Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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quinta-feira, setembro 29, 2011

Carta Aberta à Juventude



Aeroporto João Paulo II, Ilha Terceira. Normalmente, quando vou ao balcão da SATA é para reclamar. Péssimo hábito meu. Olho à volta, o costume: passageiros a embarcar e a tratar das malas entre familiares e amigos. De repente, vejo um colega de universidade aprontado para viajar. Pela forma emotiva como se despede dos seus, parece que vai para fora por muito tempo. Enceto conversa.

Engenheiro Civil de profissão, já trintão, ficou desempregado depois de a sua firma ter falido, ficando a dever-lhe três meses de salário. Procurou emprego no país por todo o lado, mas nada encontrou. Graças à Internet, conseguiu um contrato para o Brasil. Está pronto para esta nova etapa da sua vida. Se há quinze anos atrás lhe tivesse dito que ficaria desempregado como engenheiro, ter-se-ia rido na minha cara. Que destino.

Em Portugal, não só temos falta de nascimentos como aqueles que nasceram cá se vão embora. Parece que uma máquina do tempo nos enviou para os anos 60. Os índices de emigração são iguais ou até superiores a essa data. Esta crise está a matar o país.

A juventude, que ainda há pouco estava à rasca, percebeu que nenhum governo ou político a pode acudir. Esta juventude não quer subsídios e muito menos estágios para fazer de conta. Afinal, ir para fora já não mete tanto medo e parece que as verdadeiras “novas oportunidades” são concedidas pelos estrangeiros: os portugueses são conhecidos por serem desenrascados, bons falantes em línguas estrangeiras e competentes no que lhes é incumbido fazer. Em Portugal, recruta-se gente com um mínimo de “5 anos de experiência”. Lá fora (França, Inglaterra, Estados Unidos, Angola e Brasil) quer-se gente que trabalhe.

É verdade que no estrangeiro muitos jovens estão a aceitar trabalhos mais duros do que a sua formação exige. Mas em Portugal, os bons empregos já não existem e os centros comerciais e supermercados estão a abarrotar de licenciados. Mas também, lá fora, não faltam enfermeiros, professores ou engenheiros a trabalhar na sua área de formação e a ganhar bem. Estão felizes? Sim, mas quando se lembram de Portugal dá-lhes um nó na garganta. O rancor emerge, mas a saudade acaba por vencer.

Nos anos 60, fugia-se da pobreza. No ano 2011, vai-se à conquista do sonho que a pátria não cumpriu.

Não tenho lições a dar. Tive a “sorte” de nascer em 75, por isso vou-me safando no país, apesar de ter saído da terra e migrado para outra bem longe. Com o tempo, percebi que a minha casa é onde o meu coração vive. Por isso, onde me sentir bem e realizado será considerado o meu lar.

Esta é talvez a maior lição que aprendi nos últimos anos. E não foi nenhum professor ou político que ma deu: foram as bofetadas que levei da vida e as alegrias que ela também me proporcionou.

Sim, devemos lutar pelos nossos direitos mas primeiro é preciso determinar que direito escolher, porque há muitos. Eu já escolhi. O direito à felicidade é talvez o maior e o mais ambicioso. Por isso, vale a pena lutar por ele.

Daí este texto que foge daquilo que costumo escrever. A minha mensagem é a da não resignação perante um futuro que nos afigura sombrio. Se o mundo é vasto, é actualmente mais fácil percorrê-lo. Nós, portugueses, fomos os especialistas dos Descobrimentos e é, de facto, extraordinário ver como em cada canto deste planeta existe um português a vencer na vida.

Poderão pensar que estou a convencer-vos a partir do país. Mas não. O que estou a tentar fazer é despertar-vos para uma causa: não há tempo a perder. Cada mês que passam sem trabalho, são mais jovens deste mundo a agarrar oportunidades que deveriam ser vossas. Não tenho emprego garantido, mas há uma coisa que quero garantida: é a minha felicidade. Por isso, não vou deixar que sejam outros a decidir por mim. E vocês também não devem deixar.

Perante este momento de dúvida e de aperto, mais uma coisa: independentemente do que decidirem, arrependam-se somente do que não fizerem.

Por isso, antes de tomar uma decisão, pensem bem.

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