O problema das mulheres bonitas
Como dizer não a uma mulher bonita? Como resistir à beleza de uma mulher? A História fala-nos de guerras que foram despoletadas por causa de mulheres que reis cobiçaram. O tempo passa, o homem evolui mas, nesse campo, não aprendeu nada. O homem não sabe como lidar consigo, nem com os outros quando uma mulher bonita lhe aparece à frente. Mulher bonita devia ser assunto de Estado. Este bem podia ser o problema da Humanidade.
Dir-me-ão alguns leitores que este texto não passa de uma manifestação machista, sexista e outras coisas parecidas que pretende diminuir a importância do sexo feminino ao torná-lo um mero objecto sexual de domínio masculino. Pois bem, reconheço que sou culpado: gosto de mulheres bonitas. No entanto, rotulá-las de objecto é um exagero. Na presença de uma mulher bonita, o tema de conversa que se tinha passa a secundário, a fútil, sem importância, originando um novo tópico de discussão em torno daquela beldade. O homem só pode agradecer a deus, à natureza, aos pais dela, a quem quer seja que tenha contribuído para tornar este mundo mais belo. Antes de continuar: o que é uma mulher bonita? Existe um padrão de beleza pelo qual os homens deste mundo, sem o saber, se regem. Daí o sucesso das Top Models, actrizes e cantoras que despertam as fantasias mais loucas dos homens. É a beleza global inalcançável, indefinível, mas consensual, que transforma estas mulheres nas novas deusas que de lá de cima do seu Olimpo mandam posters, autógrafos, canções vazias e sorrisos para os mortais embriagados pela luxúria. O físico não é tudo, clamam os politicamente correctos. É verdade. Para além da beleza física estonteante, existe a beleza do charme. Há aquela mulher discreta que possui um "je ne sais quoi", que, pela sua inteligência, pela sua eloquência, pela sua graça, pelo seu dote artístico ou, simplesmente, por ser femme, desperta paixões arrebatadoras. Por mais que se lêem definições sobre mulheres nos dicionários e nas enciclopédias, estas acabam por ser sempre imprecisas ou até incorrectas. Mulher bonita não se define, aprecia-se e ama-se.
Viajando um pouco pelo mundo, verifica-se que o conceito de mulher bonita, se bem que geralmente igual, vai tendo as suas nuances. Conforme as culturas, as tradições, a história até, a beleza é corporalmente localizada. Do Brasil, a beleza de uma mulher centra-se na famosa "bunda" tão celebrada pela poesia de Drummond de Andrade. Dos Estados Unidos, ela centra-se nos seios, daí a profusão de clínicas de cirurgia plástica. Em Itália, gosta-se da mulher "au naturel". E Portugal? Há bem pouco tempo, beleza e mulher portuguesa não rimavam. Quero acreditar que a entrada do país na União Europeia não só ajudou a emancipar a mulher como também a tornou mais atraente. Eis um bom argumento para calar os eurocépticos. À falta de subsídios, temos por consolo as nossas mulheres já sem bigode! Presentemente, o homem português deixou de olhar para as estrangeiras com um ar abismado e contempla fogosamente a esposa, a namorada ou a vizinha.
O problema da mulher bonita é que ela tem tudo o que quer, como quer, sem nunca ninguém lhe mostrar grande oposição. Não há mulher bonita que fique muito tempo no desemprego; não há mulher bonita que não tenha uma lista de pretendentes; não há mulher bonita que fique por casar. Se tudo isto é positivo, por que razão falar em problema? A beleza não é eterna: é efémera; esvai-se com devir do tempo. Uma mulher bonita que se olha ao espelho sofre na velhice. Torna-se difícil aceitar esta condição humana. A imagem incontornável de Marylin Monroe é prova disso: se tivesse envelhecido como todos nós, nunca teria o estatuto que agora possui.
Esta crónica bem podia ter como origem a recente polémica em torno da rainha das Sanjoaninas; pois serviria para explicar em parte o domínio fascinante que provocou na comissão das festas. Contudo, os angrenses escusam de se preocupar porque, para o ano, a controvérsia não voltará a repetir-se. A única forma de dizer não a uma mulher bonita é ter outra mulher bonita na liderança. Esta crónica bem podia ter como motivo a vinda recente da cantora Jennifer Lopez a Lisboa para cantar duas músicas em playback, levando para casa um milhão e meio de euros em cachet, pois servira para explicar em parte a razão de se pagar tanto por tão pouco. Mas não. Este texto tem como pretexto o Verão e todas as rainhas desconhecidas que deixaram o seu sombrio local de trabalho, a sua cidade poluída e cinzenta, a sua freguesia pacata e triste rumo às praias comprovando, mais uma vez, que dos dois sexos o homem é quem mais se parece com um objecto. Parafraseando o título de uma canção francesa: "femme, je vous aime."
3 Comentários:
Adorei!
Impressionante como neste post conseguiu transmitir a ideia que uma mulher bonita pode não ser escrava da sua beleza.
Talvez uma mulher bonita, segundo esses padrões, possa aceitar com naturalidade e inteligência o passar da idade.
Cumprimentos
Carolina Almeida
Obrigada pela parte que me toca!
hehehehe
Putz!
Gostei pakas do comentário, Pensei que, nesse mundo apenas eu pensasse dessa forma. É interessante como uma mulher diga-se "bonita" tem o costume de achar que é o centro das atenções onde, na realidade, não é. Como você disse, a concorrente a faz sentir-se um pouco abaixo do degrau e isso já conta.
Infelizmente você está certo.
Os homems deviam se valorizar mais e não, mostrar que, são dominados pela simples beleza de uma dama.
Particularmente, prefiro a sensualidade de uma mulher do que a beleza física, há mulheres "feias" que tem porte, jeito de ser, de agir, de andar, etc.
Prefiro o charme!
Um abraço!
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