Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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quarta-feira, novembro 16, 2011

Cavaco Silva, o mal-amado


É notório que existe um desconforto, roçando o desprezo, pelo facto de o Presidente da República ser Cavaco Silva. Mas eu penso que a situação ainda é mais complicada. Há quem não consiga aceitar Cavaco Silva como Presidente da República simplesmente por ele ser de Direita. Sim, desde que a Democracia existe, há quem ache que o mais alto cargo da Nação só pode ser desempenhado por alguém de Esquerda.

Na recente deslocação oficial aos Estados Unidos, Cavaco Silva não só visitou as comunidades portuguesas, como optou também por levar com ele uma comitiva de empresários de Portugal, por forma a convencer americanos e emigrantes portugueses a investirem no país. Não mencionando a curta presença - mais simbólica do que outra coisa - nas Nações Unidas, Cavaco Silva, juntamente com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, optaram por não fazer desta deslocação uma simples e habitual visita aos nossos emigrantes.

Como sabemos, o país precisa de investimento externo e precisa de exportar os seus produtos. O facto de encerrar a sua visita em Silicon Valley – sede da Google e da Microsoft - demonstra o objectivo pretendido. Este papel, muitas vezes atribuído ao Governo da República, foi desempenhado pelo Presidente porque é perceptível que todos os governantes devem estar em sintonia quanto ao fortalecimento económico de Portugal.

Contudo, dos Açores e por parte de alguns emigrantes açorianos, surgiram críticas a essa visita. A mim, parecem-me injustas. Passo a explicar.

As críticas, que nasceram dum editorial do Diário Insular da ilha Terceira e alimentadas pelo ilustre Diniz Borges, referem-se ao facto de Cavaco Silva não ter convidado o Governo Regional dos Açores a acompanhá-lo nessa deslocação.

Provincianismos à parte, é fácil para os açorianos perceber que Cavaco Silva é presidente de todos os portugueses. As nossas comunidades portuguesas têm isso muito bem em conta e valorizam quando o presidente as vai visitar. Aliás, Há mais de vinte anos que um Chefe de Estado português não passava pela costa oeste dos Estados Unidos (Califórnia). Daí a expectativa desta visita pelos nossos “luso-americanos”.

Numa crónica, publicada a 8 de Novembro, com dados demográficos e sociais muito interessantes sobre a comunidade portuguesa na Califórnia, Diniz Borges lamentava que Cavaco Silva centrasse a sua visita numa só localidade ao invés de querer conhecer as várias comunidades espalhadas por esse Estado americano. No final, havia uma “boca” em que louvava Mário Soares por se ter empenhado, enquanto Presidente da República, em visitar todas as comunidades lá existentes.

Actualmente, seria difícil para Cavaco Silva justificar, junto dos contribuintes portugueses, uma deslocação de cortesia aos nossos emigrantes luso-americanos. Os tempos são outros e é sabido o quanto Mário Soares gostava de transformar as suas vistas de Estado em passeios turísticos.

Apesar de a América (Canada & US) ser considerada a décima ilha, a verdade é que o Governo Regional é eleito nos Açores, pelos açorianos dos Açores e não de outras partes. Também é verdade que muitos emigrantes defendem um círculo dos Estados Unidos e do Canadá aquando das eleições Legislativas Regionais, mas isso ainda é, infelizmente, uma miragem. Pelos vistos, décima ilha é quando convém à classe política açoriana.

Por isso, não me parece que houvesse uma falta de respeito por parte de Cavaco Silva ao não convidar o Governo Regional a participar na sua visita. Neste caso, os cicerones foram a comunidade portuguesa que vive lá todos os dias. Por causa disso, os Açores nunca foram esquecidos.

Porém, pelo que me foi dado a entender, houve dois momentos simbólicos que mostraram o sucesso desta visita. Por um lado, o cantar do Hino Português no jantar do Encontro Anual do Conselho de Liderança Luso-Americano nos Estados Unidos (PALCUS), momento emocionante vivido na capital americana. Por outro, a visita à Igreja Nacional das Cinco Chagas, em São José. Milhares de portugueses já se casaram e celebraram baptizados dos seus filhos e netos nesta igreja portuguesa; e se há uma coisa que une os portugueses é a tradição religiosa. Mas uma coisa louvo a Diniz Borges: a sua luta pelo ensino da língua portuguesa nas escolas americanas. O nosso Presidente deveria fazer mais por essa causa.

Esta visita tem, no entanto, um senão que prova como Portugal precisa de efectuar reformas profundas e que o mal está na governação e não nos portugueses. Alguns empresários portugueses de sucesso, como Carlos Andrade, queixaram-se da rigidez do mercado laboral em Portugal, daí a dificuldade em apostar no investimento. Outro político em ascensão que superintende a educação na Flórida, Alberto Carvalho, pôs o dedo na ferida ao dizer que as reformas educativas levam muito tempo a surtir efeito. Dizia ele: “não há tempo a perder”. Alberto Carvalho já se adiantou em relação ao governo: ele próprio tratou de contratar professores de português para leccionarem em Miami.

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