Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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segunda-feira, setembro 18, 2006

A susceptibilidade muçulmana


As palavras proferidas esta semana pelo Papa, e que tanta celeuma estão a provocar nalguns países muçulmanos e até entre muçulmanos europeus, são de uma evidência que, no princípio, ninguém desconfiava da onda de protestos que elas iriam desencadear. Sejamos claros, o Papa condenou duas coisas: condenou aqueles que se servem da religião para justificar actos violentos e, consequentemente, condenou os fundamentalistas islâmicos.

Desde há uns anos para cá, o mundo tem assistido a uma guerra obscura e mortífera entre os que se dizem guerreiros de Alá e governos de vários continentes cujas políticas não agradam aos tais guerreiros. Al-Qaeda é um grupo terrorista que melhor personifica a mentalidade dos radicais islâmicos. Os objectivos deste grupo terrorista são deveras simples; pretendem unificar todos os países islâmicos num califado, alargando esse suposto império até a Ibéria. Também pretendem exterminar Israel, como também castigar a representação de Satã no mundo, isto é, os Estados Unidos da América. Estes objectivos foram proferidos pelos seus líderes Bin Laden e Al-Zawahiri. Todos aqueles que se opõem a estes ideais são considerados infiéis. Para quem acaba de chegar ao planeta Terra, ao ler isto, só pode ou rir-se das palavras desses alucinados ou não lhes dar a mínima importância. No entanto, tendo em conta o número de mortos que listam do currículo desses fanáticos, tendo em conta o ambiente de medo que se vive em certos países, o sentimento é de apreensão e receio quanto ao futuro.

Tudo o que foi escrito até agora não constitui novidade, pois somos diariamente “massacrados” pelos jornais, pela televisão, pelos agentes da autoridade com avisos e notícias sobre o assunto. O Papa, representante de uma fé religiosa, limitou-se a dizer o óbvio e a usar do seu poder para condenar tais pensamentos e actos violentos. Foi, porém, mal interpretado. Perante a indignação crescente dos muçulmanos, um pouco por todo o mundo, Bento XVI viu-se obrigado a lamentar publicamente o facto de as suas palavras terem sido deturpadas. Também esta situação não é inédita. Com os famosos “cartoons”, o mundo ocidental aprendera pela negativa as diferenças culturais que existem com o mundo muçulmano. Perante a esperteza de alguns muçulmanos, esta semana servirá para promover debates sobre a igreja católica e seus pecados. Os argumentos serão fáceis e expectáveis: o Vaticano já desencadeou guerras santas no passado e provocou as famosas Cruzadas. Durante os próximos dias, manifestações em ruas de cidades muçulmanas e não só, queima de bonecos alusivos ao Papa, igrejas atacadas; a história vai repetir-se, todavia, com protagonistas diferentes.

Nenhum responsável político ou religioso, muito menos o Papa, associa o terrorismo a todos os muçulmanos. Agora, os muçulmanos não podem esquecer que os radicais islâmicos existem, são muçulmanos, e actuam de forma violenta. A indignação muçulmana a que assistimos só serve para branquear e até legitimar os seus actos, pois só os vitimiza.

Há verdades inconvenientes que incomodam. Enquanto que os ocidentais revêem o 11 de Setembro não como um ataque sobre os americanos, mas sim como uma conspiração entre americanos e judeus, os muçulmanos respondem às palavras de Bento XVI não com distanciamento relativamente aos radicais islâmicos, mas sim com indignação em relação ao Papa. Estas são duas formas bem diferentes de encarar duras realidades. Uns põem a mão na consciência ainda duvidando do que viram com os seus próprios olhos, outros, sem despudor, renegam a evidência das coisas. A susceptibilidade muçulmana é perigosa.

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