Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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sábado, outubro 09, 2010

A maior bofetada de sempre



Lembram-se da famosa discussão em torno da Revisão Constitucional proposta pelo PSD? Lembram-se da reacção do PS proclamando-se defensor absoluto do Estado Social? Lembram-se de Manuel Alegre afirmar que se for Presidente da República chumbará qualquer proposta de lei que altere o actual modelo de Estado Providência? Pois é, meus caros contribuintes e beneficiários desse modelo de Estado Social, tenho uma péssima notícia: a festa acabou.


Não escrevo isso nem com um tom de júbilo, nem de tristeza. Escrevo com a naturalidade de quem viu há muito que isto ia acontecer. Não foi difícil prever o desastre que estava por vir e que agora chegou.


Não, camarada. Não digam que a culpa é do neoliberalismo, que até parece mal. Aliás, devia agradecer-lhe pelo facto de ter a casa que tem que só ficará paga quando for para a reforma ou para a cova. Ninguém obrigou ninguém a contrair empréstimos. Admito que no meio de tanta euforia, a ganância embriagou alguns bancos e investidores, mas durante os tempos em que as economias foram pujantes, os governos esqueceram-se de fazer como as formigas, isto é de amealhar dinheiro para tempos mais conturbados.


A crise adivinhava-se em Portugal porque a economia não crescia ao ritmo das despesas e encargos que o Estado vinha acumulando. Os socialistas bem queriam dar dinheiro a todos os pobres, mas o problema é que a pobreza crescia de ano para ano. Os socialistas bem queriam que os alunos portugueses tivessem todas as condições para se tornarem os melhores da Europa, as taxas de sucesso continuavam a divergir das restantes nações europeias. Os socialistas ansiavam por uma saúde universal e gratuita, os hospitais e os centros de saúde não conseguiam dar resposta aos utentes. Por mais que os sucessivos governos não quisessem admitir, o Estado tinha limitações. Tal como uma família endividada, a República portuguesa ia pedindo dinheiro aos bancos estrangeiros para financiar o seu modo de vida faustoso. Lá fora, fecharam a torneira dos milhões.


Não faltaram vozes a avisar do perigo que o país corria, da situação insustentável a que Portugal iria chegar. Não só estas vozes não foram ouvidas como até foram ridicularizadas. O momento chegou. Neste caso, não sei se há males que vêm por bem. O preço do sacrifício que nos é pedido é muito alto, talvez demasiado alto para a nossa capacidade de aguentar e para conseguir dar a volta.


É ver agora como a comunicação social está atenta aos salários milionários de gestores públicos, muitos deles amigos ou militantes do partido do governo. É descobrir como milhões de euros são mal gastos pela Administração Pública. É ver comentadores e jornalistas fazerem a listagem das empresas ou institutos públicos que são dispensáveis, para não dizer inúteis. É ver as notícias de inúmeras situações de fraude na Segurança Social, nomeadamente na atribuição de subsídios de desemprego e no Rendimento Social de Inserção. Foi preciso chegar ao ponto em que chegamos para que, de repente, houvesse uma vontade de controlar rigorosamente o uso dos dinheiros públicos. Enquanto houve fartura, ninguém se queixou. Tal pena.


A partir de agora, todos somos suspeitos e o facto de a Segurança Social mandar cartas a quase todos os portugueses para comprovarem a sua situação financeira só mostra que a caça às bruxas começou. Portugueses, preparem-se. Tal como antigamente, poderão ser chamados a participar nesta caçada. O Governo agradecerá.

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