Como ser um bom professor
Nesta crónica, não pretendo dar dicas ou conselhos sobre como ser um bom professor, pois não tenho sabedoria, nem autoridade moral para tal. Inspiro-me numa reportagem que serviu de capa à revista Visão, publicada na semana passada. Depois de tantas polémicas entre a Ministra da Educação e os professores, uma coisa ficou certa: uma escola serve para ensinar e, por mais que se diga mal dos professores, sem eles não há aprendizagem. A questão é: que tipo de ensino queremos e que tipo de professores servem para cumprir esse objectivo?
Na reportagem da revista em questão, tenta-se determinar quais as qualidades de um bom docente, questionando pedagogos, alunos e pais. Nos testemunhos dados, as opiniões divergem relativamente ao perfil de um bom professor. Alguns dão primazia para o domínio da matéria que ensina e da capacidade em transmiti-la, outros falam no lado das relações humanas entre docentes e alunos. É óbvio que não se trata de um estudo estatístico rigoroso, no entanto, verificamos que estas posições reflectem duas formas diferentes de encarar o estatuto de professor na escola e na sociedade. Ter vocação para ensinar não é para todos, evidentemente. Mas, nos últimos anos, a sociedade tem exigido que os professores não só ensinem como sejam psicólogos e assistentes sociais. As últimas reformas educativas reflectem esse espírito de relações humanas. Não sendo de todo negativo, estas reformas têm sido efectuadas em detrimento do verdadeiro objectivo da escola, a saber, a transmissão de conhecimentos. Porém, a dúvida reside em saber se este é o caminho certo. Se o é, não se percebe então a razão de existir cursos superiores em psicologia e em acção social. Na verdade, os professores não têm formação especial nesses domínios. Todas as diligências no âmbito relacional são tomadas com base na maturidade dos docentes e nas suas experiências pessoais, o que é sempre perigoso. Problemas como a violência doméstica ou a pobreza não podem ser tratados levemente, pois as consequências podem ser dramáticas.
Tem-se falado muito numa maior responsabilização dos pais no processo educativo dos filhos. Contudo, é preciso reconhecer que quando o país exige aos seus cidadãos maior produtividade para fazer face à crise económica, estes acabam por não ter tempo para acompanhar convenientemente a vida dos filhos. É um pau de dois bicos que o governo tenta resolver alargando as competências dos professores, nomeadamente ao prolongar o acompanhamento dos alunos em horário extracurricular.
Voltando à revista. Uma parte interessante da reportagem consiste no testemunho de alunos sobre os professores que os marcaram. Muitos se referem a professores exigentes, mas “apaixonados”. Professores apaixonados pelo que ensinam conseguem estimular os alunos, mas não aceitam estudantes que não se empenhem e não demonstrem vontade de aprender. Numa só palavra: trabalho. Só a exigência do trabalho permite vencer na escola, como na vida. Se a escola é o primeiro meio de um indivíduo contactar com a sociedade, que o seja mas de forma integrante e exigente. A empatia que o docente cria com os alunos nasce frequentemente de momentos mais descontraídos na sala de aula e por vezes de conversas que nada têm a ver propriamente com as aulas. É uma estratégia para chegar perto dos alunos. Contudo, não é forçosamente a forma ideal de controlar uma turma. Alguns jovens só se deparam com um sistema de regras e uma figura de autoridade dentro da escola, porque em casa os pais ou se demitiram das suas responsabilidades, ou simplesmente não existem. Por mais que se reforcem os poderes dos professores, se estes não os conseguem exercer, nada feito. Se cada escola, cada turma, cada aluno deve ser visto caso a caso, de uma forma geral, o domínio dos saberes e uma boa preparação das aulas permitem muitas vezes ao professor atenuar a indisciplina. Ao perguntarmos a pessoas mais velhas quais os professores que lhes ficam na memória pelas boas razões, estas falam sobretudo acerca daqueles professores com quem aprenderam algo. Falam, por exemplo, daqueles que conseguiram incutir o gosto pelos livros, pelas ciências, etc. Com tudo isto, o que quero dizer é que ser-se professor não se resume a um concurso de “mister” ou “miss” simpatia.
Nestas últimas semanas, o debate que incide sobre a classe docente tem sido altamente positivo. Por mais que se acuse a Ministra da Educação de querer desprestigiar o estatuto dos professores com as novas medidas anunciadas, ninguém pode negar a importância desta profissão na sociedade, no passado, no presente e no futuro. Neste tema, como em nenhum outro, por estar directa ou indirectamente envolvidos, todos têm algo a dizer. Quando este governo aposta no choque tecnológico, só reforça a ideia de que, sem professores, um país não se pode desenvolver. Por mais que haja novas tecnologias, estas não passam de meros instrumentos para chegar ao conhecimento. A figura humana como transmissora directa do saber, representada pelo professor, ainda se mantém e se manterá por muito tempo.
Respondendo àqueles que ainda têm dúvidas sobre a real competência dos professores no processo de ensino-aprendizagem, não será de todo impertinente reparar que os grandes intelectuais, artistas e até políticos tiveram pais cuja profissão era a de professor. Por isso, em vez de imitar um vizinho que comprou um novo ecrã plasma ou um carro novo, seria mais útil imitar o professor que inscreveu o seu filho no conservatório de música ou a filha no ballet.
12 Comentários:
eu sou sei o muito bem como e uum professo.um professor tenhe de ser pontual e nao ser tao regido
te adorei lindo beijos .....
te adorei lindo beijos .....
te adorei lindo beijos .....
te adorei lindo beijos .....
adorei sua pagina queria ter um professor que nem você
parabens,gostei das comparações, e que ser professor seja algo que realmente vale a pena, principalmente nos dias de hoje...
Eu amei seu comentário, é muito inteligente e lindo também.
Gostaria de me tornar um professor igual a você.
Estudo pedagogia, mais ao ler o seu comentário pra mim ficou mais interessante esse estudo.
Te adorei, beijos e felicidades pra você.
THAU
A questão é saber o que é conhecimento. Conhecimento não é apenas a matéria do dia-a-dia, e sim passar aos alunos uma visão crítica a respeito dos diversos conteudos, para que ele possa aplica-los nas mais diferentes situações do cotidiano.
Parabéns pelo Post.
Gostei muito! Sou professora, e esse foi um assunto de grande relevância com certeza, muito proveitosa a leitura.
Abraços...
um bom docente deve dominar a materia, ser pratico e nao ser muito rigido
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