Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, maio 18, 2008

Maldito Maio 68


É giro ver os cinquentões relembrando a sua juventude no Maio de 68, a suposta revolução que mudou a Europa e o mundo. Foi giro ver jovens da classe média privilegiada dando azo à sua veia revolucionária ecoando frases que ficaram para a posteridade como “é proibido proibir” ou “sous les pavés, la plage”. O que resta dessa revolução? Nostalgia de um dever cumprido mas não totalmente realizado. As gerações seguintes acabam por pagar o que a geração de 68 conquistou; e essa dívida não parece ter fim.



A geração de 68, cuja erupção revolucionária se deu nas ruas de Paris, promoveu o “moi d’abord”, ou “eu em primeiro lugar”, e consegui vitórias nos domínios dos direitos fundamentais e dos trabalhadores que foram importantes e determinantes par ao progresso das nações. No entanto, não deixou de ser igualmente uma revolução cultural. Volvidos mais de três décadas, o peso da mudança engendrada pelos “68” foi demasiado e as gerações seguintes, isto é os filhos e netos dessa geração estão actualmente a pagar o que eles conseguiram obter.



Demasiado receosos de uma geração inconsequente e egoísta que se permitiu paralisar vários países, os Estados da Europa livres daquela altura permitiram que a dívida pública fosse aumentando silenciosamente, que o mercado do trabalho criasse desigualdades agora vistos aberrantes, e um parque habitacional, bem como um mercado de arrendamento, completamente escandalosos. Na altura, a revolução decorria, o futuro pouco interessava porque o presente deliciava a cada minuto. Os Estados criaram os direitos adquiridos que, na verdade, como se pode verificar, não passaram de temporários. Em Portugal, o Maio de 68 não passou despercebido apesar de ter tido reflexo somente após 1974. Pode-se dizer que Abril cumpriu-se quanto à vitória da liberdade, mas, tal como nos outros países, 68 ficou-se pelas intenções de curto prazo.



A juventude teve acesso a estudos uma formação que os pais não tiveram, contudo não passam de sub-empregados com contratos a prazo. E a mão da geração de 68 está também aqui presente. Economistas explicam a acual precariedade no emprego, nomeadamente nos jovens, com a teoria do “insiders-outsiders”. Este conceito defende que os “insiders”, ou aqueles que já têm emprego são melhores defendidos nas esferas políticas e sindicais do que os “outsiders”, isto é, aqueles que não têm ainda trabalho. Sabemos que as reformas laborais são feitas sem ter muita em conta os que iniciam a sua carreira profissional. O desemprego jovem e qualificado é uma realidade relativamente nova e perturbadora que deita por terra toda a aposta educativa realizada pelos governos dos anos 80 e 90: a aposta na quantidade em detrimento da qualidade com a pretensão de tornar a sociedade mais igualitária comprometeu seriamente as actuais gerações.



Maio de 69 foi uma revolução repleta de utopias louváveis que permitiu a milhares de jovens sonhar e viver por uns tempos à custa desses sonhos. Caberá às gerações seguintes pagar a conta.

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