O dia dos antiamericanos
O tema central da semana passada foi a comemoração da Cimeira das Lajes e dos 5 anos da invasão do Iraque. Pouco depois, a comunicação social, nomeadamente a televisão, caiu em si e deixou de falar em aniversário para simplesmente relembrar datas e fazer o balanço da guerra e dos resultados obtidos até agora. Mas dessa semana há um detalhe que ninguém se lembrou de evocar e que define claramente uma filosofia que acompanhou toda a governação Bush, desde o 11 de Setembro. O dia da Cimeira das Lajes tornou-se o dia dos antiamericanos. Há dia para tudo, e agora há o dia para aqueles que se dizem anti Bush, mas cujo ódio, na verdade, vai para além de um presidente para se estender a todo um país, uma cultura e um povo.
A guerra do Iraque dividiu opiniões no antes, durante e depois consumação. Sempre defendi a tese da Administração Bush, acerca da luta contra o terrorismo global e o pressuposto de que é preciso atacar um país, de forma preventiva, que sirva de refúgio a terroristas ou que nitidamente maltrate o seu povo, sendo as ditaduras o corolário destas situações. Por mim, só o facto de Saddam Hussein existir dava amplamente razão à intenção do governo norte-americano invadir o país e tirá-lo do país. O período a seguir à guerra, propriamente dita, e que se prolongue até agora – que é o da dita ocupação, pacificação e democratização por parte dos militares e civis americanos – é, de facto, problemático. Porém, não é difícil reparar que esse período não foi suficientemente preparado, que houve erros de estratégia flagrantes e outros menos evidentes que só agora, com uma análise mais recuada e madura, permite identificar e resolver. Contudo, no meio das manifestações “pacíficas” contra a invasão do Iraque, surgem vozes de individualidades políticas ou de intelectuais de renome que aproveitam para, tal como numa terapia de grupo, dilatar as suas queixas até à própria estrutura política, económica e cultural dos Estados Unidos, que vão para lá do nosso tempo, defendendo que se o mundo está mal a culpa toda é da América.
Desde os pacifistas, altermundialistas, esquerdistas anti globalização, comunistas e amigos dos verdes, pró-palestinianos, antisemitas, antisionistas e socialistas reconvertidos, como Mário Soares, este aglomerado de pessoas identificou o cancro do planeta. Para eles, o mundo pós-11 de Setembro está mais inseguro e a culpa não é da Al-Qaeda, mas sim da América que sofreu o maior atentado terrorista de sempre e ousou responder. Por que razão o ódio legítimo a Bin Laden se transformou em ódio ao Presidente dos Estados Unidos?
Antes de mais, há um equívoco grave – encarado como uma verdade absoluta – que é preciso desmistificar. O mundo tornou-se mais inseguro porque houve o 11 de Setembro. A Al-Qaeda cresceu não porque o Iraque foi invadido, mas porque os ressabiados anti americanos e fundamentalistas islâmicos encontraram naquele grupo terrorista uma forma de divulgar e legitimar as suas intenções. Mas o que está por detrás desse ódio?
Aos olhos destas pessoas, a América é culpada de tudo: pelas alterações climáticas por não ter assinado o Protocolo de Quioto, apesar de ser um dos país que mais contribuiu para o progresso da Humanidade; por combater o terrorismo quando no passado o fomentou; por ter criado monstros como Saddam e Bin Laden e agora persegui-los; por não ter cultura mas ao mesmo tempo inundar o mundo com a sua cultura; por ser a pátria do capitalismo que tanto enriquece pessoas como as torna pobres. Em suma, querem julgar a América, levar George W Bush ao Tribunal Penal Internacional por terem cometido crimes contra Humanidade. Tal pena que nenhum país, nem nenhum povo tenha legitimidade para proclamar tal sentença. De crimes contra a Humanidade a Europa tem, na sua História, episódios completos. O facto de querer aprender com o passado não deve tornar os pacifistas uns idiotas, pois conflitos de todo o género continuam e, por vezes, para haver paz é preciso fazer a guerra.
Aprender com os erros é disso que se trata. Não se trata aqui de branquear ou legitimar todas as decisões políticas da actual administração americana. Os erros foram cometidos, identificados, divulgados e condenados ou por instâncias superiores como os tribunais ou pela opinião pública americana e mundial; há todo um trabalho jornalístico, académico e militar que aborda amplamente o assunto. Retirar do Iraque sem contrapartidas é que é uma irresponsabilidade criminosa. O mal está feito, há que corrigi-lo.
Teria sido demasiado fácil para George Bush acusar o Pentágono e seu Secretário da Defesa por o ter enganado sobre as armas de destruição massiva ou a relação entre Saddam Hussein e a Al-Qaeda como agora o fazem Durão Barroso, José Maria Aznar e Tony Blair.
Gozar com as calinadas do presidente americano tornou-se o desporto favorito de alguns, mas quando o presidente iraniano proclama o ódio a Israel e a sua destruição, nenhum destes pseudo pacifistas se ergue a exigir desculpas.
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