Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, outubro 19, 2008

Recta final para as eleições americanas

A semana que findou encerrou o ciclo dos três debates organizados com vista a apurar as capacidades de persuasão e de oratória dos candidatos à Casa Branca. Faltando ainda algumas semanas até ao dia das eleições americanas, já se podem tirar ilações decisivas quanto à identidade do futuro Presidente dos Estados Unidos. Sem surpresas para muitos, mas com muita consternação para outros, o próximo presidente será um Democrata, um negro, um político próximo do socialismo europeu, enfim, será tudo isto na pessoa de Barack Obama.

Muitas personalidades da Direita pelo mundo fora e em Portugal já se resignaram: o candidato Republicano John McCain é demasiado fraco e Barack Obama demasiado forte. O primeiro não consegue distanciar-se convenientemente do legado da Administração Bush. Apesar de recusar veementemente essa pesada herança, MacCain é republicano e o partido está fragmentado, ferido na sua ideologia, mas sobretudo nas suas incoerências. O segundo nada tem a temer com o passado do seu partido, pois a presidência de Bill Clinton foi uma das mais bem sucedidas das últimas décadas. Para além do facto de o seu adversário se encontrar diminuído em termos de credibilidade e confiança política, Obama tem a grande vantagem de ser um político brioso e com ideias concretas para o seu país. Não será demais referir que, ao contrário de alguns demagogos europeus, Obama defende o aumento de impostos em determinados quadros profissionais. De facto, a demagogia não faz parte do seu discurso. Sobre estas minhas considerações, alguns alegarão um certo efeito de obamania, mas a realidade e o evoluir de ambas as campanhas mostram que continuar a apoiar McCain revela, sim, uma certa cegueira política, roçando o fanatismo em relação aos Republicanos.


A investidura de McCain, enquanto candidato oficial dos Republicanos, não foi pacífica mas mostrou que ele era o mal menor de entre todos os outros candidatos. Já nesse período, que remonta a um ano atrás, as coisas afiguravam-se más para a Direita americana. Os candidatos tinham muitos defeitos, não conseguindo um consenso autêntico no seio do próprio partido. A luta renhida e interessante entre Barack Obama e Hillary Clinton acabou por ofuscar a nomeação do candidato Republicano. Nos Democratas aconteceu justamente o contrário: dois candidatos fortíssimos e muito diferente um do outro apresentavam-se perante o eleitorado interno mas já mexiam com a opinião pública nacional e mundial. Com esta luta exemplar e a força dos argumentos, o sexismo e a possível discriminação racial acabaram por ser complemente ultrapassados. Hoje, já ninguém lembra que Barack Obama é afro-americano. A História fez-se e ainda se escreve.




A nomeação dos vice-presidentes teve momentos de reviravolta na escolha do eleitorado mais ingénuo e distraído mas que, com o tempo, acabou por perceber que em nada mudaria o designo inicial: os Democratas continuavam fortes e a sequência dos acontecimentos nacionais e internacionais os tornavam ainda mais fortes. A nomeação de Sarah Palin para candidata a vice-presidente do lado Republicano caiu que nem uma bomba. Uma mulher, linda, que parecia ter um bom currículo político, acabou por centrar nela todas as atenções e alguma estupefacção. Podia ter sido uma jogada de mestre de McCain e da sua equipa. Podia, mas não foi. Ao invés, o tiro saiu pela culatra. A revelação do seu passado político e as suas crenças um tanto ou quanto obscuras prejudicaram a candidatura Republicana. Em Sarah Palin viu-se mais do mesmo em termos de promiscuidade entre religião e Estado tão manifesta na ainda actual Administração Bush. Viu-se uma mulher que defende um estatuto virtuoso da mulher mas infelizmente antiquado nos tempos que correm. Viu-se uma mulher desfasada da realidade social e dura que muitas americanas sofrem. Se a ideia de nomear uma mulher como vice-presidente tem por objectivo agregar a simpatia das mulheres e dos homens que estiveram ao lado de Hillary Clinton, então trata-se de uma ideia totalmente errada e desastrosa: Palin é o oposto de Clinton. Joe Biden, o candidato a vice-presidente pelos Democratas, ficou bastante calado em termos mediáticos. Experiente em Relações Internacionais, poderá amparar Obama na área em que alegadamente é a sua fraqueza. Mais uma vez, o que parece pode não ser. No seu livro A Audácia da Esperança, Obama tem um capítulo muito elucidativo sobre a forma como vê o posicionamento dos Estados Unidos em relação ao mundo. Ao contrário de muitos políticos americanos de renome, Obama viajou e viveu em diversos continentes o que enriqueceu e o tornou mais cidadão do mundo. Será interessante ver quem nomeará para Secretário de Estado no âmbito das Relações Externas, substituindo a famosa Condolezza Rice.


Estas eleições são marcantes porque acontecem num momento crucial para todo o Ocidente. A possibilidade do colapso financeiro das grandes nações do mundo e a respectiva fragilidade política que daí advém dará ao futuro Presidente dos Estados Unidos um pesado fardo para carregar e uma missão hercúlea para, por um lado, redefinir os novos moldes da economia mundial e, por outro, reposicionar a América e o Ocidente no novo xadrez geopolítico que agora inclui os países emergentes cada vez mais poderosos e influentes neste mundo global.

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