Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, outubro 12, 2008

Crise global ou crise local?


A globalização começou no século XV. Portugal, graças ao período dos Descobrimentos, foi um dos pioneiros neste movimento que revolucionou o mundo e o tornou plano. Volvidos mais de 500 anos, o Ocidente sente que está a entrar em convulsão, perdendo vigor económico e influência mundial. O xadrez da geopolítica está a mudar para outros continentes, não por causa de guerras, mas simplesmente por causa da ganância do Homem Ocidental.


Aos olhos do cidadão comum, a crise económica que actualmente se vive é percebida de forma bizarra. No Ocidente, há mais de um ano que o preço do petróleo não estava tão baixo; na Europa, as taxas da euribor baixaram pela primeira vez ao fim de mais de um ano, aliviando os créditos das famílias. Ao invés dos receios que a crise poderia provocar, com a sua amplificação mediática, as pessoas são, inconscientemente, incentivadas ao consumo – mas não ao investimento -, o que acaba por estimular a economia. No resto do mundo, países outrora pobres como a China, a Índia e o Brasil encontram-se numa fase de total euforia económica com taxas de crescimento absolutamente recordes. A pobreza global diminuiu, apesar de se reconhecer que a pobreza também tomou novos contornos, nomeadamente no Ocidente. Por fim, os conflitos bélicos são de pouca intensidade com um número reduzido de baixas. Não deveríamos nos congratularmos com tamanho progresso da Humanidade? Infelizmente, não. O medo tornou-se uma constante, mas geograficamente localizado; o medo do colapso financeiro e económico bateu às portas do Ocidente.


Muitos advogam a morte do Capitalismo. Porém, a alternativa de que se fala não augura nada de bom. A nacionalização das economias é uma hipótese improvável, mas sobretudo indesejada. A economia de mercado prevalecerá, mas obrigada a sofrer, como é óbvio, alterações e redefinições nas regras do jogo. Transpondo a famosa máxima de Churchill que fez relativamente à Democracia: “o Capitalismo é o pior dos sistemas politico-financeiros, isto se exceptuamos todos os outros”. Só o tempo e os esforços conjuntos de várias nações é que permitirão perceber que tipos de modificações serão desencadeadas as economias de mercado. Entretanto, vêem-se grandes instituições bancárias serem nacionalizadas e os seus administradores ressarcidos com indemnizações indecentes e incompreensíveis. Na verdade, estes senhores, todos juntos, têm grande responsabilidade por esta situação. Contudo, há quem explique este fenómeno como sendo uma causa mais natural, teorizando acerca dos ciclos da História. Ora, vejamos.


Falou-se do século XV, data da inauguração da era globalizada que ainda vivemos. Antes deste período o Ocidente encontrava-se num dos períodos mais negros da sua longa História. A Idade Média foi mesmo a Idade das Trevas. Houve uma estagnação no progresso dos domínios científicos e culturais cujo resultado provém, em grande parte, de dois factores: o primeiro incide sobre a construção e delimitação das fronteiras das nações europeias, e o segundo decorre do fundamentalismo da Igreja Católica que tratou de censurar ou rejeitar todos os avanços científicos que tinham sido alcançados até então. Este fenómeno essencialmente europeu acabou por encobrir o que se passou noutros continentes. Na mesma altura, a China dominava a ciência naval e vivia de uma grande pujança económica. Podíamos falar também da florescência da Índia ou dos países do Médio Oriente, peritos em matemática e astronomia. Parafrasenado as palavras do jornalista Fareed Zakaria: “Enquanto a Europa se afundava nas profundezas da Idade Média, a Ásia e o Médio Oriente prosperavam, mantendo tradições animadas de erudição, invenções industriosas e um comércio activo.” Neste “jogo” do regresso ao passado, podemos recuar ainda mais no tempo e ir ao encontro das civilizações gregas e romanas com o seu predomínio mundial, e recuar assim sucessivamente. O ponto é que nenhuma civilização é única dona do progresso. Ciclicamente, os agentes do progresso da Humanidade vão variando, ora passando por momentos de desenvolvimento, ora por momentos de convulsões e crises.


Neste século temos uma vantagem relativamente às outras épocas. A informação e o nível de conhecimentos científicos de que dispomos podem impedir de cairmos nos mesmos erros do passado.

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