Paraíso Perdido XI
Autoria: Paulo Melo
A luta de titãs
Angra do Heroísmo já conhece os três principais - e talvez os únicos - candidatos às eleições autárquicas.
Como a Democracia não é perfeita, um dos candidatos parte em vantagem em relação aos outros. A candidata pelo PS, Andreia Cardoso, é a actual presidente da Câmara e, por isso, não precisa de fazer muitas promessas políticas; basta aparecer frequentemente na imprensa em inaugurações (mesmo que sejam obras insignificantes) ou em anúncios de eventos de cariz cultural, como se o passado nunca tivesse acontecido. Os outros dois candidatos terão de seguir o modelo mais elementar, isto é, apresentar um programa eleitoral que dê um novo rumo para a cidade Património Mundial.
As eleições para Angra são as mais interessantes, porque criam muitas expectativas na região, pois o desfecho é, por enquanto, incerto. O facto de a edilidade socialista, que presidiu o concelho durante uma década, ser muito contestada não permite dizer que os socialistas têm as eleições perdidas. Antes pelo contrário, a operação de substituição de José Pedro Cardoso foi feita oportunamente. Andreia Cardoso tem tido uma postura serena e cautelosa, tentando distanciar-se do seu antecessor. Com essa estratégia, muitos munícipes esquecem que ambos pertencem ao mesmo partido, o que acaba por ser uma reconstrução da verdade. Se, por um lado, Andreia Cardoso vai em vantagem, por outro lado, é sempre importante relembrar que muitos eleitores julgarão o que foi feito até agora. Como disse atrás, são muitos os que demonstram grande insatisfação para com os socialistas de Angra. Ao contrário do que alguns afirmam, os angrenses não são uns vendidos ao PS, nem uns ignorantes. Não há nenhum munícipe que não reconheça que a cidade andou para trás nestes últimos anos. As eleições representarão o momento ideal para dar voz a esse descontentamento.
O candidato pelo CDS/PP, Artur Lima, encontra-se numa boa onda depois do sucesso nas eleições legislativas regionais. Não sendo um partido com um histórico de cargos executivos na região, tem vindo, no entanto, a ganhar a simpatia nas causas que defende e consequentemente na angariação de votos. Por muito que pareça estranho, ganhar é possível.
O candidato do PSD, António Ventura, é um candidato surpresa para muitos, inclusive dentro do próprio partido. Deputado pela Ilha Terceira e líder local do PSD, tem tido uma posição de força na luta pelos agricultores da região e contra o esvaziamento de poderes institucionais com que a Terceira tem sofrido nos últimos anos. É, no entanto, um candidato pouco conhecido na ilha, o que prejudica o impacto da sua candidatura. Mas o PSD não deixa de ser um partido de poder, com uma história e uma organização que conseguem galvanizar uma grande parte da população em prol do seu candidato. Ganhar é igualmente possível.
Angra tem sido conduzida com falta de ambição, falta de rumo e muito servilismo perante o poder socialista de São Miguel. O castigo nas urnas é uma possibilidade que deverá estar bem presente na mente da candidata socialista. Espera-se por parte dos candidatos elevação no discurso e no confronto político, com a apresentação de propostas ambiciosas, mas sobretudo exequíveis. E de facto, tendo em conta o marasmo em que tem estado o concelho de Angra, não é difícil ser-se inovador. No meio de tantas dúvidas, uma certeza: a luta política será renhida. Por isso, tal como se diz no desporto: que o melhor ganhe, por Angra e pelos angrenses.
PS: Por questões de interesse e envolvimento partidários, esta será a minha última intervenção escrita acerca de Angra.
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