Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, outubro 28, 2007

O que é que te ensinam na escola?


Diz-se que a escola é o espelho da sociedade. Na minha ingenuidade patética, recuso esta afirmação, porque ainda acredito que a escola é o símbolo da igualdade de oportunidade concedida a qualquer cidadão que queira contribuir para o progresso do país. Mas antes de continuar é preciso clarificar duas perguntas: O que significa “espelho da sociedade”? E qual o sentido de “contribuir para o progresso do país?”.



A sociedade actual – e falo da nossa, a ocidental – tem sofrido evoluções positivas no que concerne a qualidade de vida das pessoas. No entanto, sabemos que nem tudo é perfeito e que existe grandes desigualdades sociais com destaque para a elevada pobreza. Aliada à pobreza, existe outras situações negativas como a criminalidade, a toxicodependência, a violência doméstica, etc. No espírito reformista do sistema educativo, a democratização do ensino consistia em dar a possibilidade a pessoas com menos recursos económicos em poder ascender cultural e socialmente. A escola era o sonho para aqueles que sonhavam em ser alguém na vida. A escola era tudo menos o espelho da sociedade; e todos queriam que assim fosse. Contudo, os primeiros erros que se cometeram foram no momento de elaborar os currículos e de distribuir o parque escolar.



Num pensamento igual ao do polémico cientista que fez afirmações racistas, pensou-se que os pobres eram menos inteligentes, por isso nivelou-se o ensino por baixo. Pedagogos, inspirados na nova ciência da época chamada sociologia, convenceram os governantes de que o sistema de ensino devia basear-se em factores como o ensino pela descoberta e pela atribuição e avaliação de competências de cariz social. Com o tempo, não só estas teorias continuam como agora algumas escolas promovem a junção de alunos com competências idênticas na mesma turma. Na teoria é muito bonito. Na prática veja-se: alunos repetentes todos juntos; alunos com problemas familiares ou sociais todos juntos. Alunos com bom aproveitamento todos juntos (a origem social destes alunos é, regra geral, determinante para o seu sucesso). A partir deste ponto está tudo dito. Se nos lembrarmos dos bairros sociais, dos bairros dos ricos, das sociedades privadas, de facto, a escola tornou-se mesmo o espelho da sociedade.



Muita gente tem consciência disso, mas agora que a caixa de Pandora se abriu não há volta a dar e o país enterra-se cada vez mais. A pressão das estatísticas internacionais pressiona os governantes. Altas taxas de abandono e insucesso escolares minam as ambições políticas e embaraçam qualquer responsável na área da educação. Mas o que verdadeiramente deveria envergonhar os políticos são as medidas que tomam para fazer face a esta situação. Fazem batota, a batota mais irresponsável que se viu. Criam percursos alternativos para crianças problemáticas, pagam alunos para ficarem na escola, atribuem subsídios de risco para os professores que leccionam em zonas problemáticas, multam pais se o filho faltar muito às aulas. Tudo isto em nome do quê? Da mentira disfarçada por números. Aprender deixou de ser a prioridade nas escolas. Se cada partícula viva desta Terra se rege pela evolução natural, nós, Homens, dos quais não quero pertencer, criámos a selecção social.



Todos nós queremos vencer na vida. Todavia, este vencer pode ter várias conotações. Vencer na vida pode significar trabalhar arduamente por aquilo que se deseja, como pode significar não perder o que já se tem, por muito pouco que seja, e logo que não dê muito trabalho. A sociedade espera que cada um de nós contribua para o progresso do país e, respectivamente, da Humanidade. Ao deixar esta premissa morrer, os governantes deixam o país morrer aos poucos. A competitividade é um termo que não se aplica só às empresas. Os nossos alunos já começaram a pagar estas malvadas decisões políticas. Um país que tem uma alta taxa de analfabetismo ou de insucesso escolar e que ao mesmo tempo tem mais de 40 mil licenciados no desemprego só pode encher-se de vergonha.

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