Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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segunda-feira, outubro 22, 2007

Socialismo de pacotilha


Quando, no início do seu mandato como primeiro-ministro, Tony Blair lançou a sua terceira via, muitos cépticos prognosticaram a impossibilidade em coadunar os ideais de Esquerda com políticas reformistas de Direita. Segundo este prisma, o seu mandato resultaria num fracasso. Contudo, Tony Blair, inspirado no legado de Margaret Tatcher, conseguiu provar o contrário e acabou por marcar positivamente a Inglaterra. Aliás, a grande contestação à sua actuação política cingiu-se basicamente ao seu apoio incondicional aos Estados Unidos com a respectiva participação na guerra do Iraque.


Em Portugal, a terceira via seduziu António Guterres que se limitou a um certo flirt ideológico mas foi com José Sócrates que se passou a vias de facto. E, contrariamente à Inglaterra, estamos a assistir a um autêntico desastre com repercussões no futuro. Um governo socialista de centro-direita, como o actual, quer abranger o melhor em termos de políticas económicas e financeiras da Direita, tentando manter a matriz socialista que consiste no acréscimo de apoios aos mais desprotegidos do qual resulta uma maior presença do Estado em diversos sectores da sociedade. Ninguém gosta de ver pessoas pobres ou socialmente discriminadas, nomeadamente a Direita, no entanto esta última defende uma maior emancipação individual, daí a negação de um Estado demasiado interventivo na sociedade.


Ao misturar inconsistentemente estes conceitos, o Partido Socialista não só renegou o seu passado ideológico como também criou mais desigualdades sociais. De um conjunto de boas intenções e da vontade reformista resultam um país mais pobre, mais desigual, mais divergente da União Europeia. A centralização do poder no Estado, pelas mãos deste governo, reforça a ideia socialista primária que nasce do famoso Contrato Social, de Rousseau. Um erro de palmatória, pois o conceito de “o Estado sou eu” só serve para ditaduras. Os episódios recentes que mostram sinais preocupantes de prepotência por parte do governo – mesmo que a democracia não esteja em causa – evidenciam incompreensão dos dirigentes políticos para com as contestações às reformas que pretendem implementar. Pensando que aquilo que estão a fazer é certo, esses políticos não aceitam que lhes apontem defeitos, muito menos que se proteste na rua. Acusam evidentemente os sindicatos, as primeiras instituições vítimas do totalitarismo, negando os elementares direitos que a Constituição lhes confere. O fascismo e o comunismo sofreram dos mesmos sintomas. Cegos perante a sua ideologia e intolerantes relativamente a quem lhes fizesse frente, serviram-se da censura e da repressão para calar quem estorvava.


O nazismo encontrou nos judeus uma fonte de receita e de ódio para dar fruto às suas ideias nacionalistas, o comunismo impediu a criação de riqueza na sua cegueira pela luta das classes, o governo de José Sócrates aposta no extermínio da classe média chupando até ao tutano os seus rendimentos; resultado: o fosso entre ricos e pobres acentua-se. Para ganhar o apreço do povo, o governo de José Sócrates aposta na aversão aos movimentos sindicais e na incitação à inveja social quando ataca sectores profissionais como os juízes ou os professores sem querer perceber que em certas profissões as condições de trabalho diferem umas das outras. Mas ao tentar armar-se em Robin dos Bosques foi “roubar” o dinheiro às pessoas erradas. Presentemente, algumas famílias da classe média trabalham não para viver mas para sobreviver, usando o seu salário somente para pagar as suas dívidas e com o pouco que sobra para comer. Os impostos elevadíssimos que se fazem sentir na carteira servem para apoiar os mais pobres e reduzir a dívida nacional. A consequência lógica destas políticas seria a respectiva diminuição da pobreza. Mas não. A crise mantém-se e o desemprego aumenta. Inclusive, assiste-se ao aparecimento de uma nova pobreza envergonhada com jovens em situação bem precária.


José Sócrates não gosta de receber lições de ninguém, mas devia ficar mais atento às vozes que vêm de dentro do Partido Socialista. A aprovação consensual que existe no PS em relação às políticas do governo é falsa e vive pelo facto de este se encontrar no poder. Alguns notáveis do partido sabem o que realmente se passa na sociedade, porque não estão ludibriados pela nova ideologia e querem um governo de volta aos ideais socialistas.

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