A candidatura mata-mata
A reação ao anúncio da coligação
PSD/CDS para Angra não foi pacífica dentro dos respetivos partidos. Pelo lado
dos adversários, há quem, por má-fé, compare esta união com a coligação Coelho/Portas;
há quem entre na análise puramente partidária, procurando avaliar quem de entre
os dois partidos fica a ganhar; e há quem advoga que só pelo facto de se terem
coligado já perderam as eleições. Afigura-se, contudo, uma certeza: se o PS
vencer, António Ventura e Artur Lima dificilmente terão condições para manter os
seus cargos de dirigentes. Então, por que se juntaram?
Faço, desde já, a minha declaração
de interesse: apoio esta coligação e encaro-a com entusiasmo porque, à luz dos
interesses da cidade, esta candidatura tem o mérito de juntar dois políticos
que mais têm lutado pela Terceira e por Angra. Quero crer que se eles foram
capazes de dirimir as suas diferenças para se juntar numa só candidatura é
porque, com eles, os interesses do concelho estarão sempre em primeiro lugar.
Apesar das candidaturas atribuladas
do PS nas últimas eleições, desta vez o candidato escolhido, Álamo Meneses,
aparenta ter mais credibilidade. Mas mesmo assim não apaga o triste passado da
governação socialista. Ao concorrer sozinho, o PSD arriscaria obter o mesmo
resultado anterior ou ainda pior. Perante estas improváveis equações, é
compreensível que a estratégia passe pela rutura do passado, com a aspiração de
juntar aqueles que mais têm denunciado a inércia socialista. “Unidos por Angra”
bem poderia ser o lema de campanha para a dupla Ventura/Lima.
Quem detém quase todas as câmaras da
Região é justamente o PS que, pela lógica, deveria prestar contas juntos dos
seus munícipes. Mas tornou-se óbvio que, com a crise, a lógica já não é o que
era. Assim, torna-se difícil prever até que ponto os açorianos quererão
castigar os candidatos da Direita nas autárquicas por causa do governo
Coelho/Portas. Com sorte, o PS/Açores ganha outra vez em todo o lado, porque a
culpa, já sabemos, é de Lisboa. No continente, esta ideia vai ganhando adeptos
graças à estratégia comunicacional dos partidos da oposição e à complacência do
próprio Passos Coelho que desistiu há muito do seu partido.
Ao contrário de Vasco Cordeiro,
Duarte Freitas tem o seu primeiro grande desafio. Enquanto o primeiro vive
folgado com a sua maioria parlamentar, o seu leal governo e o seu submisso
partido, o segundo tem de encarar cada ato eleitoral como um combate à sua sobrevivência.
E é notório que o PSD, nomeadamente em São Miguel, não está pacificado.
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