Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

A minha foto
Nome:
Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, junho 24, 2012

O GAT e o Paulo Noval não são independentistas


    Escrevo em jeito de resposta a um texto da autoria de Cristóvão de Aguiar, intitulado “Paulo Noval exige a sua carta de Alforria!”, por quem nutro muita admiração enquanto escritor açoriano, pois não tenho o privilégio de o conhecer pessoalmente.

    Entendo perfeitamente o tom rude, exaltado até, da crónica em reação à entrevista que dei ao Diário Insular datada de 14 de Junho. É verdade que o título dessa entrevista dá lugar às interpretações de Cristóvão de Aguiar, pois serviu para acicatar os mais sensíveis. Mas ainda bem que alguém reparou, porque poderei esclarecer melhor o que penso sobre o tema. E ainda bem que o DI pugna pelo pluralismo de opiniões.

    Antes de mais, não tenho raízes açorianas, aliás, nem sequer nasci em Portugal e vivi parte da minha vida no estrangeiro. Não deixaria de ser irónico eu defender a independência das Regiões Autónomas.

    Desde que Portugal está a ser alvo de assistência externa, algumas vozes da Madeira e dos Açores têm despertado o “fantasma” da independência, tema que se pensava morto e enterrado. Pelo menos, eu achava assim.

    Vozes como a do Presidente do Governo da Madeira recorreram a esse argumento para, de certa forma, desculpabilizar-se do desaire das finanças públicas a que votaram a Madeira. Por cá, o 6 de Junho foi reavivado pela FLA sempre com o argumento da angústia que a Região vive e do sufoco que supostamente a República induz no arquipélago.

    Não podemos ficar indiferentes a estes dois acontecimentos, nem devemos relativizar a sua importância. À partida, refutar esta “nova” vaga independentista, alimentada pelos atores de sempre, ou insultar os seus defensores parecem ser as opções mais lógicas e adequadas. Preferia uma abordagem mais cínica. 

Desta vez serei claro. Portugal não faz sentido sem as suas ilhas; nem isso, nem o seu contrário. Esta ideia é tão absurda e abjeta como dizer que “para cumprir Portugal, falta a independência dos Açores e da Madeira”. Não existe portugalidade sem açorianidade e vice-versa. Mas também não considero que a cultura açoriana seja superior à cultura minhota ou alentejana. São diferentes, complementam-se e, unidas, criam a portugalidade, a essência de todos nós (sei que Cristóvão de Aguiar é avesso a estas classificações, nomeadamente quando se trata de catalogar a literatura açoriana, mas poderá ficar para outro debate).

    Como liberal que sou, influenciado pela matriz ideológica anglo-saxónica e encarnada por Adam Smith ou John Stuart Mill, defendo que a individualidade das pessoas e dos povos, alicerçada na responsabilidade dos mesmos, devem imperar na decisão dos políticos dos regimes democráticos. Assim sendo, apesar de me opor a movimentos independentistas como a FLA, reconheço o seu direito a existir logo que o civismo nas intervenções e o respeito para com a lei sejam cumpridos. Até defendo que estes grupos possam constituir um partido político para legitimar a sua causa, tal como o partido Sortu do País Basco, cuja existência foi recentemente reconhecida pelo Tribunal Constitucional espanhol. E penso que todos os açorianos têm o direito de debater esta questão de forma aberta e plural.

Por isso, na entrevista, defendia, se bem que de forma provocatória e, pelos vistos, incompreendida, que quando a crise passar, deve-se dar voz ao povo açoriano e madeirense para se pronunciarem sobre a questão. É preciso arrumar de vez com esta “brincadeira” das independências. Sei que não vai acontecer, mas atrevo-me a propor tal disparate. 

Os Açores vivem um momento histórico. Toda a conjuntura económica e social aliada ao período eleitoral têm criado um dos momentos políticos mais marcantes na Região desde 1975. Existe um claro debate sobre o futuro dos Açores. Felizmente, já não se dá primazia à quantidade de obras que os políticos inauguram, já não se fazem concursos sobre quem mais lança “primeiras pedras” para futuras construções megalómanas.

A questão tornou-se simples, mas vital: Afinal, que tipo de relação queremos entre a República e a Região? Que tipo de autonomia pretendemos?

Por um lado, temos aqueles agarrados às obrigações que Lisboa deve ter para com a Região e cujas vociferações demagógicas minam a coesão nacional; por outro, temos os que acham que os Açores devem assumir uma maior responsabilidade quanto ao seu futuro. Esta última não significa independência: significa melhor autonomia. Não é aquela que consta do papel sob o nome de Estatuto, mas sim aquela que mexe com o dia-a-dia dos açorianos. É aquela autonomia que sente que uma dependência excessiva do exterior, seja económica ou social, compromete a liberdade dos açorianos.

Como se pode perceber, já escolhi o meu lado. Tenho sido um entusiasta apoiante da candidatura de Berta Cabral. Esta é a minha posição, não a do GAT.

Já agora, lamento que as orientações do GAT sejam consideradas bairristas. Na verdade, a nossa luta tem sido a de denunciar um centralismo perigoso que o poder político tem praticado a partir de São Miguel. Também tenho consciência de que nem toda a atividade do GAT é apoiada por todos os terceirenses. Mas esta terra que me é cara, famosa pela sua genuinidade cultural, tem uma das riquezas mais importantes que dá origem ao Humanismo intelectual: a liberdade de expressão.

6 Comentários:

Blogger Cristóvão de Aguiar disse...

Dr. Paulo Noval,

Congratulo-me com a serenidade e boa-educação que imprimiu à resposta ao meu artigo no DI de ontem, 23 de Junho. Não é muito normal que assim aconteça. O meu tom exaltado deve-se tão-só ao facto de não poder tolerar (e neste ponto, perdoe-se-me, não sou nada democrata, porquanto a democracia tem limites...)movimentos independentistas, quer se trate da FLA ou da FLAMA, que têm por trás interesses muito obscuros ou claros consoante o ponto de vista... Quando foi da explosão da FLA,em 1975, li muitos artigos de jornais americanos, cujos articulistas nem sequer tinham pejo de escrever que os EUA tinham obrigação de ajudar os Açores a tornarem-se independentes, uma vez que as Ilhas interessavam aos donos do mundo. E foi ao som dessa música celestial que os luso-americanos se deixaram ludibriar, abrindo os cordões à bolsa, para que a sua terra de origem se transformasse numa América, com tudo a pedir por boca... Não me lembra agora se tais simpatizantes queriam ou não mudar a língua, mas é de crer que não, pois há lusos que se encontram na terra de Deus e do dólar há anos esquecidos e nem sequer sabem arredondar uma frase com sentido em inglês... Na altura da fúria independentista, o pretexto era o papão do comunismo que vinha comer as criancinhas portuguesas, logo ao pequeno-almoço, sem sequer usarem um talher de prata... E agora, qual será o pretexto? A crise? O governo laranja do Continente que se pressupõe ser muito querido das classes possidentes e possidónias micaelenses? Até dá vontade de proclamar: independentizem-se e deixem o Continente em paz... Com os melhores cumprimentos,
Cristóvão de Aguiar

12:09 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

That's where the Aurawave and its ability as a TENS painfulness fill-in can assist the torso to handout lifelike" painkillers" called endorphins, which enhance the notion of health. You should not use a TENS pain in the neck backup man, and since and then, the food market, but the aurawave delivers. Mayhap this is partly responsible for the expensive whole, it's
a TΕNS pain sensatіon baсkuρ man, anԁ sincе and then, the foοԁ
market for it has continuеd to mature.
Here is my webpage ... www.playchat.ro

10:38 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

In accеssion to" confusing" the painful ѕensatiοn is what helps the retrіevаl work if the nuisancе signals in
frоnt they can mаκe the encephalon. Thаt's where the aurawave and its might as a TENS nuisance backup, and can be ill-used at your own discernment, whenever you motivation it for as tenacious as you need.

my web site; Daniel

1:10 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Thеy аre all tгopіcal proԁuctѕ аnd
are to be applied only foг extеrnаl
uѕe.

Fеel free to surf to my blog; visit Here

12:56 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

These contemporary fitness devices are worn around the waist,
positioned correct around the abs and then applying what is
known as electronic muscle stimulation.

My website ... The Flex belt

9:09 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Nail polish and has to be employed on the warts and
skin tags that are existing. Skin moles are also classified
as benign or cancerous.

Here is my web site ... dermatend does it really work

1:46 da manhã  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial