medo de a perder. Estes pais merecem que percamos tempo e dinheiro com eles. Se alguma vez eu chorasse por causa da Educação, não seria de certeza por causa das políticas deste ou daquela ministra. Lágrimas de alegria teria eu graças a estes pais e à esperança que criam em mim nos momentos de incerteza quanto ao futuro dos nossos alunos e vossos filhos.

Não é hábito meu, mas desta vez quero dar uma palavra de apreço a todos os efectivos da Escola Secundária Vitorino Nemésio, desde o Conselho Executivo até aos auxiliares por me terem mostrado que o local de trabalho se pode transformar numa segunda casa.

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