Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, junho 30, 2013

Europa, o laboratório do mundo





            O Ocidente, centrado na Europa, foi o motor do desenvolvimento social, cultural, científico e económico do mundo. Alargando-se, no século XIX, para América do Norte, o Ocidente, pelos ideais de liberdade e respeito que foi construindo ao longo do tempo, tornou o nosso planeta mais próspero e justo. Mas, se olharmos para a História, quantas vítimas a Europa fez para alcançar esta prosperidade?


Após o período dramático da Peste Negra, que dizimou um terço da população europeia (quase metade em Portugal), o continente entrou num período obscuro, dominado pelo fervor religioso que se traduziu na instauração da Inquisição e nas conquistas territoriais para a formação das futuras Nações europeias.


Durante esse período, a Europa estagnou. Parou no tempo. Todo o progresso alcançado pelos Gregos e Romanos foi completamente abandonado. Esta foi, sem dúvidas, a primeira experiência da Europa: uma crença em Deus que devia ocupar todo o tempo do Homem e a cuja submissão fosse total. Qualquer emancipação seria considerada blasfémia, da qual resultaria o enforcamento ou a fogueira.


O século XV inaugura um novo período do Homem europeu. Afastado o fundamentalismo católico, o Homem recentrava-se no universo e descobria que, afinal, o planeta Terra ainda tinha “mares nunca dantes navegados”. Portugal desempenhava um papel fulcral neste período. Mais uma vez, o progresso da Humanidade partiu do Ocidente; mas, mais uma vez, atrocidades foram cometidas pelos ocidentais. Da exploração de povos e terras, sempre sob o pretexto da procura de riquezas, e com a anuência da Igreja, o Ocidente perpetrava genocídios e globalizava a escravatura. 

Desde então, não havia espaço no mundo que não pertencesse à Europa. Esta seria a segunda experiência global do Ocidente: a sua prosperidade baseava-se na exploração de populações e territórios ultramarinos. 


À medida que a Europa se modernizava, utopias nasciam. O Homem tinha tempo e condições para pensar sobre o mundo e as pessoas que o rodeava. O século XX foi o mais ideológico de todos, porque pôs-se em prática aquilo que um punhado de homens teorizou. Socialismo, comunismo, fascismo. Tudo partiu de teorias sociais na tentativa de construir uma sociedade perfeita. Esta seria a terceira experiência da Europa. O problema com as ciências sociais é que se baseiam no comportamento do Homem: este último, imprevisível e inconstante. O que resultaria num país, poderia ser um fracasso noutro. 


A Europa fechava-se outra vez durante duas longas guerras internas por questões de território e de cobiça de riquezas. A novidade prendia-se com a vontade férrea de implementar à força um paradigma social.


O Holocausto foi o maior crime perpetrado contra a Humanidade. E aconteceu na Europa em pleno século XX, não na Idade Média. Após 1945, a Europa decidia unir-se para evitar que o horror voltasse, um dia, a acontecer. 


Chegamos à União Europeia, a quarta experiência. Muitos defendem o seu alargamento contínuo, indo para lá do território meramente geográfico. Outros defendem a exclusividade territorial da UE por causa da comunhão de valores e tradições que aproximam os países europeus. Mas a União Europeia é uma construção, também ela ideológica, que ainda está nos seus primórdios. Apressar o ritmo é pôr em risco o que já se conseguiu.


A atual crise tem demonstrado as fragilidades estruturais da União Europeia. Mais uma vez, académicos propuseram uma teoria (a da austeridade) para reajustar as contas dos países sobreendividados. Mais uma vez, as ideias utópicas não tiveram em conta a imprevisibilidade do fator humano. Um dia, ainda há de se fazer contas de quantas vítimas esta crise causou. 


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