Novo ciclo, primeiras impressões
1. Vasco Cordeiro apresentou o
seu governo. Os Açores iniciam um novo ciclo político. Como prometido, o
governo é pequeno (promessa essa a que todos os políticos se agarram, à falta
de cumprir aquelas que verdadeiramente interessam ao cidadão). Significa que,
pela primeira vez, o PS dos Açores terá um parlamento forte, recheado de notáveis
com larga experiência política e governamental. Para bem e para mal do próprio
governo.
A distribuição das pastas pelas três
principais ilhas é, no meu ver, eficazmente proporcional à Região. Haverá, de
certeza, super Direções Regionais. A coordenação política entre governo e
bancada parlamentar do PS será fulcral para o sucesso deste novo governo. A
decisão de manter Sérgio Ávila é inteligente, mas sobretudo de bom senso. Pelo
menos, os açorianos não serão surpreendidos como os portugueses do continente,
de cada vez que entra um novo governo, com a lengalenga de que “afinal, as contas
estão piores do que pensávamos”. Outra vantagem do PS: uma lealdade política à
prova de fogo. Mais do que a oposição, o próprio PS, em sede parlamentar, terá
um papel acrescido na fiscalização e necessária correção de decisões do governo
que sustenta quando estas se afigurarem prejudiciais para o arquipélago. O
recato dos gabinetes e das reuniões internas permitirá esses “ajustamentos”
políticos.
Por mais fã que se seja de Vasco
Cordeiro ou do Partido Socialista, ninguém pode negar o estado crítico em que
se encontra a Região e as dificuldades que o governo enfrentará nesta
conjuntura extrema. Ninguém está preparado para o que aí vem, simplesmente
porque nunca aconteceu no passado. Temo que a oposição enverede pelo caminho
mais fácil que consiste em estar sempre do contra e na pressão constante ao
governo. Da extrema-esquerda, não haverá surpresas. Da Direita, os
ressentimentos e vontade de protagonismo poderão obnubilar uma conduta que se
espera mais responsável.
Os tempos serão muito difíceis. Tempos
esses que exigirão consensos e unidade em questões essenciais, como o emprego,
a coesão insular e a retoma económica dos Açores.
2. Mais um novo ciclo para o PSD Açores
Mais uma liderança que foi à vida.
Duarte Freitas é o próximo que terá a honra de presidir o partido, mas igualmente
num péssimo momento. Pegar no partido na atual conjuntura não é um privilégio;
é um fardo e um jogo de paciência, de muita paciência. Aliás, o facto de ser um
picoense o único candidato à presidência mostra o estado de espírito que reina
no partido.
No
entretanto, o partido vai perdendo experiência política, pois governar é muito
diferente de que ser-se deputado. As poucas câmaras municipais laranjas, onde
de facto se exerce um cargo executivo, vão desaparecendo aos poucos. As
próximas autárquicas serão reveladoras de como os açorianos encaram o PSD Açores.
3. Já a pensar nas autárquicas
Pelos vistos, Ponta Delgada vai ter
dois candidatos de alto gabarito: José Contente, pelo PS, e José Manuel Bolieiro,
pelo PSD. A um ano das eleições, era bom que ambos os candidatos oficializassem
a coisa de maneira a acabar com tabus. Apesar da estima pelo atual presidente
da Câmara, acho que o candidato socialista parte em vantagem.
Na ilha Terceira, nomeadamente em Angra,
ainda nada se sabe. Contudo, as perspetivas são bem piores, pois não antevejo
nenhum candidato à altura dos desafios que a cidade património tem pela frente.
Nem dum lado, nem do outro. Oxalá haja boas surpresas. Sobre a Praia da Vitória,
não estou preocupado.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial