Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

A minha foto
Nome:
Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, dezembro 17, 2006

Para um Ensino Superior de sucesso


Num estudo recentemente divulgado, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, vulgo OCDE, apresentou sérias críticas ao funcionamento das instituições de ensino superior em Portugal. Desde então, este tema tem sido debatido em diversos órgãos de comunicação social por vários intervenientes, nomeadamente investigadores, professores universitários e o próprio Ministro da Ciência e Ensino Superior, Mariano Gago. O estudo defende basicamente que Portugal deve investir ainda mais no Ensino Superior se quer atingir um nível equiparado ao dos seus congéneres europeus. Para tal, a OCDE apresenta sugestões com intuito de melhorar as instituições e o seu funcionamento. Num momento de grandes mudanças, em que a reforma do Ensino Superior tem por suporte o Tratado de Bolonha, estarão as nossas universidades e escolas superiores dispostas e preparadas para tais reformas?

Entre 1994 e 1996, os estudantes universitários manifestaram-se por todo o país, por vezes de forma violenta, contra a implementação de propinas. Volvidos dez anos, a questão já não incide sobre se deve haver ou não propinas, mas sim até quanto devam elas aumentar. A OCDE defende uma subida razoável das propinas, aconselhando o governo a acabar com o actual modelo de financiamento. Este ponto vai ao encontro do que muitos pensadores sobre assunto têm advogado. O ensino superior não pode nem deve depender demasiado do Estado. Para um progresso efectivo da investigação científica, para uma melhoria significativa do número de cientistas e intelectuais em Portugal, é preciso repensar no seu todo a forma como o ensino pós-secundário funciona. Para oferecer boas condições de trabalho aos investigadores, inclusive para atrair investigadores estrangeiros; para que aos estudantes não lhes falte nada durante os seus estudos é necessário dinheiro, muito dinheiro. O Estado não o tem e nem o deve ter. Deste modo, exige-se uma alteração na filosofia universitária.

Coincidência ou não, esta semana foi anunciada a personalidade vencedora do Prémio Pessoa deste ano. O júri decidiu atribuir o prémio a António Câmara, docente universitário e fundador da empresa YDreams. O que o estudo da OCDE e este prémio têm em comum é que, por um lado, temos a apresentação de propostas cuja finalidade é melhorar o ensino superior e a investigação no país; por outro, temos o resultado do que essas propostas poderiam trazer se fossem implementadas. Após alguns anos em que esteve nos Estados Unidos a preparar o seu doutoramento, António Câmara voltou com o espírito empreendedor americano e vontade de o pôr em prática. Para o premiado, a investigação científica tem de estar relacionada com o mundo empresarial. A sua empresa reflecte esse entendimento e o sucesso acaba por vir por acréscimo.

A actual geração de investigadores partilha desta visão. No entanto, falta-lhe meios e, provavelmente, “bagagem” científica. Os recentes protocolos assinados com o MIT poderão colmatar essas lacunas. Mas, mais uma vez, esta ideia partiu do Estado e não de um diálogo inter-universitário. Espera-se que a partir de agora seja dada mais autonomia às instituições universitárias para estabelecer as suas estratégias na elaboração de cursos superiores e na angariação de investigadores, professores, estudantes, delineando o seu rumo. O Tratado de Bolonha servirá de base e de regulamentador das novas políticas do Ensino Superior.

Muitas universidades, como a Universidade dos Açores, lamentaram por terem ficado à margem dos protocolos com o MIT. Tendo em conta a vocação desta universidade insular que é o mar e toda a sua envolvente científica e cultural, tem de ser os seus dirigentes, numa iniciativa cientifico-empresarial, a procurarem universidades no mundo com a mesma vocação para partilhar saberes e fazer novas descobertas. O laboratório natural que o arquipélago vulcânico e o Atlântico Norte lhe oferecem é uma dádiva que ainda se encontra subaproveitada.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial