Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, setembro 11, 2011

O trunfo do PSD Açores






1. A polémica sobre a contenção financeira da RTP Açores, forçada pelo Governo da República, transformou-se numa oportunidade de ouro para o PSD Açores. E, no momento da verdade, soube aproveitá-la.




O PS Açores ficou-se pelas lamentações e agarrou-se à lei que supostamente defende “intransigentemente os açorianos”. Como sabemos, a lei faz com que seja Lisboa a mandar nos desígnios do canal regional. E a decisão de Lisboa está tomada, para mal dos açorianos.




A líder do PSD regional, Berta Cabral, tratou de apresentar um novo conceito televisivo para a Região – conceito apoiado por muitos profissionais do sector televisivo. Em suma, propõe que os Açores assumam uma maior responsabilidade no financiamento e nos desígnios da RTP Açores. Esta ideia não é nova, porém, até agora nenhum governante levara esta questão avante.




Por isso, no momento em que Lisboa decidiu o futuro do canal, o PSD Açores optou por defender algo arriscado mas que faz todo o sentido. Como já escrevi, até agora aos políticos foi fácil criticar a televisão regional quando lhes convinham. O PS Açores ficou-se pelas lágrimas de crocodilo. O PSD percebeu que defender mais autonomia implica também assumir mais responsabilidades; e não fugiu ao desafio. De um lado, tivemos o choramingar insular do costume, do outro, a vontade autonómica de empreender. Já se sabe quem ganhou neste capítulo.




O PS, pela voz do Secretário da Presidência, André Bradford, (que se deu ao trabalho de ir a Lisboa pedir audiência ao presidente da RTP, tal um sindicalista das autonomias) tratou logo de repudiar a ideia, acusando o PSD de mudar de opinião. É bom perceber que nem tudo é estanque e que, em tempo de crise, exige-se criatividade e empreendedorismo por parte dos políticos, colocando-se à altura dos novos desafios que este período dramático nos impõe. Eu pensava que, com a mudança de opinião de Carlos César relativamente às taxas moderadoras, o PS teria percebido a relatividade das coisas, sobretudo das opiniões…




Falta praticamente um ano até às eleições regionais. Os dois maiores partidos sabem que a campanha não oficial começou. Tudo o que for dito poderá ter consequências favoráveis ou não no desfecho eleitoral. Estamos a viver um momento completamente diferente, pois a contenção financeira, a alta taxa de desemprego e estagnação económica traçam um cenário dramático para os açorianos e os partidos já nada podem prometer de extravagante.




Apesar das inaugurações das “obras do regime”, que se esperam em breve um pouco por todas as ilhas, sente-se um desgaste do PS Açores. Carlos César ainda não esclareceu se volta a candidatar-se para Presidente do Governo Regional. Há dúvidas, e provavelmente receios. Carlos César aguarda o desfecho das eleições na Madeira (digo já que um bom resultado é Alberto João Jardim perder a maioria absoluta no Parlamento Regional) e aguarda o Orçamento de Estado para 2012. Mas uma conclusão pode ser tirada: Carlos César não confia nos seus possíveis substitutos. Se confiasse, já teria anunciado a sua não recandidatura, permitindo assim que o futuro candidato ganhasse fôlego, preparando-se atempadamente e estrategicamente para as eleições. Deste modo, é possível prever qual o desfecho do famigerado tabu.




No PSD Açores não há surpresas relativamente aos protagonistas, mas há novidades quanto às medidas que pretende empreender para a Região. O caso RTP foi o primeiro que assumiu contornos mais mediáticos e que ajuda a esclarecer o cidadão no seu sentido de voto. Desconfio que haverá mais situações dessas no futuro o que augura uma campanha eleitoral animada mas rica em debate ideológico e programático.




2. Surpreendentemente, vários jornais da Região publicaram uma não notícia governamental. A Secretaria Regional da Educação tratou de divulgar quantos professores estão de baixa médica neste início de ano lectivo. Há muitas interpretações que podem ser feitas nas razões que terão levado os responsáveis da Educação a divulgar tais dados. Mas nenhuma delas é positiva.




Já agora, tal pena o Governo Regional não ser mais coerente e tratar de divulgar os mesmos dados relativos a todas as Secretarias Regionais. Tal pena a Secretaria da Educação não detalhar o tipo de baixas a que recorreram os professores. Será que alguma delas é fraudulenta? Se sim, de quem a culpa? De quem a pede ou de quem a dá? Pelo menos há que assumir até ao fim uma iniciativa que, em princípio, só deveria dizer respeito a empregador e empregado.




Entretanto, isto fez-me lembrar a actuação da ex-Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que achava que criar conflitos na classe dos professores ajudaria a resolver os problemas da educação. Pensei que todos tinham percebido que puxar pela inveja ou rancores sociais não leva a lado nenhum. O ano lectivo que se inicia promete ser rico em contestações.

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