Paraíso Perdido XV
Money for nothing
Quem não gosta do dinheiro? Acredito que pelo menos 80% da concretização dos nossos sonhos dependem do dinheiro. Há uma máxima que diz “o dinheiro não traz felicidade”. Tenho uma, no entanto, mais realista que contraria a anterior politicamente hipócrita: “O dinheiro só traz felicidade para quem souber usá-lo”. A crise financeira que abala as economias mundiais é bem prova disso, pois a ganância pelo lucro transformou-se em medo e revelou o conceito mais básico que define o universo das finanças: o dinheiro só vale aquilo que o outro está disposto a dar por ele. Volto a repetir: não é quem vende que define o preço; é o mercado, por isso esta é a lição que a crise nos ensina.
Quem não gosta do dinheiro? Acredito que pelo menos 80% da concretização dos nossos sonhos dependem do dinheiro. Há uma máxima que diz “o dinheiro não traz felicidade”. Tenho uma, no entanto, mais realista que contraria a anterior politicamente hipócrita: “O dinheiro só traz felicidade para quem souber usá-lo”. A crise financeira que abala as economias mundiais é bem prova disso, pois a ganância pelo lucro transformou-se em medo e revelou o conceito mais básico que define o universo das finanças: o dinheiro só vale aquilo que o outro está disposto a dar por ele. Volto a repetir: não é quem vende que define o preço; é o mercado, por isso esta é a lição que a crise nos ensina.
O dinheiro só vale aquilo que o outro está disposto a dar por ele.
Uma reportagem televisiva dava conta das iniciativas de particulares americanos para venderem as suas casas. A mais original consistia na venda de rifas, com o respectivo sorteio, em que, tal qual um jogo da lotaria, qualquer pessoa estava habilitada a ganhar uma casa por uma soma irrisória. Na reportagem em causa, via-se bairros tipicamente americanos em que todas as casas ostentavam cartazes de empresas imobiliárias. Estas últimas organizavam excursões de autocarros com potenciais clientes para adquirir as casas a preço de saldo. Por fim, via-se em Miami, naqueles prédios muito altos com vista para o mar, apartamentos luxuosos à venda por 200 mil euros. Isto aconteceu no princípio deste ano nos Estados Unidos. Para o ano, a Europa passará pela mesma situação e Portugal não será excepção.
Arrisco-me a este exercício de futurologia porque não vejo outra solução possível. A especulação imobiliária não é como a bolsista. Ao contrário desta última, que se baseia em instrumentos financeiros abstractos, o mercado imobiliário lida com bens concretos, não podendo, por isso, desaparecer de um momento para o outro. Nesta área em particular, a inflação nos preços dos imóveis deixou de acompanhar o poder de compra e a riqueza produzida dos respectivos países. É verdade que a concessão de crédito ajudou para que isto acontecesse. Construíram-se milhares de casas e condomínios, com base na expectativa e não na necessidade do mercado. A bolha aumentou, até rebentar. A primeira fase da crise, que agora vivemos é financeira. Os bancos estão a ajustar os seus mecanismos de intervenção e de concessão de créditos com a ajuda dos governos, tornando-se mais restritivos e selectivos. Dentro em breve, será o imobiliário. A pujança económica de Espanha levou a que passasse por esta fase mais cedo dos que os outros, mas não falta muito para que os restantes países europeus a sigam. Os proprietários venderam habitações bem acima do seu valor e agora, por não vislumbrar possibilidade de lucro, vendem-nas ao preço do custo. Para o ano, venderão abaixo do seu valor. Uma casa poderá então valer metade do que vale agora. É isso ou deixá-la apodrecer de velha, tornando-se um autêntico empecilho para os donos. A mim, cheira-me que o governo ou o poder local irá meter o nariz. Para alguma coisa servem as expropriações, nomeadamente quando a habitação fica localizada nos centros urbanos e históricos. O mercado de arrendamento é uma alternativa interessante e credível. Contudo, há notícias que relatam situações em que senhorios se aproveitam da crise para aumentar as rendas. Mais uma vez, a ganância impera. Teriam de se pôr à cautela porque mesmo que a justiça até seja bem clara quando o inquilino não cumpre as suas obrigações, os processos demoram uma eternidade e, durante esse impasse, quem fica a ganhar é o morador/ocupante. No entanto, acredito que o mercado tratará de romper com essa ganância, pois para o ano não faltarão habitações por arrendar.
Em resumo, é preciso fazer um ajuste na ordem económica internacional, mas é fundamental ajustar o preço dos bens ao valor do dinheiro e da produtividade nacional. Já que os melhores economistas não previram o que se ia passar, posso atrever-me a fazer estes prognósticos.
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