Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, maio 28, 2006

"Todas as culturas são iguais"


Quando se fala em multiculturalismo numa determinada sociedade, subentende-se, muitas vezes, aquilo que serve de título a esta crónica. Subentende-se sociedades de espírito aberto e tolerante. Contudo, este conceito humanista recente, se à partida é coberto de boas intenções, pode ser perigoso e fazer retroceder as sociedades modernas a um estado de permanente conflito inter-cultural. Muito daquilo que hoje somos advém de lutas, de emancipações a todos os níveis, em prol do progresso humano.

A história das sociedades ocidentais relata momentos menos dignos no que toca os direitos do Homem. No mundo actual, lemos os testemunhos do passado com uma distância tal que nos é impossível, actualmente, conceber um retrocesso. De facto, não existe máquinas do tempo. Mas existe meios de transporte, como os aviões, que nos podem levar até sítios onde certos rituais culturais ou religiosos são muito parecidos com aquilo que os ocidentais praticavam no tal passado distante. A questão é: devemos nós, com a nossa concepção humanista, interferir nas culturas dos outros, quando achamos que estas não respeitam os direitos do Homem?

Em 2004, foi atribuído o prémio Nobel da paz a Wangari Maathai, queniana e activista do meio-ambiente. À primeira vista, parece bem e até se nutre uma certa simpatia por esta africana. No entanto, é uma mulher polémica e até perigosa tendo em conta os nossos padrões culturais. Wangari Maathai defende a prática da excisão por considerar que vai ao encontro dos valores dos Kikyus (a etnia mais numerosa do Quénia). No mesmo tom, alegou que o vírus HIV é produto de uma conspiração encetada pelos cientistas ocidentais para “punir os negros”. É verdade que, perante a pressão internacional, ela foi obrigada a rever a sua posição. Não deixa de ser curioso como a atribuição do prémio Nobel da paz pode ser tão esquisita e contraproducente relativamente ao seu verdadeiro objectivo.

Este representa um dos exemplos de como certas culturas se opõem completamente aos nossos padrões. É possível citar outros como a poligamia, apoiada por certas facções religiosas; a subordinação das mulheres ao homem ou a prática de crimes de sangue. Existem muitas mais e algumas que ainda não são bem conhecidas ou reconhecidas. A escolha destes exemplos não é inocente. Muitos desses rituais estão a ser praticados em países como a Alemanha ou a França. Devido à grande diversidade de etnias existentes, algumas famílias de imigrantes, isoladas em bairros sociais ou até de lata, continuam as suas práticas culturais ou religiosas sem se terem adaptado ao país que as acolheu e que proíbe tais práticas. Para os políticos torna-se embaraçoso debater estas questões sem serem considerados de racistas. A polémica sobre o uso do véu nas escolas em França demonstra bem a complexidade deste matéria.

Este debate de ideias não é novo. Alguns filósofos acham que as civilizações euro-americanas não têm o direito, nem o estatuto moral de julgar outras culturas. Segundo estes filósofos, ou antropólogos como o francês Claude Levi Strauss, os critérios morais variam de um povo para o outro. Este argumento é interessante. Talvez seja por isso que a legislação sobre a violência doméstica seja contemplada há pouco tempo: aquilo que o vizinho fazia com a mulher não nos dizia respeito. Como se pode verificar, existem certas práticas culturais que, para nós “ocidentais”, são inaceitáveis nos dias de hoje. Temos também o outro lado da moeda. O prémio Nobel da literatura de 1976, o canadiano Saul Bellow, defendeu que certas culturas deram uma maior contribuição para a Humanidade do que outras. Esta tese defenderia então que existam modelos de civilização melhores do que outros.

Este debate de ideias é positivo porque acabamos por sistematicamente nos interrogarmos sobre o nosso modelo de civilização. Ele não é perfeito, como é óbvio, mas é um dos melhores, pois fomenta a liberdade individual e o respeito pelos outros. Porém, o respeito e a tolerância têm levado a certos equívocos e incongruências. Os mais que vilipendiam os nossos valores são, muitas vezes, aqueles que beneficiam deles.

3 Comentários:

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