Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, novembro 15, 2009

Paraíso Perdido T2C12




Falou em favorecimentos?

No famoso jantar que ocorreu entre o Presidente do Governo Regional, Carlos César, e os autarcas açorianos eleitos pelo PSD, houve um momento bastante caricato que merece reflexão. Já muito se polemizou sobre o facto de o Presidente ter separado os autarcas do PSD e do PS em jantares diferentes. Na verdade, concordo com Carlos César: na minha casa, convido para jantar quem quero e quando quero. Quando se está há mais de dez anos no poder, é normal que se confunda o Palácio da Conceição com a sua própria casa.

No jantar da primeira liga, a saber com os camaradas autarcas, o tema oficial de conversa incidiu sobre a problemática do endividamento das autarquias. Tema esse perfeitamente adequado e pertinente. No jantar da segunda liga, com os companheiros/inimigos do PSD, a conversa foi um autêntico sermão proferido por um Presidente transformado em político naïf, proclamando-se inocente no que respeita a sacanices políticas. Não; isso de jogadas baixas não é com o Presidente; se houver só pode ser com os seus súbditos.

Segundo a imprensa, Carlos César “apelou os presidentes de câmaras municipais do PSD a manterem-no informado sempre que acharem que o Executivo está a favorecer as autarquias do PS”. Não há dúvidas de que César, com este discurso, marcou uma nova fase do surrealismo em Portugal. Primeiro, o chefe do Executivo é ele próprio, o que faz com que tenha sempre responsabilidades no que de bom ou de mau se passa neste órgão político, daí ter obrigação de conhecer os meandros da coisa, como também quem nomeou para desempenhar funções de relevo dentro do seu governo. Segundo, com este alerta, César subentende que já houve favorecimentos o que, vindo do responsável máximo pelos Açores, abre provavelmente a porta para uma investigação de foro político – e diria até criminal. Por último, fica a dúvida: só os autarcas do PSD é que se podem queixar? E os presidentes de juntas? E os vereadores dos outros partidos? E os açorianos que se sentem prejudicados na procura de emprego pelo facto de alguns concursos favorecerem a clientela socialista? Esta gente não se pode também queixar?

Ainda alguns criticam Berta Cabral por não ter comparecido ao tal jantar. Compreendo que ela não se tenha sujeitado a tal vexame. Em Portugal, o poder judicial ainda é autónomo em relação ao poder político. Por isso, se alguém souber de favorecimentos políticos, faça o favor de se queixar à justiça. Depois da Ordem dos Médicos, será que o Ministério Público deve chamar a atenção de Carlos César para que respeite as competências de cada órgão de soberania?




Viver com maioria relativa

Está a ser difícil acertar as agulhas na Câmara de Angra. Todos tentam fazer valer os seus direitos adquiridos pelos votos e a Presidente, tal uma contorcionista do diálogo, desdobra-se em inúmeras negociações para satisfazer as ambições da oposição. Se isso é mau para Angra? Pelo menos, teremos semanalmente uma dança de espada em plena Praça Velha.

A maioria relativa não paralisará mais o desenvolvimento do concelho do que a maioria absoluta paralisou no passado recente. Pelo menos, a partir deste mandato todos os partidos eleitos terão a sua quota de responsabilidade se Angra continuar no marasmo. Não haverá desculpa para ninguém. Se na campanha eleitoral todos primavam pelo discurso da unidade em torno de Angra, chegou o momento de passar das palavras aos actos.




Uma questão de cultura

E com palavras a ex-vereadora da cultura, Luísa Brasil, se despediu em grande da cidade Património provocando uma catadupa de discursos laudatórios pelo seu trabalho no pelouro da cultura. Infelizmente, não vou entrar nesta cantoria porque não posso. E não posso porque o único juízo que devo fazer é o de carácter político. Não obstante, pelas pouquíssimas oportunidades que tive para a conhecer pessoalmente, entendo perfeitamente a admiração que provoca nas pessoas que acompanharam de perto o seu trabalho.

Porém, no campo estrito da política cultural, não consigo dar uma apreciação positiva. Se Angra já foi considerada “capital açoriana da cultura”, nos últimos anos foi perdendo esse estatuto, tornando-se a capital da cultura do marasmo. E é no campo da cultura que mais se verificou esse retrocesso. Criaram-se uns eventos carismáticos como o festival Angrajazz, Angrarock ou o Festival de Teatro, mas depois disso que mais se fez de relevante? Isto são exemplos de efemérides culturais - que até estagnaram na sua formulação. Mas que verdadeiras políticas culturais foram criadas para divulgar e rentabilizar o estatuto de cidade património? Criaram-se parcerias com as escolas do concelho para ensinar a riqueza do património histórico de Angra? E a cultura nas freguesias?

Estas e outras perguntas podem ser feitas à luz do que eu chamo políticas culturais para um concelho. E neste campo há muito por fazer. Cabe agora à Presidente trilhar um novo caminho nesse sentido.

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